Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Remédio para dormir: o que funciona e o que você deve evitar

Veja remédios para dormir e o que tomar se tiver insônia - iStock
Veja remédios para dormir e o que tomar se tiver insônia Imagem: iStock

Carol Firmino

Colaboração para VivaBem

24/02/2023 04h00

Deitar-se e simplesmente pegar no sono logo em seguida é uma realidade distante para muita gente. Por isso, não é raro que decidam buscar um remédio para dormir - inclusive sem orientação profissional, o que é contraindicado.

Para te ajudar, VivaBem elencou os remédios que de fato funcionam para dormir - e quando usar cada tratamento indicado. Antes de ingerir, contudo, é necessário recomendação de um médico.

Quais os principais motivos para a dificuldade em dormir?

Antes de entender qual remédio tomar, é preciso diagnosticar o que gera o problema para pegar no sono. E aí existem variações que contam com tratamentos totalmente distintos:

  • Calor
  • Ansiedade por algo familiar ou do trabalho
  • Transtornos psiquiátricos, como depressão ou bipolaridade
  • Insônia crônica (quando persiste por mais de três meses)
  • Apneia obstrutiva do sono (quando há a interrupção da respiração por alguns segundos e o sono fica superficial)
  • Entre outros

Cada uma dessas condições gera um tratamento diferente - não adianta buscar um remédio para dormir se o problema real está em um transtorno psiquiátrico, por exemplo.

E a insônia, como é definida?

A insônia é definida como insatisfação em relação à qualidade ou quantidade de sono. Ela pode se manifestar na dificuldade em iniciar ou manter o sono e no despertar precoce.

A insônia é considerada crônica quando persiste por mais de três meses, durante três noites na semana, e é aguda se a sua duração for inferior a três meses. Nos dois cenários, ela tem repercussões importantes no dia a dia, com prejuízo nas atividades diárias simples, seja no trabalho, nos relacionamentos e nos estudos.

A insônia crônica não tratada pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, hipertensão arterial e depressão. Além disso, ela resulta em situações diurnas como fadiga, cansaço, irritabilidade, sonolência e alterações de memória e concentração.

Como tratar a insônia?

A principal recomendação é recorrer à terapia cognitiva-comportamental e combiná-la ao tratamento medicamentoso. Isso, no entanto, dependerá de vários fatores, entre eles o tipo de insônia - que pode ser inicial (quando há dificuldade em iniciar o sono), de manutenção (quando há dificuldade em manter o sono) e terminal ou despertar precoce (quando o indivíduo sempre acorda antes do horário habitual).

Outro fator importante ao tratar a insônia é a idade do paciente. Entre os idosos, por exemplo, é preciso ainda mais cautela com o uso de qualquer medicação.

Se houver associação da insônia com outras enfermidades, como depressão, ansiedade, doenças cardíacas e neurológicas, tudo isso deve ser levado em conta na escolha dos remédios. Por exemplo, se uma pessoa tem sintomas de transtorno de ansiedade generalizada e usa medicamentos da classe dos inibidores seletivos de serotonina (Escitalopran, Sertralina, Paroxetina e Fluoxetina), aos poucos, pode apresentar melhora de seu estado ansioso e, assim, dormir melhor.

Já quando o cenário é de sintomas depressivos, má alimentação e noites mal dormidas, um antidepressivo que tenha bons efeitos para dormir e se alimentar melhor pode contribuir, como a Mirtazapina.

Remédio para dormir: quais os mais indicados?

Cada fármaco tem sua ação específica na insônia e são divididos conforme esse mecanismo:

Agonistas

Seletivos do receptor gaba-A: atuam no receptor gaba, neurotransmissor inibitório que diminui a atividade no sistema nervoso central e induz o sono. Eles são indicados para tratamento da insônia inicial e de manutenção. Exemplos: Zolpidem, Zoplicona e Eszopliclona.

Agonistas do receptor melatonérgico

Atuam no receptor de melatonina e possuem uma "meia vida", por isso são indicados para o tratamento da insônia inicial. Exemplo: Agomelatina.

Antidepressivos sedativos

Apenas a Doxepina é aprovada para o tratamento da insônia, especialmente a de manutenção. Entretanto, quando a depressão está associada, antidepressivos como Mirtazapina e Trazodona são utilizados. O mesmo ocorre com alguns antipsicóticos sedativos utilizados no tratamento de insônia e doenças psiquiátricas.

Que remédios devem ser evitados para dormir?

Os benzodiazepínicos - que possuem propriedades anticonvulsivante, relaxante muscular e amnésica - disponíveis no Brasil (Clonazepam, Diazepam e Alprazolam) não costumam ser a primeira escolha para tratar a insônia, pois apresentam risco de dependência e sedação diurna. Em pessoas que possuem apneia, por exemplo, a qualidade do sono pode até mesmo piorar.

Os fitoterápicos podem ser uma alternativa para tratar a insônia?

As diretrizes nacionais e internacionais não fazem essa indicação por não reconhecerem evidências de sua eficácia. No entanto, é possível associar o uso de alguns suplementos e outras substâncias naturais ao tratamento principal, como melatonina, ervas de mulungu, kava-kava, camomila e lavanda.

O que pode piorar a insônia?

O consumo em excesso de alimentos ricos em histamina pode levar à agitação no cérebro e provocar uma inflamação crônica do organismo. Isso prejudicaria a atuação da melatonina na sintetização de serotonina, dificultando a chegada ao estado de sono.

Bebidas alcoólicas e especialmente as fermentadas, frutas secas, frutas cítricas como laranja e limão, abacate, espinafre, berinjela, embutidos e queijos envelhecidos são alguns exemplos. A lista, porém, é vasta, por isso a importância de contar com o acompanhamento de um profissional, que vai auxiliar no cumprimento de uma dieta saudável e rica em nutrientes, essencial para dormir melhor.

Fontes:

Diego Tinoco, psiquiatra pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e responsável técnico pela Clínica Prazer em Viver, de Belo Horizonte (MG)

Márcia Assis, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono

Patrícia Alves Soares Lara e Felipe França, nutricionistas especialistas em oxidologia e bioquímica celular e sócios-fundadores da Soloh Clínica de Nutrição