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Minha filha de 2 anos sempre tem infecção urinária. Tem tratamento?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

23/08/2022 04h00

Crianças com infecção urinária recorrente precisam de uma investigação um pouco mais criteriosa do pediatra. Se a pequena já estiver em período de desfralde, começando a usar calcinha, o problema pode estar relacionado ao comportamento retentor, que é segurar a vontade de ir ao banheiro.

Quando a criança está aprendendo a controlar a micção, acaba prendendo muito o xixi. Essa urina parada por um tempo maior do que o necessário facilita que bactérias se proliferem, o que pode acarretar em infecção urinária.

Além disso, crianças constipadas, ou seja, que têm prisão de ventre, estão sujeitas a um maior risco de desenvolver o problema com mais frequência, pois isso propicia a proliferação de bactérias no intestino e na região perianal, facilitando a contaminação do trato urinário.

O excesso de fezes na ampola retal (parte final do reto em que as fezes ficam armazenadas antes de serem evacuadas) também pode comprimir a bexiga e o esforço repetido para evacuar também pode lesionar a musculatura do períneo (região entre o ânus e a vagina).

A criança pode ainda ter uma má formação do trato urinário que causa o retorno da urina para os rins ou uma obstrução da urina e isso favorece as infecções. Nesse caso, a avaliação do trato urinário vai precisar ser feita com mais cuidado, além de uma análise da necessidade ou não de uma cirurgia.

Uma consulta com o pediatra é sempre a melhor opção. O profissional da saúde deverá pedir uma coleta de urocultura, exame que identifica o microrganismo que está causando a infecção e aponta quais antibióticos conseguem matar aquela bactéria.

No caso de infecções por repetição, além de tentar descobrir a causa, vale seguir algumas dicas:

  • Em bebês, realize a troca da fralda assim que perceber que está com urina ou fezes;
  • Após o desfralde, treine a criança para a higiene correta. Por exemplo, meninas devem se limpar "da frente para trás", evitando trazer bactérias do ânus para a genitália;
  • Todas as crianças devem ser orientadas a não "segurar" a urina quando sentem vontade de fazer xixi. É no acúmulo de urina que as bactérias se multiplicam;
  • As crianças devem beber bastante líquido. Preferencialmente, água. Por isso, evite o excesso de líquidos com cafeína (refrigerantes a base de cola, mate, café e achocolatados). Uma criança em torno de 10 kg precisa tomar, pelo menos, 1 litro de líquidos durante o dia, enquanto que uma de 20 kg necessita algo em torno de 1,5 litro;
  • Mantenha uma alimentação equilibrada, com frutas, legumes e verduras, que melhoram o trânsito intestinal. Fezes ressecadas podem aumentar o risco de infecção urinária;
  • Cuidado com o uso de sabonetes antissépticos na região genital. Esses produtos não ajudam a evitar infecções e ainda retiram as bactérias protetoras do organismo, abrindo espaço para as bactérias que causam infecções.

Fontes: Atila Rondon, urologista pediátrico do Hospital Vitória, no Rio de Janeiro, e professor adjunto da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro); Fernanda Ghilardi Leão, urologista e coordenadora do Departamento de Cirurgia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo; Nelson Douglas Ejzenbaum, médico pediatra e neonatologista e membro da AAP (Academia Americana de Pediatria); Thais Medeiros Cruz, médica pediatra, especialista em nefrologia da MEJC-UFRN (Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte), vinculada à Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

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