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Chinesa BYD quer ser pioneira com carro elétrico de R$ 230 mil no Brasil

Após entregar modelos à Prefeitura de São Paulo por consignação (foto), BYD quer finalmente entrar no mercado brasileiro - Charles Sholl/Raw Image
Após entregar modelos à Prefeitura de São Paulo por consignação (foto), BYD quer finalmente entrar no mercado brasileiro
Imagem: Charles Sholl/Raw Image

Alessandro Reis

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

11/09/2017 08h00

A BYD opera no Brasil desde 2015, mas é provável que você nunca tenha ouvido falar dela. É justamente para aumentar a visibilidade que a marca chinesa de elétricos adotou a estratégia de ceder veículos de testes para diversos órgãos governamentais -- o caso mais recente é o da Prefeitura de São Paulo, que recebeu dois carros (o sedã e5 e a minivan e6) e aguarda outros dois até o fim deste ano. Antes, dois ônibus elétricos já rodavam em testes na cidade. O próximo passo é vender carros.

Virada

Começando em outubro, o plano da BYD é ofertar carros de passeio para frotistas e também pessoas físicas. Perceba que o foco ainda está no termo "frotistas", porque o problema achar quem se disponha a pagar salgados R$ 230 mil por um sedã e5, que promete autonomia de 300 km e tem porte similar ao de um Toyota Corolla (4,68 m de comprimento, 1,76 m de largura, 2,66 de entre-eixos e 450 litros de porta-malas), embora mais forte: 217 cavalos, 31,6 kgfm de torque gerados pelo motor elétrico.

Adalberto Maluf, diretor de marketing, sustentabilidade e novos negócios da BYD do Brasil, justifica o preço pela alta carga tributária dos elétricos. São 25% de IPI (um 1.0 convencional paga 7%), 2% de PIS, 9,6% de Cofins e 18% de ICMS (há isenções parciais para este tributo na cidade de São Paulo e em outros locais como Rio de Janeiro e Fortaleza).

"Nossos planos de expansão vão depender de uma política governamental consistente de incentivos aos elétricos. Não tem sentido um carro que não emite poluentes recolher recolher IPI cheio", afirma o diretor da companhia.

É por isso que a minivan e6, também consignada à Prefeitura de São Paulo, não será comercializada. Esta passaria de R$ 280 mil, pelos cálculos de Maluf.

Para facilitar as vendas do e5, a marca vai oferecer percentuais "camaradas" de entrada, entre 10 e 15%, e financiamento por leasing de seis anos -- o cliente paga as parcelas mensais e, no fim, tem a opção de ficar com o carro ou entregá-lo como entrada na aquisição de um novo. Garantia será de oito anos. Lista de equipamentos inclui chave inteligente, freio de estacionamento eletrônico e direção com assistência eletro-hidráulica.

Outra questão é que, por enquanto, não há concessionárias. As vendas serão feitas de maneira direta ou por meio de representantes comerciais. Pós-venda será realizado em parceria com a seguradora Porto Seguro e com a fabricante de autopeças Bosch. "Em caso de necessidade, o veículo será encaminhado à nossa sede em Campinas", garante Maluf.

 

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Vem para ficar?

Embora já tenha ensaiado a chegada mais de uma vez, a BYD tem planos realmente ambiciosos e concretos agora. Já conta com fábrica de chassis de ônibus em Campinas (SP), com capacidade anual para produzir de 100 a 120 unidades que têm autonomia para rodar cerca de 300 km e gastam até 75% menos energia do que um ônibus convencional a combustão. Lá também opera uma linha de painéis solares.

No fim deste ano outro complexo será inaugurado, dessa vez em Manaus (AM), para gerar baterias elétricas para veículos, algo que empresas que vendem elétricos (caso da BMW) ou híbridos (BMW, Ford e Toyota) ainda não fazem. Segundo executivos da marca, além do pioneirismo, haverá capacidade para fornecer baterias a cerca de 4 mil comerciais leves, ônibus, caminhões, automóveis e até empilhadeiras. 

Previsão da empresa é concluir até 2019 investimentos de R$ 465 milhões nas unidades de produção no Brasil, com foco em ônibus elétricos. "A meta é dobrar ou triplicar nosso volume em cerca de dois anos", informa Maluf.