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Chile sonha em aproveitar lítio do Atacama para fabricar carros elétricos

Salares do Chile, como o do Deserto do Atacama, são atrações naturais da região e fontes de energia para o país - Eduardo Vessoni/UOL
Salares do Chile, como o do Deserto do Atacama, são atrações naturais da região e fontes de energia para o país
Imagem: Eduardo Vessoni/UOL

Laura Millan Lombrana

Colaboração de Eduardo Thomson e Philip Sanders

22/03/2018 17h14

Novo Governo chileno, que tomou posse há poucas semanas, acredita que empresas vão querer fabricar elétricos em seu espaço

O governo de Sebastián Piñera, investidor bilionário que se tornou político, tem grandes sonhos de fazer o Chile percorrer a cadeia de valor do lítio -- até chegar à fabricação de carros elétricos.

O governo anterior negociou expansões da produção de lítio e leiloou contratos para desenvolver produtos com valor agregado. Agora, o governo de Piñera, que tomou posse em 11 de março, planeja formar um grupo de trabalho para atrair mais investimentos estrangeiros mais adiante na cadeia de valor.

"Muito em breve haverá empresas interessadas na fabricação de carros elétricos no Chile", disse o ministro de Mineração do país, Baldo Prokurica, em uma entrevista na terça-feira (20).

O novo governo adotará uma abordagem pragmática para atrair investimentos por meio de incentivos, diferentemente do enfoque da Bolívia de obrigar os possíveis produtores de lítio a desenvolver também operações em etapas posteriores da cadeia de valor.

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Potencial

Embora o Chile esteja longe dos principais centros de demanda dos EUA, Europa e Ásia, o país possui as maiores reservas de lítio do mundo nas salinas do Deserto de Atacama, que também gera energia eólica e solar em abundância.

A infraestrutura usada pelas maiores empresas de cobre do mundo também faria parte da oferta do Chile aos fabricantes -- e o cobre é utilizado para fabricar veículos elétricos.

No início deste mês, a agência estatal de desenvolvimento, Corfo, escolheu algumas empresas, entre elas Samsung SDI e Posco, para investir um total de US$ 754 milhões (cerca de R$ 2,4 bilhões) para desenvolver produtos com valor agregado como cátodos de fosfato de ferro-lítio para baterias recarregáveis.

Por enquanto, o papel do Chile na revolução dos veículos elétricos está limitado a duas empresas -- a "Albemarle" e a "Soc. Química & Minera de Chile" -- que exportam matérias-primas. Uma terceira, a "Wealth  Minerals", assinou nesta semana um acordo para formar uma joint-venture com a estatal "Enami" para produzir e vender lítio.

Obstáculos

O desenvolvimento futuro do setor de mineração de lítio no Chile é dificultado por uma decisão do governo, de 1979, que classifica o mineral como "estratégico" -- porque à época se pensava que era um elemento fundamental dos processos nucleares.

O governo anterior elaborou novas regras que permitiriam leiloar direitos de mineração em uma tentativa de atrair novos players em meio à crescente demanda dos fabricantes de baterias, mas esse projeto nunca foi implementado.

"O novo governo não fará mudanças radicais, a menos que haja um amplo acordo político", disse Prokurica. "Neste assunto temos critérios amplos. Se algum desses marcos regulatórios ajudar no desenvolvimento e a subir na cadeia de valor, nós os retomaremos. Caso contrário, vamos deixá-los onde estão", completou o ministro.