'Passei tão mal que me sentia arrependida, mas engravidar foi ótimo'

"Minha gravidez foi planejada e queríamos muito ter um filho. É nosso primeiro e único até agora. Quando vejo o sorriso dele e olho para trás, nem dá para acreditar que tive uma gestação tão difícil, aos 33 anos. A gente esquece tudo mesmo. Hoje, Rael tem 4 anos.

Tive enjoos contínuos até os sete meses. Eu vomitava de três a cinco vezes por dia — e fazia tanta força que ficava fraca, com o rosto manchado por petéquias, que são pontinhos vermelhos de vasinhos que estouram na face pelo esforço. Tomava quatro comprimidos para enjoo por dia e vomitava todos. Me sentia doente. O enjoo nunca passava.

Na época, trabalhava como assistente comercial, um trabalho presencial em uma empresa de tecnologia da informação. Eu me sentia tão mal que chegava a faltar no trabalho. Não tinha ânimo nem forças para ir. Ficava extremamente irritada com tudo e estava sempre muito enjoada. Isso começou a prejudicar o meu trabalho e meus chefes pediam que eu fosse do jeito que estivesse. Era muito difícil, mas eu ia.

Entre a 13ª e 15ª semana, foi o ápice dos meus enjoos. Nesse período, eu estava de licença médica, porque tive um sangramento devido a um descolamento de placenta. Tive muito medo de perder o bebê. Depois de uns dias, o enjoo tomou conta. Eu tinha uma sensação de arrependimento e hoje até me sinto mal por ter sentido isso. Durante todo o período em que estava passando mal, me sentia péssima.

Eu queria muito ser mãe. Desde pequena, sempre quis. Então, quando eu não estava passando mal, me lembrava do quanto quis estar grávida e dar vida ao meu filho.

Como vomitar intensamente foi rotina até completar sete meses, só depois comecei a ganhar algum peso. Até então, só perdia. Eu só conseguia amenizar o enjoo com remédios, mas por volta da 30ª semana, uma médica que me atendeu na emergência me deu uma dica de tomar água com gás e limão. Isso me salvou! O vômito diminuía bastante, mas nunca zerou. Ficou menos intenso até o dia em que Rael nasceu.

Na reta final, fiquei mais tranquila. Já sentia alguma ansiedade para ver logo tudo arrumado e esperar o nascimento. Comecei a sentir medo do parto, da amamentação, dos dias seguintes.

O parto foi com 37 semanas. Fui fazer uma ultrassonografia e estava quase sem líquido amniótico: as médicas avaliaram e acharam melhor fazer a cesárea naquele dia, pois tinha risco de o bebê entrar em sofrimento fetal.

Hoje vejo que não fazia sentido aquela sensação de não querer estar grávida, porque foi a melhor coisa que já fiz na minha vida. Faria tudo novamente, passaria por tudo para tê-lo comigo.

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Tudo o que passamos durante a gestação vale a pena. Parto não é fácil, amamentar e o puerpério também não. Mas depois realmente nos esquecemos das dificuldades, porque o sorriso deles paga qualquer esforço."

Jeane Emile, 37 anos, assistente comercial, mãe de Rael, 4 anos

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