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Revelação da MPB aos 21, Agnes Nunes ouve Marília Mendonça 'para sofrer'

de Universa, em São Paulo

10/07/2023 04h05

A cantora Agnes Nunes já foi apontada por diferentes críticos de música como uma das melhores novidades da música brasileira. Elogiada por Caetano Veloso e Chico César —que a comparou à americana Billie Holliday—, ela estourou primeiro na internet, aos 17, e hoje, aos 21, transita entre os grandes da indústria: tem parcerias com Tiago Iorc, Xamã e Ivete Sangalo, participou do programa "SóTocaTop", da Rede Globo, e acumula shows em festivais. Um dos mais recentes foi o Back2Black, ocorrido no final de maio no Rio de Janeiro, onde dividiu o palco com grandes artistas negros do Brasil.

Nascida na Bahia e criada na Paraíba, Agnes Nunes ouve de cantores nascidos em pequenas cidades o quanto os inspira a tentar seguir carreira artística. "Me sinto honrada em mostrar que é possível sair de uma cidadezinha do interior do Nordeste com a força da música", diz. A Universa, ela revelou, ainda, que não dispensa um bom sofrimento ao som de Marília Mendonça.

Universa: Como despertou para a música?
Agnes Nunes:
Costumo falar que foi quando eu estava na barriga da minha mãe. A música sempre esteve presente em minha vida. Comecei a cantar em 2019, aos 17 anos. Gravava vídeos de forma inocente e publicava nas redes sociais, não sabia a proporção que iria tomar. Mas fico feliz e agradecida por tantas pessoas se identificarem comigo. Estou levando o nome do Nordeste mundo afora.

De onde tira inspiração para as letras que compõe?
Muito da minha inspiração vem das histórias de outras pessoas. Nem tudo que escrevo é sobre mim. Acho que minha inspiração vem da vida. Diria que eu vivo tudo um pouco mais intensamente para conseguir escrever.

Você é uma mulher preta, nordestina e que tem orgulho do sotaque. Já viveu cenas de xenofobia e racismo por isso?
Muito, principalmente quando eu era criança. Mas isso me fortaleceu. O racismo e o machismo estão todos os dias na sua cara. Recebo mensagens positivas sempre, mas já recebi também uma proposta para juntar meus dentes. E amo meu diastema.

Agnes Nunes  - Pati Guimarães/Reprodução Instagram  - Pati Guimarães/Reprodução Instagram
Agnes Nunes
Imagem: Pati Guimarães/Reprodução Instagram

Você recebe mensagens de fãs dizendo que é uma inspiração para seguirem carreira artística?
Sim, e me sinto honrada de mostrar que é possível sair de uma cidadezinha do interior do Nordeste com a força da música. Mas também sempre tento passar a mensagem de que é importante dar valor ao estudo. Terminei os meus para seguir a minha carreira de artista.

Você já gravou com Xamã, Ivete Sangalo, Tiago Iorc, apareceu em programas da Globo, fez turnê internacional. Imaginou que essa seria sua realidade?
Nunca. Em 2019, quando entrei para a minha gravadora, decidi que era daquilo que eu queria viver. Nunca imaginei que me realizaria na música e que ela seria a base da minha vida.

Sua família apoiou sua carreira desde o início?
Muito. No começo minha mãe ficou receosa, o que é o normal de toda mãe. Saí de casa aos 17 para ir atrás dos meus sonhos, mas ela sempre me apoiou e me aconselhou. Por mais que existisse o receio, mainha e minha avó sempre me apoiaram.

A música brasileira precisa de mais pluralidade no topo das paradas?
Para mim, o topo das paradas está cada vez mais aberto. É importante abrir alas para novos artistas e estilos. Gosto muito de música brasileira, acho muito rica e sou orgulhosa de fazer parte dela. A Mari [Antunes, vocalista do Babado Novo] é muito boa e de Salvador. Tem o Seu Pereira e Coletivo 401, que também são do Nordeste. O que devemos fazer é abrir espaço e os ouvidos para novidades para além das maravilhas que já conhecemos. Sou uma pessoa que particularmente gosta de sertanejo, adoro sofrer ouvindo Marília Mendonça.

Qual sua grande referência musical no Brasil?
No topo da lista estão Elza Soares, Gal Costa, Marisa Monte, Vanessa da Mata, Sandra de Sá e por aí vai. Participei de uma live de clássicos do samba com a Elza e com Seu Jorge da qual nunca vou me esquecer. Também tive a oportunidade de conhecer a Preta Gil, a Sandra de Sá, a Margareth Menezes. Muitas artistas maravilhosas e artistas também, como o Caetano Veloso. Não consigo negar quando sou fã de alguém, falo mesmo. Sempre dá um friozinho na barriga antes de conhecer algum artista que você admira.