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'Entrei em transe': testamos a terapia de som que promete reduzir estresse

A repórter Rafaela Polo testou uma sessão de sound healing  - Rafaela Polo
A repórter Rafaela Polo testou uma sessão de sound healing Imagem: Rafaela Polo

De Universa, em São Paulo

28/10/2022 04h00

Esse é o texto de uma pessoa muito cética. Antes que você desconfie das minhas impressões saiba que eu sou a pessoa mais desconfiada que existe. Quando alguém me fala sobre relaxar ou meditar, a minha primeira reação é ficar ainda mais nervosa.

Sou ansiosa e, frequentemente, explico que minha cabeça parece uma sala de arquivos bagunçada: com todas as gavetas abertas ao mesmo tempo. Não consigo imaginar nada pior do que ficar em silêncio, no escuro, com meus próprios pensamentos a mil por hora. Topei experimentar a sessão da terapia de som que promete reduzir estresse com os dois pé atrás. E me surpreendi.

Sound healing é uma terapia de som, onde você fica por uma hora ouvindo o som de 8 tigelas de cristal de quartzo afinadas na frequência 432Hz, que é a mesma frequência do universo. Ela promete reduzir o estresse e alinhar os chacras.

Sala especial e chão de cristal

Cheguei na sessão de sound healing da clínica Awake, localizada nos Jardins, área nobre de São Paulo e fui recebida pela terapeuta sonora Pat Diogo, que ministra as sessões.

Pat é terapeuta há quatro anos, mas há mais de 20 anos faz sessões de sound healing. Antes de começar, ela explicou um pouco sobre a prática. A técnica de terapia vibracional é milenar e bastante usada no Oriente, e tem origem em rituais feito no Tibete, com tigelas de metal. Na prática ministrada na clínica Awake há um pequena adaptação - Pat usa tigelas de cristal, por sua preferência. A terapeuta também fez um alerta: quem usa marca-passo, por exemplo, não pode ficar. O som das tigelas pode interferir no funcionamento do equipamento.

Sala de medidatação da clínica Awake onde acontece a sessão de sound healing - Divulgação - Divulgação
Sala de meditação da clínica Awake onde acontece a sessão de sound healing
Imagem: Divulgação

A sala onde ocorrem as sessões é especial: tem o chão de cristal e é proibido entrar de sapato. O piso é inteiramente feito de cristal de quartzo, um material considerado um alto receptor de energia eletromagnética. Suspensas no teto, se encontram pirâmides de cobre, formas geométricas que, desde a antiguidade, são reconhecidas como canalizadoras de energia. E a iluminação foi especialmente planejada para gerar sensação de bem-estar.

Os lugares foram organizados de modo personalizado. Cada um tinha um cantinho com um colchão, uma manta, uma máscara para os olhos de camomila e um suporte para as pernas. A intenção é que você deite e fique o mais confortável possível. Como não gosto de escuro, deixei a máscara um pouco afastada dos olhos para que ainda sentisse a luz.

Deitei já pensando no que eu tinha que fazer, escrevendo as primeiras linhas dessa matéria na minha cabeça. Eu tinha certeza que comigo não ia funcionar. Deitada lá, ouvindo os primeiros sons da tigela, comecei a me questionar se a sessão de uma hora não deveria durar vinte minutos. Daí resolvi prestar atenção de verdade nos sons. E foi quando a mágica aconteceu.

Dá para sentir na pele

Pat Diogo é terapeuta sonora há 4 anos e comanda a sessão de sound healing  - Rafaela Polo - Rafaela Polo
Pat Diogo é terapeuta sonora há 4 anos e comanda a sessão de sound healing
Imagem: Rafaela Polo

As tigelas emitem a frequência do universo e realmente dá para sentir na pele. Arrepia e é como se você sentisse as ondas passando por dentro do seu corpo. É difícil de explicar para quem nunca fez. A sensação que tenho é que eu entrei em transe, quase como hipnotizada.

Em algum momento, eu devo ter dormido. Não me lembro de dormir, não me lembro de me sentir sonolenta. Me lembro de estar pensando no som das tigelas e só. Quando eu acordei, ou pelo menos, dei por mim, a sala inteira estava sentada ouvindo a Pat falar no final da sessão. E eu nem sabia meu nome naquele momento.

A sessão deu sede em muita gente - eu até senti minha garganta um pouco seca - e na saída eram copos e copos de água sendo ingeridos. Eu saí da sessão bem calma, um pouco tonta e com o corpo vibrando. Demorei uns minutinhos para voltar a me sentir "normal" de novo.

Como ansiosa que sou, eu já tentei tudo o que existe para tentar diminuir minha velocidade de pensamento. E nada funciona. Sempre achei tudo uma grande piada. Estava com medo, inclusive, de ter uma crise de risos em meio a sessão de sound healing. Mas mordi minha língua. Encontrei a única terapia alternativa capaz de silenciar minha mente por alguns minutos.