Paula Gama

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Encalhou? Por que nova picape da Fiat vendeu apenas 230 unidades em 3 meses

A Fiat Titano, a nova picape média da montadora italiana, foi lançada em março passado.

Com projeto mais antigo, mas com preço mais baixo do que as concorrentes, a picape chegou com a missão de disputar clientes das versões de entrada de Toyota Hilux, Ford Ranger e Chevrolet S10. No entanto, a realidade das vendas tem sido frustrante. Desde seu lançamento, a Titano registrou apenas 233 unidades vendidas em quase três meses, sendo que no mês de abril contabilizou apenas 43 emplacamentos. Qual é a explicação?

De acordo com concessionários da marca, a procura pela Titano, importada do Uruguai, onde é montada com peças totalmente fabricadas na China, foi grande logo após o lançamento.

"A Titano despertou muita atenção inicialmente. Tivemos muitos clientes interessados e pedidos feitos, mas a falta de produtos disponíveis nas lojas está levando à perda de interesse", afirma um concessionário da Fiat. Muitos consumidores nem lembram mais que a caminhonete foi lançada, já que não a veem circulando nas ruas.

De acordo com a Stellatins, a chegada das unidades da Titano ao Brasil está sendo impactada pela greve no Ibama
De acordo com a Stellatins, a chegada das unidades da Titano ao Brasil está sendo impactada pela greve no Ibama Imagem: Divulgação

A Stellantis, grupo que controla a Fiat, informa que suas marcas estão enfrentando grandes dificuldades em relação aos respectivos estoques devido a um gargalo na importação causado pela greve dos servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Desde janeiro deste ano, os funcionários do instituto adotaram uma tática conhecida como "operação tartaruga" para protestar por melhorias salariais e condições de trabalho. O órgão é responsável pelo licenciamento ambiental obrigatório de todos os carros importados que chegam ao Brasil, e o prazo legal de 60 dias para a emissão das licenças ambientais está sendo utilizado integralmente — um processo que, antes da greve, levava cerca de dez dias para ser concluído.

Esta desaceleração tem impactado diretamente o tempo de importação de veículos, resultando, em março, em um acúmulo de mais de 40 mil unidades nos portos à espera da documentação necessária para serem comercializados. A Fiat Titano é uma das vítimas desse cenário.

A Stellantis acrescenta que suas marcas, "a exemplo de outras empresas do setor, têm sido fortemente impactadas pela paralisação do órgão responsável pela emissão das licenças ambientais exigidas pela legislação vigente".

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"Com isso, veículos importados seguem no aguardo da liberação da documentação necessária para serem comercializados no país. Identificamos, ainda, que muitos pedidos em carteira correm o risco de serem cancelados, já que não há uma previsão de data de entrega. A Stellantis acompanha diariamente o andamento do tema para minimizar ao máximo os impactos junto aos concessionários e consumidores", garantiu o grupo.

Outras montadoras afetadas pelo Ibama

A situação também afeta outras montadoras. A Nissan, que acaba de lançar o Versa SR, notou que os processos de liberação das importações estão mais longos e podem ter reflexo nas questões logísticas. Contudo, até o momento, isso não afetou seus lançamentos iminentes.

O Ibama não nega a existência da "operação tartaruga", mas reforça que não houve paralisação total. Em nota, o órgão afirma que está trabalhando para que haja um desfecho positivo.

Com um cenário tão desfavorável, a Fiat Titano enfrenta grandes desafios para conquistar seu espaço no mercado brasileiro. A baixa disponibilidade e o atraso nas entregas podem comprometer significativamente a competitividade da nova picape e levar à necessidade de novas ações de lançamento quando as unidades, de fato, chegarem ao país.

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