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Edmo Atique Gabriel

Frequência cardíaca depende de vários fatores e apresenta alta variação

Getty Images/iStockphoto/bernie_photo
Imagem: Getty Images/iStockphoto/bernie_photo

Colunista do UOL

17/10/2020 04h00

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Vivemos por décadas lutando arduamente em busca de sonhos, metas e ideais. O ciclo da vida, desde o nascimento até a morte, segue um curso desenfreadamente rápido, sem que as pessoas ao menos percebam que, de forma ininterrupta, nosso coração bate sem parar. Durante o dia ou ao longo da madrugada, trabalhando, estudando ou descansando, o coração bate incessantemente.

Nossos batimentos cardíacos são resultado do funcionamento adequado de uma verdadeira estação elétrica que existe no coração. Além das fibras musculares que promovem a força contrátil do coração, fibras elétricas extremamente especializadas conduzem os impulsos de um segmento a outro, de uma célula para outra, regendo esta orquestra de 60 a 80 batimentos por minuto.

Somente lembramos dos batimentos cardíacos quando sentimos o coração acelerar ou desacelerar ou, principalmente, quando a frequência cardíaca torna-se desorganizada, como nos casos de arritmias cardíacas.

Pode-se afirmar que a frequência cardíaca de uma pessoa apresenta variabilidade ao longo de um mesmo dia, em virtude de diversos fatores como genética, alimentação e estados de ansiedade.

Mais do que compreender que nosso coração bate de forma extremamente variável, seria assimilar como ajustar esta frequência cardíaca, seja quando é necessário aumentar os batimentos para melhorar o desempenho físico e intelectual, seja quando é preciso reduzir os batimentos para atenuar sintomas desconfortáveis como desconforto torácico e falta de ar.

A frequência cardíaca pode ser uma aliada ou uma inimiga do bem-estar cardiovascular e algumas situações do cotidiano atestam isto. Quando decidimos subir as escadas correndo, chegamos ao local desejado com a sensação de que o coração vai ser expelido pela boca. Nesta circunstância, ficamos ofegantes, com dificuldade para falar e precisamos descansar para recuperar as energias.

Quando subimos uma ladeira caminhando, muito provável que, na metade do trajeto, tenhamos que parar para respirar e reequilibrar as forças, uma vez que a frequência cardíaca está muito elevada.

O sobrepeso, a obesidade e o sedentarismo impedem que uma pessoa adquira condicionamento minimamente satisfatório para executar esforços físicos sem que a frequência cardíaca dispare e limite a respiração e o vigor.

Dessa forma, um dos propósitos de se buscar redução de peso corpóreo é melhorar e otimizar a capacidade cardíaca de tolerar os esforços, sem necessidade de uma elevação tão significativa dos batimentos cardíacos. Atletas de algumas modalidades como futebol, por exemplo, adquirirem progressivamente um condicionamento tão bom que os batimentos cardíacos não sobem tanto ou até mesmo diminuem, durante momentos de intenso esforço.

Atividades físicas na água, como no caso da hidroginástica e circuitos baseados na imersão, podem ser muito úteis para promover normalização ou redução da frequência cardíaca. Muitos estudos demonstram que as temperaturas mais amenas da água, o poder de amortecimento da água e a influência da profundidade podem ser determinantes em acalmar os batimentos cardíacos, sem causar tanto desconforto. Assim, terapias físicas na água são estratégias interessantes para pessoas com propensão para taquicardia.

A insônia tem sido um problema epidêmico e cada vez mais impactante na saúde cardiovascular. Os níveis de estresse emocional provocam descargas hormonais na circulação sanguínea, liberando adrenalina em quantidades consideravelmente acentuadas. Não há como dormir de forma reparadora e tranquila, estando os níveis de adrenalina elevados, simulando o que acontece em situações de susto, trauma e medo.

Níveis exacerbados de adrenalina coexistem com frequência cardíaca elevada ou episódios de arritmia cardíaca. Para prevenir estas descargas de adrenalina, os hábitos alimentares noturnos devem ser revistos, como, por exemplo, reduzir o consumo de alimentos condimentados e bebidas ricas em cafeína e outros estimulantes.

Terapias não medicamentosas utilizando música, meditação, hipnose e atividades motoras podem funcionar como calmantes naturais para regular a frequência cardíaca e a qualidade do sono. Nas situações mais extremas, buscar o auxílio médico para melhor seleção de uma medicação ansiolítica pode ser decisivo no controle adequado dos batimentos cardíacos.

Os hormônios tireoidianos participam ativamente na regulação dos batimentos cardíacos. Para se ter uma ideia, quando estes hormônios estão baixos, pode ocorrer queda dos batimentos cardíacos por tempo indeterminado, associada a sintomas como cansaço, tontura, turvação visual e sudorese fria. Para ajustar a frequência cardíaca, a conduta torna-se muito objetiva —reposição hormonal.

Quando os hormônios tireoidianos estão altos, pode ocorrer elevação dos batimentos e arritmias e, nestas circunstâncias, o controle da frequência cardíaca dependerá dos medicamentos que inibam esta hiperprodução hormonal.

Sentir dor é certamente uma das piores manifestações que uma pessoa pode ter. Dor de dente, dor no joelho, dor de cabeça, dor abdominal e dor no peito, em todas estas situações nossa frequência cardíaca tende a subir nas primeiras horas causando desconforto respiratório e esgotamento mental.

Quando estas dores tornam-se crônicas, o corpo pode sucumbir e não conseguir manter a frequência cardíaca elevada. A partir daí, sentir dor e conviver com frequência cardíaca baixa passam a predominar, limitando a rotina e causando muitos incômodos na vida diária. O tratamento precoce e contundente da dor, seja qual for a origem, utilizando recursos medicamentosos ou não medicamentosos, é uma estratégia essencial para manutenção de uma frequência cardíaca equilibrada.

O ritmo de batimentos do coração é algo alucinante, visto que depende de muitos fatores e apresenta variabilidade considerável. As pessoas precisam compreender não somente o que pode aumentar e reduzir a frequência cardíaca, mas também saber usar estes conceitos para ajustar sua própria frequência em meio as atividades do cotidiano. Buscar a orientação médica em determinadas situações também é fundamental, evitando a perpetuação de sintomas limitantes.

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