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Larissa Cassiano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Reprodução assistida: o que você precisa saber sobre o assunto

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Imagem: iStock

Colunista de VivaBem

28/06/2023 04h00

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A reprodução assistida é um avanço significativo na área da medicina reprodutiva, proporcionando esperança e oportunidades para casais que enfrentam dificuldades na concepção. Além de ajudar casais heterossexuais, a reprodução assistida também desempenha um papel crucial em auxiliar casais homoafetivos a realizar o sonho de formar uma família.

Para casais homoafetivos, a reprodução assistida oferece diversas opções que podem ser adaptadas segundo as preferências e circunstâncias individuais.

Uma das técnicas mais comumente utilizadas é a inseminação intrauterina (IIU), em que o esperma de um doador é colocado diretamente no útero da mulher que deseja engravidar. Esse procedimento pode ser realizado com o uso de medicamentos que estimulam a ovulação, aumentando as chances de sucesso.

Outra técnica amplamente utilizada é a fertilização in vitro (FIV), na qual os óvulos da mulher são coletados e fertilizados em laboratório com o esperma do doador ou de um dos parceiros. Os embriões resultantes são então transferidos para o útero da mulher, para alcançar uma gravidez. A FIV também oferece a possibilidade de utilizar um útero de substituição, quando necessário.

Além dessas técnicas, a doação de óvulos ou esperma é uma opção viável para casais homoafetivos. Nesse caso, um doador anônimo pode fornecer os gametas necessários para a fertilização, permitindo que o casal tenha uma gestação compartilhada ou alternada entre as parceiras.

Um aspecto importante a ser mencionado quando se trata de reprodução assistida para casais homoafetivos é a opção do útero de substituição, também conhecido como barriga de aluguel. Essa técnica envolve o uso do útero de uma mulher (a "barriga de aluguel") para gestar o embrião do casal.

É uma opção valiosa para casais em que uma das parceiras não pode ou não deseja carregar a gestação. O útero de substituição proporciona uma oportunidade de envolvimento e participação direta de ambos os parceiros no processo reprodutivo, permitindo que a família homoafetiva seja formada de maneira compartilhada e íntima.

É importante ressaltar que a decisão de recorrer à reprodução assistida é pessoal e deve ser tomada com base em informações adequadas e apoio emocional.

É recomendado que os casais homoafetivos busquem clínicas especializadas em reprodução assistida, com profissionais experientes e sensíveis às suas necessidades específicas.

Conversei com um casal de mães que está vivendo essa experiência única e inspiradora, e elas compartilharam conosco suas emoções e aprendizados.

Resumindo um pouco de sua história, essas duas mamães, Paula e Carol, do @2maesporai, se conhecem há muitos anos e se reencontraram oito anos atrás. Após oficializar a união em julho de 2022, apenas um mês após o casamento, iniciaram o processo de fertilização assistida.

Para alegria delas, a gestação ocorreu na primeira tentativa, e agora estão com 22 semanas esperando uma linda menina chamada Maria Luiza.

Ao refletirem sobre suas experiências, elas deixaram algumas dicas e mensagens para casais que estão pensando em iniciar a jornada da fertilização assistida.

"Acreditem que vale a pena, mas é importante estar preparado. O processo pode ser doloroso, tanto física quanto emocionalmente, além de envolver um investimento financeiro. Nem todas as pessoas têm acesso a essa opção, infelizmente. Portanto, é fundamental que o casal esteja bem alinhado, preparado para os desafios ao longo do caminho e tenha uma rede de apoio sólida."

Para quem está pensando em partir para esse processo, conversei com Eliana Morita, médica especialista em reprodução humana e diretora do CITI Hinode, e ela destaca alguns pontos essenciais quando se trata do atendimento a casais homoafetivos:

a. Inclusão e respeito: É fundamental que a clínica seja inclusiva e respeitosa em relação à diversidade sexual e de gênero, proporcionando um ambiente acolhedor, seguro e livre de preconceitos.

b. Experiência com a comunidade LGBTQIA+: Uma clínica que possua experiência específica no atendimento a casais homoafetivos será capaz de oferecer um suporte adequado, compreender suas necessidades específicas e fornecer orientações apropriadas.

c. Opções de tratamento adaptadas: A clínica deve disponibilizar uma variedade de opções de tratamento adequadas para casais homoafetivos, incluindo inseminação artificial, fertilização in vitro e útero de substituição, levando em consideração as necessidades individuais de cada casal.

d. Orientação legal e ética: É importante que a clínica possa fornecer uma orientação adequada sobre questões legais e éticas relacionadas à reprodução assistida para casais homoafetivos, como direitos parentais e doadores de gametas.

e. Suporte psicológico: Passar pelo processo de reprodução assistida pode ser emocionalmente desafiador. Portanto, é essencial que a clínica ofereça suporte psicológico especializado para auxiliar os casais a lidarem com as emoções e o estresse associados ao tratamento.

Neste Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ e Mês Mundial da Conscientização da Infertilidade, espero que possamos celebrar o amor, a coragem e a determinação dessas famílias, sejam elas heterossexuais ou homoafetivas. Que suas histórias inspirem e tragam esperança para todos os que desejam trilhar o caminho da parentalidade através da fertilização assistida.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br e veja mais no meu Instagram @dralarissacassiano.

Referências:

American Society for Reproductive Medicine. (2020). LGBT Family Building: A Guide for Patients. Retrieved from https://www.reproductivefacts.org/globalassets/rf/news-and-publications/bookletsfact-sheets/english-fact-sheets-and-info-booklets/booklet_lgbt_family_building.pdf

Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. (2018). Reproduction by Assisted Reproductive Technology: An Educational Booklet for Patients. Retrieved from https://www.reproductivefacts.org/globalassets/rf/news-and-publications/bookletsfact-sheets/english-fact-sheets-and-info-booklets/booklet_reproduction_assisted_technology.pdf

Human Fertilisation and Embryology Authority. (2020). Guide to Infertility: Assisted Conception. Retrieved from https://www.hfea.gov.uk/media/2791/guide-to-infertility-assisted-conception-june-2020.pdf

American Society for Reproductive Medicine. (2017). Gestational Surrogacy: A Guide for Patients. Retrieved from https://www.reproductivefacts.org/globalassets/rf/news-and-publications/bookletsfact-sheets/english-fact-sheets-and-info-booklets/gestational_surrogacy.pdf