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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Até quando o futebol masculino será essa sucursal de Chernobyl?

Jakub Jankto em ação no jogo entre República Tcheca e País de Gales - James Williamson - AMA/Getty Images
Jakub Jankto em ação no jogo entre República Tcheca e País de Gales Imagem: James Williamson - AMA/Getty Images

11/07/2023 06h00

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Pesquisando mais sobre os assuntos do momento, me deparei mais uma vez com a homossexualidade sendo varrida para debaixo do tapete dentro do esporte, tratada como um tabu que não se deve mexer.

A notícia que li tratava de uma entrevista dada por Andrea Abodi, ministro do esporte da Itália, que, questionado sobre a volta de Jakub Jankto (jogador abertamente homossexual) ao futebol do país, disse que não "ama ostentações".

Bem, se agora declarar a sua própria orientação sexual entra no rol das "ostentações", a seleção feminina, com suas várias jogadoras abertamente lésbicas, é praticamente Dubai, não é?

A coisa parece ser mais complicada quando se trata do futebol masculino. Ainda existe essa aura do jogador "macho", "pegador", propalada por tantos sites esportivos e de fofoca. Mas existem vários homens gays que gostam de futebol e que se sentem acossados por essa aura ridícula, que parece saída de um reator de Chernobyl.

Pouco antes da Copa, o astro francês Mbappé já havia recebido xingamentos transfóbicos das torcidas por seu envolvimento (qualquer que fosse ele) com uma modelo trans, sobre o qual já escrevi aqui em Ecoa .

Ainda temos essa cultura de que o homem será "menos homem" se adotar certos comportamentos que desafiam a masculinidade frágil que envolve certos ambientes.

Enfim, acredito que o tal jogador deve falar para essa galera que não gosta de "ostentações" uma frase em bom italiano: "Me ne frego", o que poderia ser traduzido para "não me importo". Que continue jogando e não se importando com essa radiação toda da masculinidade frágil.