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Vacina infantil contra a covid-19 é segura; veja mitos e verdades

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para VivaBem

29/07/2022 04h00

Depois das crianças de 5 a 11 anos iniciarem a imunização contra a covid-19, a expectativa agora é grande para que bebês a partir de seis meses e crianças menores, de até 4 anos, também possam receber as doses de proteção contra a doença.

No Brasil, por enquanto, apenas a CoronaVac foi autorizada (de forma emergencial) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a ser aplicada em crianças de três a cinco anos. Já nos Estados Unidos, os imunizantes da Pfizer e da Moderna já estão sendo aplicados nesse grupo desde junho, quando a FDA (Food and Drug Administration) deu o sinal verde e o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) recomendou a vacinação.

No entanto, muitos pais ainda se sentem inseguros e questionam se é realmente necessário aplicar a vacina em crianças tão pequenas.

Alguns números recentes, no entanto, mostram que vacinar esse grupo é fundamental para reduzir mortes nesta etapa da pandemia. Em dois anos, as mortes de crianças de até cinco anos por covid-19 foram mais que o triplo das causadas por outras 14 doenças em uma década.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, entre 2020 e 2021, 1.508 crianças morreram de covid-19. Já as mortes por doenças evitáveis —como coqueluche, sarampo, hepatite B e meningite meningocócica, entre outras, em um total de 44 —totalizaram 498 mortes entre 2012 e 2021.

A análise é do Observatório de Saúde na Infância - Observa Infância, da Fiocruz/Unifase, feito com dados obtidos do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade) do Ministério da Saúde.

Criança indígena recebe vacina contra gripe e faz teste de covid-19 em Manaus - Andre Coelho/Getty Images - Andre Coelho/Getty Images
Imagem: Andre Coelho/Getty Images

"É curioso que vemos os pais com todas as doses em dia não querendo proteger os filhos com as mesmas vacinas", afirma Renato Kfouri, pediatra e infectologista, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

De acordo com ele, um dos fatores que levam os pais a hesitarem na imunização dos filhos é a percepção de que a doença é menos grave ou tem um menor risco de complicações em crianças. "Mas os números mostram que milhares de mortes de crianças poderiam ser evitadas. Então, por que não?", questiona o médico.

Mas esse não é o único motivo que atrapalha a vacinação infantil contra a covid-19. Confira a seguir outros mitos e verdades envolvendo o assunto.

A vacina infantil contra a covid-19 é segura

Verdade. Para ser autorizada, as vacinas precisam apresentar estudos comprovando não apenas a segurança como também a eficácia do imunizante.

No caso das doses pediátricas, a questão envolvia descobrir qual era o esquema vacinal e a dosagem correta para que o sistema imunológico das crianças —que ainda é imaturo entre os seis meses e quatro anos e, portanto, apresenta uma resposta diferente em comparação aos mais velhos— apresentasse uma resposta satisfatória.

A pediatra Maria do Socorro Martins, da UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) e presidente da Sociedade Paraibana de Pediatria, explica que, no caso da Pfizer, a vacinação só foi autorizada nos EUA após a apresentação de estudos clínicos à FDA comprovando a eficácia do produto —que deve ser aplicado em esquema de três doses, sempre menores que as usadas nos adultos.

"O regime de três aplicações mostrou-se com eficácia de 80% contra a variante ômicron, a aprovação foi unânime pelos especialistas da agência americana", afirma a especialista.

A vacina contra a covid-19 pode interferir na fertilidade dos meninos

Mentira. Essa é uma das fake news que circulam e só aumenta a hesitação dos pais. Mas não há evidências científicas que mostrem que qualquer vacina, incluindo aí a da covid-19, pode causar problemas na fertilidade tanto de meninos como de meninas.

A covid-19 não causa problemas graves em crianças, então elas não precisam de vacina

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Imagem: iStock

Não é verdade. Como dito acima, o número de mortes de crianças entre seis meses e cinco anos foi muito maior do que qualquer outra doença comum na infância.

Além disso, a doença pode causar sequelas graves também em crianças, como sintomas de covid longa, síndrome inflamatória multissistêmica e até problemas no coração.

A vacina contra a covid-19 pode dar problemas no coração das crianças

Falso. Sabe-se hoje que as crianças infectadas pelo Sars-CoV-2 têm de 10 a 17 vezes mais risco de desenvolver uma miocardite (inflamação no miocárdio, um músculo do coração) do que as crianças vacinadas.

Os estudos mostram que o risco da inflamação ocorrer entre crianças de cinco a 12 anos que sejam imunizadas é de um caso entre um milhão de doses aplicadas —e, mesmo assim, com gravidade bem menor do que a complicação causada pelo vírus.

"Todas as vacinas são seguras e sua eficácia e benefícios são maiores que qualquer evento adverso que possa ocorrer", afirma Daniela Piotto, pediatra e médica do atendimento e vacinas do Grupo Fleury.

Ela lembra que, como qualquer vacina, a da covid-19 pode causar dor local, febre e mal-estar —mas, na grande maioria, nada que seja considerado grave. "É algo esperado e que será maior ou menor dependendo de como cada organismo reage", afirma.

Quando a vacina da Pfizer para crianças pequenas deve chegar ao Brasil?

Em comunicado a VivaBem, a Pfizer afirma que "a companhia está trabalhando para a submissão [da vacina] a outras agências regulatórias pelo mundo e busca fazer a submissão à Anvisa o mais prontamente possível".

A empresa declarou ainda que a vacina para crianças tanto de seis meses a quatro anos como para as de cinco a 11 anos continua sendo a primeira versão do imunizante.

"Pesquisas atuais e dados do mundo real demonstram que os reforços da vacina contra a covid-19 continuam a fornecer um alto nível de proteção contra doenças graves e hospitalizações com ômicron", finaliza.