Topo

Primeira Classe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Carros encalhados? Por que as picapes estão vendendo tanto no Brasil

Colunista do UOL

07/03/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um dos segmentos que mais cresceu desde o início da pandemia foi o de picapes. Tanto que, no ano passado, o veículo mais vendido do Brasil foi a Fiat Strada. Além disso, a Toro ficou com a sétima colocação em emplacamentos.

Na gama Toyota, o veículo mais vendido em 2021 foi a Hilux. A Chevrolet, com problemas de produção para a linha Onix, chegou a ver a S10 ser sua líder de emplacamentos no resultado mensal.

  • O UOL Carros agora está no TikTok! Acompanhe vídeos divertidos, lançamentos e curiosidades sobre o universo automotivo.

Outro dado interessante sobre as picapes em 2021 vem da RAM, que só tem modelos desse segmento. A marca norte-americana bateu recorde de vendas com veículos que ultrapassam a tabela de R$ 400 mil.

O que explica o sucesso de carros que ultrapassam os R$ 100 mil nas versões mais vendidas, caso da Strada? E, considerando médias como Hilux e S10, saem por pelo menos R$ 250 mil nas configurações mais procuradas? O fenômeno é ainda mais inusitado por causa do contexto: Brasil passa por uma crise econômica que tem fortes reflexos na indústria de automóveis.

A pandemia foi um golpe no poder aquisitivo do brasileiro, que já vinha em queda. Além disso, impulsionou o início de um período de constantes altas nos preços dos veículos. É fato que modelos mais caros sofreram menos o impacto da crise, e esse tema já foi analisado aqui mesmo, nesta coluna.

Carros do segmento de SUVs médios, que custam em torno de R$ 200 mil, ganharam participação. Jeep Compass e Toyota Corolla Cross foram destaques. A crise é mais sentida por pessoas que, antes, consumiam automóveis de categorias de entrada. Mas, no caso das picapes, esta não é a principal explicação.

O sucesso das picapes em 2021

De acordo com fontes ligadas a montadoras e especialistas de mercado, o aumento da participação de picapes está relacionado ao agronegócio. Enquanto o Brasil atravessa crise em diversos setores, o agro está em crescimento.

O aumento da demanda mundial por produtos e commodities agrícolas durante a pandemia impulsionou o setor. Além disso, houve também alta na demanda interna, e aumento dos preços dos produtos nos mercados nacional e internacional.

O dinheiro está entrando no agro. Tanto a expansão do negócio quanto a alta do poder aquisitivo de agricultores (de pequenos a grandes) acabou ampliando o consumo de picapes, seja para o trabalho ou para uso particular.

De olho nesse público, as marcas têm ferramentas para facilitar a compra. A maioria das picapes é oferecida com descontos que superam os 10% para produtores rurais. Tanto que a maior parte das vendas desses produtos é pela modalidade direta - Hilux e Ranger são raras exceções.

Além disso, durante a pandemia algumas empresas passaram a oferecer a possibilidade de comprar produtos pagando com a própria safra. Exemplo é a Stellantis, que reúne marcas como Fiat, Jeep, Ram, Peugeot e Citroën.

Em maio de 2021, a Stellantis lançou um programa que permite o pagamento de modelos da Fiat, Jeep e Ram com grãos provenientes da safra, a exemplo da soja, uma commodity internacional. Além das picapes Strada, Toro e Ram 1500 e 2500, também estão no programa o furgão Fiorino e os SUVs Renegade e Compass.

Quer ler mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito? Participe do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão, informação e troca de experiências entre os amantes de carros. Você também pode acompanhar a nossa cobertura no Instagram de UOL Carros.