Topo

Comeu alho ou cebola e ficou com bafo? Veja como melhorar mau hálito

iStock
Imagem: iStock

Janaína Silva

Colaboração para o VivaBem

02/02/2023 04h00

Para muitos, comer alimentos muito condimentados é um verdadeiro dilema. Afinal, sempre existe o receio de que algo ingerido possa provocar um mau hálito duradouro.

Alho e cebola são os causadores mais comuns, mas não são os únicos. A lista inclui leite e derivados e, em especial, os vegetais ricos em enxofre, como repolho, couve-flor, brócolis, rabanete, azeitona e alcachofra. Em excesso, ovos e proteínas animais são também responsáveis pelo desconforto.

Muitas vezes, escovações e até mesmo chicletes não são suficientes para eliminar o mau cheiro de forma imediata. Contudo, há ingredientes que podem ajudar na tarefa, como maçã, cenoura, pepino, suco de limão, gengibre, hortelã e até chá de boldo.

"Comer pão integral, cereais secos, vegetais e frutas cruas ajuda a manter a boca mais limpa e sem odores desagradáveis, mas sempre realizando a higiene após consumi-los", ensina Mário Sergio Giorgi, cirurgião-dentista, coordenador e professor de pós-graduação da Facop-SP (Faculdade do Centro Oeste Paulista).

Quanto mais fibroso for o alimento, maior o atrito exercido e, consequentemente, o esforço mastigatório estimula a saliva. "Refeições com alto teor de fibras e elevada demanda de mastigação favorecem uma autolimpeza", explica Giorgi.

Ingerir água e evitar jejum prolongado também são estratégias para afastar o risco do mau odor, segundo Glaydes Maria Torres de Lima, gastroenterologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), ligado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

É culpa só do que se ingere?

A halitose não tem uma única causa; são mais de 60 fatores que podem provocar o efeito.

Aproximadamente 90% casos de mau hálito têm origem na boca e, diferente do que muitos imaginam, o estômago responde por menos de 2% dos casos. No processo de digestão, esses gases são eliminados pelos pulmões durante a respiração, mas é passageiro e em algumas horas desaparece. Glaydes Maria Torres de Lima, gastroenterologista

Mario Cappellette Jr, presidente da ABO-SP (Associação Brasileira de Odontologia do Estado de São Paulo) e professor afiliado do departamento de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço da Unifesp, elenca como possíveis causas:

  • má higiene bucal
  • problemas dentários e de gengiva
  • acúmulo de bactérias ao dormir
  • estresse
  • xerostomia (boa seca)
  • desidratação
  • infecções respiratórias
  • refluxo
  • halitose fisiológica da manhã

Se a reclamação for constante, é preciso investigar, começando pela salivação. Estresse e medicamentos afetam a produção de saliva e provocam a formação de saburra lingual —camada esbranquiçada formada na parte superior da língua.

"Quanto mais houver a secura de boca, maiores são a descamação das células e a produção de odores pelos microrganismos da saburra. Um indivíduo com salivação dentro dos padrões de normalidade não deve formar saburra, que é o principal agente de alteração do hálito", afirma Giorgi.

Doenças respiratórias e crônicas provocam odores desagradáveis

Sinusite, rinite, adenoides, broncopneumonia, amigdalite e faringite podem, também, estar associadas à halitose. "As secreções geradas por essas enfermidades, associadas às bactérias causadoras desses tipos de inflamações e infecções, favorecem o surgimento do mau cheiro", esclarece o presidente da ABO-SP.

Doenças sistêmicas, como diabetes, disfunções renais ou hepáticas e até prisão de ventre acentuada são aspectos que podem prejudicar o hálito.

As alterações de hálito não têm cura, mas existem tratamento e controle, com novos hábitos e seguindo recomendações específicas. Dependendo do fator que provoca a condição, o tratamento é multidisciplinar e a investigação pode envolver cirurgião dentista, clínico geral, gastroenterologista e otorrinolaringologista.

Se, após uma avaliação cuidadosa, nenhuma causa for identificada, deve-se considerar a possibilidade de transtornos que alteram a percepção do indivíduo e exigem acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. A gastroenterologista do HC-UFPE cita a pseudohalitose e a halitofobia.