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Jornalista morta pelo marido queria deixar Bahia e voltar para SP, diz irmã

Reges Krucinski foi preso em flagrante por atirar contra a mulher, Juliana de Freitas Alves, no Réveillon - Reprodução
Reges Krucinski foi preso em flagrante por atirar contra a mulher, Juliana de Freitas Alves, no Réveillon Imagem: Reprodução

Juliana Almirante

Colaboração para Universa, em Salvador

06/01/2022 04h00

A jornalista Juliana de Freitas Alves Krucinski, 41, que foi morta pelo marido a tiros na noite do Ano-Novo, tinha planos de deixar a cidade de Porto Seguro, na Bahia, onde morava há menos de um mês, e voltar a viver em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Estaria mais próxima da família, que mora na cidade de Guarulhos, na região metropolitana da capital paulista.

Em conversa com Universa, a irmã de Juliana, a também jornalista Roberta de Freitas Alves, disse que ela já tinha até data para a mudança: 13 de janeiro. Mas seu futuro foi interrompido pelo feminicídio cometido no Réveillon.

"Ela era uma irmã muito especial, esforçada, talentosa e profissional. Era nossa princesa. Infelizmente, conheceu esse monstro e achou que tinha achado uma pessoa maravilhosa. Mas olha o que aconteceu", diz Roberta.

O marido de Juliana, o engenheiro Reges Amauri Krucinski, foi preso em flagrante logo após o crime, que ocorreu durante uma discussão entre o casal, na casa onde moravam. Segundo informações preliminares da Polícia Civil, ela foi morta com três ou quatro tiros.

Agora detido em prisão preventiva, Krucinski está na delegacia de Porto Seguro e aguarda transferência para uma penitenciária. A investigação sobre a eventual motivação do crime ainda está em andamento. O advogado do engenheiro, Iuri Thomy Dultra Rodrigues, disse que a defesa não tem conhecimento sobre o motivo da discussão do casal. "Houve a discussão, mas não foi esclarecida a versão dele ainda", declarou.

Dona de agência de marketing, mãe de dois filhos e próxima à família

Juliana era próxima à família e dividia seus planos com a irmã Roberta. "Ela tinha me dito há alguns dias que não estava gostando muito de morar na Bahia, que queria realmente voltar para São Paulo", conta. Mas não comentava nada relacionado ao marido. A irmã também não sabe dizer se já havia ocorrido alguma situação de violência doméstica. "Ela não falava sobre isso, e nós nunca presenciamos", diz.

Segundo Roberta, eles se mudaram para Porto Seguro com o desejo de montar uma pousada no local, mas o negócio ainda era um projeto. Juliana era sócia de uma agência de marketing voltada para dentistas, chamada Odontologia Além da Boca. O negócio foi montado em conjunto com uma amiga.

A empresa publicou uma nota de falecimento nas redes sociais. "Ju deixou um lindo legado nesses anos de estrada no jornalismo e na comunicação, e ele será preservado. Uma mãe, irmã, filha e amiga inesquecível. Nossa equipe agradece aos amigos e parceiros que demonstraram apoio desde o ocorrido, e contamos com o suporte de todos para que seja feita a justiça", diz o comunicado.

"Com a mudança de cidade, ela continuou trabalhando na agência. Ele [Krucinski] queria que ela desse uma parada nesse trabalho para montar a pousada. Isso a incomodava porque a agência era um sonho dela", conta Roberta.

Os dois estavam casados desde setembro de 2020. Eles haviam se conhecido em uma viagem para Ilhabela, no litoral paulista. Na ocasião, ele morava em Canoas (RS). Depois que iniciaram o relacionamento, foram morar em São Bernardo do Campo e tiveram um filho, que hoje tem 11 meses.

O bebê estava em casa, com a babá, no momento em que a mãe foi morta. Também estavam no local outra filha de Juliana, de 10 anos, fruto de outro relacionamento, a filha de Reges, de 13 anos, também de outro relacionamento, e outra irmã da jornalista.

"A gente nunca imaginou que isso pudesse acontecer com nossa família", diz Roberta. "Não consegui me situar ainda. Estamos muito machucados", lamenta.

O sepultamento de Juliana foi realizado na quarta-feira (5) no cemitério municipal de São Bernardo do Campo. Nesse momento, a família espera que Krucinski siga detido. "A prisão conforta o coração. Nós queremos justiça e que ele continue preso", desabafa Roberta.