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Edmo Atique Gabriel

Está em home office? Lembre-se de não descuidar da sua saúde cardiovascular

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

05/04/2020 04h00

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A pandemia do coronavírus tem motivado a descoberta e a consolidação de muitas ferramentas tecnológicas, necessárias à manutenção mínima de serviços e atividades.

O trabalho segundo o modelo home office tornou-se o horizonte mais profícuo das empresas, visando encurtar as distâncias e promover integração imediata entre pessoas.

No entanto, este modelo de trabalho ostenta uma importante questão sobre a saúde cardiovascular. Os hábitos de vida, por exemplo, costumam ser dicotômicos quando analisamos o ambiente home (casa) e o ambiente office (local de trabalho).

Em casa, evitamos fumar perto dos familiares e não comemos tantos alimentos inapropriados. No trabalho ou fora de casa, fumamos sem restrição, fazemos nossas refeições sem adequada pausa e com pouco ou nenhum controle de qualidade dos alimentos.

O equilíbrio emocional e o estresse são praticamente impossíveis de coexistir nos dois ambientes. Isto porque, quando estamos no trabalho, ficamos nervosos facilmente, temos desgaste mental, podendo inclusive envelhecer mais rápido.

Qual a solução?

Voltar para casa seria a reposta imediata! Em casa, relaxaremos, ouviremos música, assistiremos filmes e seriados e sorriremos. Um estigma se constitui: em casa sorrimos, no trabalho nos desgastamos.

Na medicina cardiovascular, categorizar algo de forma absoluta pode ser temerário, já que o dinamismo dos eventos pode modificar padrões pré-estabelecidos. Por outro lado, algumas máximas dificilmente serão demolidas —uma delas preconiza a prática regular dos exercícios físicos para a plenitude cardiovascular.

Mais um ponto de controvérsia vem à baila: atividade física pode ser feita em casa ou academias ou na rua; no trabalho, ficamos sentados ou de pé o dia todo e nossa atividade é predominantemente intelectual ou burocrática e minimamente física.

Precisamos combater a obesidade, uma síndrome que causa ou agrava comorbidades como a hipertensão arterial e o diabetes. A obesidade também está intrinsecamente relacionada ao elevado risco cardiovascular e maior incidência de câncer.

Posto isto e pela lógica das afirmações anteriores, tornam-se mais propensos a obesidade aqueles que ficam mais tempo no trabalho?

Caso recorramos a física moderna, poderíamos até encontrar anteparo em uma das teorias de Albert Einstein acerca da relatividade das coisas. Diante de tantas questões controversas, relativas e até dúbias, aflora uma dúvida crucial: como encontrar o meio termo para a saúde cardiovascular num ambiente home office?

Esta dúvida fundamenta-se no fato de que a tendência das pessoas é querer fazer no home aquilo que antes faziam mais ostensivamente no office.

Vejamos: as pessoas podem querer fumar mais em casa, ficar mais sentadas ou de pé em casa e até comer alimentos que usualmente não fariam parte da dieta convencional. A consequência direta de tudo isto é exatamente o contrário do esperado: sedentarismo, obesidade, risco de descontrole do diabetes e da hipertensão arterial.

E o que fazer então?

Precisamos em casa devido a pandemia do coronavírus. Também precisamos e devemos cuidar de nossa saúde cardiovascular. Assim, de alguma forma, com orientação médica, devemos criar um modus operandi novo em casa, com foco específico para nossa saúde cardiovascular.

Temos de ter um senso crítico e entender que, para uma adequada saúde cardiovascular, estando em casa por tempo mais prolongado, não podemos permanecer sedentários, comer alimentos inapropriados, manter os vícios do trabalho— estresse excessivo e tabagismo—, e descuidar dos medicamentos para hipertensão e diabetes.

Estamos vivendo uma fase de nossas vidas nunca antes vivida, estamos adotando um modelo de trabalho em casa nunca antes tão essencial. A saúde cardiovascular continua exigindo normas e condutas, mesmo no modelo home office.

Caberá a nós a missão de criar um novo estilo de vida saudável, um novo paradigma de práticas que garanta a qualidade de nossa longevidade cardiovascular.