Revista revela casos de assédio sexual em conservatórios musicais da França
A revista francesa L’Obs traz esta semana uma longa reportagem sobre casos de assédio e agressão sexual nos conservatórios musicais da França.
A reportagem começa com a história de uma flautista que passou a ser assediada por seu professor aos 16 anos, quando integrou a Escola Normal de Música de Paris (ENM), uma das instituições mais prestigiosas do país.
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Temendo as represálias do mestre, que ameaçava impedir sua entrada no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança da capital, onde ele também lecionava, a jovem foi abusada sexualmente, após as aulas, durante um ano.
Depois de quase dois anos de manipulação psicológica e agressões sexuais, ela teve coragem de denunciar o crime. Mas a justiça considerou que, nesse caso, não houve ameaça ou violência e o professor foi condenado a apenas quatro meses de prisão, cumpridos em liberdade.
Traumatizada, a flautista abandonou a música e, em 2017, contou sua história nas redes sociais, desencadeando uma série de comentários de outras musicistas que se reconheceram no relato da jovem e algumas até identificaram o professor.
As ex-alunas afirmam que a instituição tinha conhecimento dos atos do funcionário e acusam a escola de negligência. “Eles são totalmente responsáveis”, declara outra vítima, que não cedeu à chantagem do mestre e denunciou o assédio. “Outros professores também sabiam”, afirma a jovem.
Tapinhas nas nádegas para marcar o ritmo
O texto da L’Obs traz diversas histórias do gênero, registradas em várias instituições francesas e afirma que, das 30 musicistas ouvidas pela reportagem, todas tinham algum episódio similar para contar.
“Há desde os professores que aproveitam de supostos exercícios de respiração para acariciar o seio das alunas até mestres que marcam o ritmo da música dando tapinhas nas nádegas das estudantes”, enumera a revista. "Há casos de professores que são muito bons. Mas para passar nos concursos com a ajuda deles, é preciso ir para debaixo do piano", relatam, com ironia, alguns ex-alunos.
L’Obs explica que, apesar de escândalos recentes envolvendo vários maestros, acusados de assédio e agressão sexual, como James Levine, Charles Dutoit e Daniele Gatti, as punições são raras. “As dezenas de condenações de professores de música diante de tribunais franceses dificilmente vão além das páginas policiais da imprensa regional”, explica a revista.
A reportagem enfatiza também a falta de punição severa quando esses abusos são revelados. Como o caso de quatro jovens que entraram com um processo conjunto contra o diretor de uma escola de música na região da Alsácia, no leste do país.
Ele foi acusado de ameaça-las, tentando força-las a ter relações sexuais durante um ano, conta a revista. Em 2017 o homem foi condenado a quatro anos de prisão, três deles cumpridos em liberdade, e proibido de lecionar para menores durante três anos. No entanto, constata o texto, esse mesmo diretor continua trabalhando em duas orquestras nas quais há músicos menores de idade.
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