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Gasolina cara: como evitar combustível adulterado na busca por menor preço

Fiscal da ANP faz teste para aferir se combustível está dentro das especificações obrigatórias por lei; veja como identificar fraude - Divulgação
Fiscal da ANP faz teste para aferir se combustível está dentro das especificações obrigatórias por lei; veja como identificar fraude Imagem: Divulgação

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/11/2021 12h16

Com os sucessivos reajustes dos combustíveis, é natural buscar postos com preços mais baixos na hora de abastecer. Contudo, valores mais atraentes podem ser consequência de adulteração na gasolina, no etanol ou no diesel - prática criminosa capaz de causar graves danos no seu carro e exigir gastos elevados para repará-los.

Os sintomas de combustível batizado não costumam demorar a aparecer: após o abastecimento, o motor começa a falhar e perder potência, além de o consumo aumentar de uma hora para a outra.

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A adição de produtos como solvente, no caso da gasolina, é capaz de comprometer o funcionamento de itens como filtro e bomba de combustível, bem como velas, de acordo com o Centro Universitário FEI.

Atualmente, contudo, o método mais utilizado por fraudadores é acrescentar etanol ao derivado do petróleo, elevando o percentual padrão de 27% para a gasolina comum e reduzindo a autonomia.

No caso do etanol, a fraude mais comum é colocar água no derivado da cana-de-açúcar, o que também compromete o funcionamento ideal do motor.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) realiza fiscalizações de rotina e também com base em denúncias, podendo interditar ou até fechar postos irregulares.

"Adicionar solventes à gasolina e ao diesel é a prática mais danosa, pois determinados solventes atacam os materiais como injetores e bombas de combustível, e provocam depósitos nas válvulas", alerta o engenheiro Henrique Pereira.

Outra tática adotada por donos desonestos de postos é burlar a aferição volumétrica na bomba, por meio de um chip: ela informa um volume maior que o fornecido. O dispositivo eletrônico pode ser desativado a qualquer hora, justamente na tentativa de enganar os fiscais.

Bomba de combustível  - Geremias Orlandi/Futura Press/Folhapress - Geremias Orlandi/Futura Press/Folhapress
Postos são obrigados a informar a procedência do combustível e testar qualidade na frente do cliente
Imagem: Geremias Orlandi/Futura Press/Folhapress

No caso da volumetria, a fiscalização cabe ao Ipem (Instituto de Pesos e Medidas), órgão com gestão a cargo de cada Estado.

É difícil identificar alterações no combustível na hora do abastecimento, mas alguns cuidados minimizam os riscos.

O mais básico é abastecer sempre em posto conhecido. Além disso, não deixe de exigir a nota fiscal: o documento é a prova de que você abasteceu em determinado posto, caso constate problemas posteriormente.

Outro indício de adulteração é o preço: se for barato demais, desconfie e não abasteça.

Como evitar combustível batizado

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1 - Peça nota fiscal sempre. Ela é o documento que comprova a sua compra e o posto é obrigado a fornecê-la.

2 - Desconfie de promoções ou de preços iguais para variantes aditivadas. O posto é obrigado a exibir os preços dos combustíveis logo na entrada. O preço exibido no painel deve ser igual ao cobrado na bomba.

3 - Quando a gasolina, o etanol ou o diesel forem aditivados, o posto deve expor claramente esta informação na bomba.

4 - Fique de olho na empresa que fornece o combustível. Postos de bandeira branca (sem distribuidora exclusiva) devem informar em cada bomba qual distribuidora forneceu o produto. Número de CNPJ, razão social e endereço do posto também devem estar visíveis, nas bombas. Estas informações podem ajudar a localizar autores de irregularidades.

5 - Peça o teste de combustível sempre que quiser: os postos são obrigados a fazê-lo e devem manter os equipamentos de medição e certificação em dia. Conheça os testes disponíveis:

+ Proveta: mede a porcentagem de etanol anidro misturado à gasolina. O percentual deve ser de 27%.

+ Volume: sempre que for solicitado, o posto tem de realizar o teste na frente do consumidor, usando a medida padrão de 20 litros aferida e lacrada pelo Inmetro. Se o visor da bomba registrar quantidade diferente da que foi adicionada ao recipiente de teste, reclame e denuncie. A diferença máxima permitida é de 100 ml para mais e 60 ml para menos.

+ Teor alcoólico do etanol: o produto deve ter entre 92,5% e 95,4% (etanol premium deve ter entre 95,5% e 97,7%). O equipamento utilizado é o termodensímetro, que deve estar fixado nas bombas de etanol. Observe o nível indicado pela linha vermelha: precisa estar no centro do densímetro, não pode estar acima da linha do etanol. Observe também se o etanol está límpido, isento de impurezas e sem coloração alaranjada ou azul.

Como denunciar

Denuncie posto e distribuidora que vende combustível adulterado: encaminhe denúncias ao Centro de Relações com o Consumidor da ANP pelo telefone 0800-970-0267 ou pela página na internet do Fale Conosco da agência. Se tiver prejuízos, recorra ao Procon.

Postos que vendem de combustível adulterado são interditados pela ANP de forma preventiva. Também são autuados e respondem a um processo administrativo, durante o qual podem apresentar sua defesa. Após o julgamento definitivo do processo, caso seja confirmada a adulteração deliberada, o estabelecimento é enquadrado em ato infracional da Lei nº 9.847/99.

A partir desta punição, você pode pedir ressarcimento de prejuízos.

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