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58% não sabem diferença entre remédios genéricos, similares e de referência

Pesquisa mostra que a confiança no farmacêutico é alta - Getty Images
Pesquisa mostra que a confiança no farmacêutico é alta Imagem: Getty Images

Do VivaBem*, em São Paulo

22/05/2021 15h20

No Brasil, a maioria das pessoas (58%) desconhece a diferença entre os medicamentos genéricos, similares e de referência, segundo pesquisa feita pelo Ibope e encomendada pela farmacêutica Merck. Ela foi realizada de 23 a 29 de setembro de 2020 e ouviu 2 mil internautas de várias regiões do país e maiores de 16 anos.

Um outro dado que chama atenção é que 69% das pessoas não têm conhecimento sobre as regras estipuladas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para substituição de medicamentos receitados pelos médicos na hora da compra na farmácia.

"A falta de conhecimento dos brasileiros sobre os diferentes tipos de medicamentos ressalta a importância do farmacêutico na orientação da compra. A regra da intercambialidade garante que o tratamento prescrito pelo médico chegue em segurança ao paciente e o profissional responsável da farmácia é o único que pode efetuar qualquer mudança aplicável", afirma Helton Estrela Ramos, endocrinologista e Diretor do Departamento de Tireoide da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

Indo por essa lógica, a pesquisa mostra que a confiança no farmacêutico é alta. Segundo o estudo, 64% sabem que apenas esse profissional pode determinar uma possível troca do medicamento. "É importante que as pessoas entendam o papel do farmacêutico e como esse profissional pode colaborar para garantir um tratamento mais eficiente e seguro", explica Edu Abreu, farmacêutico, professor de pós-graduação, mentor e consultor farmacêutico.

A intercambialidade de medicamentos, determinada pela Anvisa, estabelece regras para o farmacêutico substituir o remédio de referência pelo seu medicamento genérico correspondente ou similar e vice-versa. "Mesmo após mais de 20 anos da chegada dos genéricos, as pessoas ainda têm dúvidas sobre a substituição; por isso, é importante que o paciente respeite o receituário ou consulte o profissional farmacêutico, que é o único que pode orientar sobre qualquer mudança", complementa Edu.

Seguir a receita médica e confiar no farmacêutico, segundo Helton, é fundamental para o sucesso do tratamento. "Realizar uma troca deliberada do que está na receita ou não consultar o farmacêutico pode impactar na saúde do paciente e no resultado que ele busca com aquele medicamento", explica.

O preço baixo não é motivo para questionar a eficácia desses remédios. Os genéricos contêm o mesmo princípio ativo na mesma dose e forma farmacêutica que as versões com marca (originais). Também apresentam eficácia e segurança equivalentes —tudo comprovado cientificamente junto ao órgão regulador, a Anvisa.

Entenda a diferença entre os tipos de medicamentos

Referência: é o medicamento inovador que teve a primeira patente —para isso, a farmacêutica responsável investiu dinheiro para realizar estudos clínicos e mostrar a eficácia e segurança da droga, comprovada cientificamente junto ao órgão federal competente no qual é registrada. Por conta de todos os gastos, o medicamento costuma ser mais caros.

Genérico: é a cópia do medicamento referência e só pode ser criado após 20 anos, quando a patente do "original" expira. Para sua comercialização ser aprovada, um genérico precisa comprovar a eficácia e segurança em testes de bioequivalência e biodisponibilidade. Como não há investimentos para pesquisas e propaganda, custa menos.

Similares: tem a mesma composição do medicamento referência e do genérico e também precisa comprovar eficácia. A diferença é que, assim como o remédio original, ele leva o nome de uma marca e investe capital em propagandas para melhorar a popularidade do produto, além de aumentar a competitividade com o medicamento referência.

Os genéricos funcionam? Por que são tão mais baratos?

O preço baixo não é motivo para questionar a eficácia desses remédios. Os genéricos contêm o mesmo princípio ativo na mesma dose e forma farmacêutica que as versões com marca (originais). Também apresentam eficácia e segurança equivalentes —tudo comprovado cientificamente junto ao órgão regulador, a Anvisa.

Antes de 1999, os preços dos remédios subiam rapidamente e, embora já existissem marcas similares, não havia garantia de qualidade. A partir da necessidade de drogas mais acessíveis à população, foi criada a Lei dos Genéricos (9.787/1999), que prevê que as patentes dos remédios de marca durem apenas 20 anos.

Após esse período, de acordo com a regra, qualquer laboratório pode criar medicamentos com a mesma formulação, mas sem precisar investir dinheiro em pesquisas ou testes —o grande motivo dos genéricos serem tão mais baratos.

* Com informações de reportagem publicada em 17/05/2019.