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Grávida de trigêmeos, mulher descobre 3º bebê de 1,6kg na hora do parto

Trigêmeos nasceram em 12 de julho em Maués (AM) - Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas
Trigêmeos nasceram em 12 de julho em Maués (AM) Imagem: Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas

Carlos Madeiro

Colaboração para Universa

22/08/2021 04h00

Em 12 de julho, aos oito meses de gestação, Enedina dos Santos Pandora foi até a maternidade da cidade de Maués (a 276 quilômetros de Manaus), onde teria Miguel e Mirela. O casal era esperado com muita alegria pela família, mas o que nem ela, nem ninguém esperava é que, além dos dois, um terceiro bebê estivesse na barriga da jovem.

Murilo veio de surpresa, e a mãe, que tem 28 anos, só soube da existência dele na mesa de cirurgia, no parto cesariano. "No pré-natal fiz três ultrassonografias, e só dava que na barriga tinha um casal, não aparecia o outro bebê. Na hora, quando o cirurgião me disse, eu nem acreditei", conta.

A surpresa veio cercada de necessidade de cuidados. Dois dias após o parto, por conta da prematuridade, os recém-nascidos foram transferidos para Manaus.

Miguel e Mirela tinham apenas que ganhar peso, e receberam alta no último dia 7. Mas o caso de Murilo era diferente.

Murilo chegou grave a Manaus precisou por cirurgia - Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas - Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas
Murilo chegou grave a Manaus precisou por cirurgia
Imagem: Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas

O pediatra Luiz Afonso Britto, do Instituto de Saúde da Criança do Amazonas, foi quem atendeu Murilo e conta que ele deu entrada com quadro grave, apresentando —além do baixo peso, pois nasceu com 1,64 quilo — uma lesão gástrica esofágica, que evoluiu para uma pneumoperitonite (que é a presença de ar na cavidade abdominal).

Com risco de morte, foi necessária uma cirurgia para correção no esôfago e no estômago. "A cirurgia foi um sucesso, e ele não precisou realizar novas cirurgias. Então, ele é um vitorioso. Teve todo o tratamento especializado e multidisciplinar na UTI e na semi-intensiva. Hoje, ele recebe alta sugando o leite materno, recebendo dieta via oral também para ganho de peso e indo para casa junto com seus irmãozinhos", conta.

Internação na UTI e acompanhamento do bebê

eneida - Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas - Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas
Eneida e Maciel seguram os três bebês; Murilo é o que está nos braços do pai
Imagem: Rodrigo Santos/Secretaria de Saúde do Amazonas

Murilo precisou ficar 21 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 10 em leito semi-intensivo para se recuperar, até receber alta na última quinta-feira (19).

A partir de agora, Murilo terá de ser acompanhado por uma equipe médica em Manaus. "Um rim dele não está funcionando, e então vai ter que olhar como vai funcionar o remédio. Todo mês é para ficar voltando para avaliação", conta Enedina.

Erro de diagnóstico

"Sem dúvida que houve um erro no diagnóstico, mas é possível ocorrer em se tratando que o exame é feito por um operador dependente e pela raridade da gravidez de trigêmeos", diz o obstetra Olimpio Barbosa de Moraes Filho, professor da Faculdade de Ciências Médicas da UPE (Universidade de Pernambuco) e diretor da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Volta para casa

Enedina é casada com o metalúrgico Maciel Oliveira, 33, com quem tem, além dos trigêmeos, mais dois filhos: Thaleyssa, 5 anos; e Thales, de 3 anos.

Quando voltarem a Maués, o casal já sabe que terá de ajeitar o quarto dos bebês para dar espaço para a chegada inesperada de Murilo.

"Nós nos preparamos bem para a chegada dos gêmeos, mas eram dois... Compramos roupas e todas as coisas que dois bebês precisavam", explica.

"Ele é um presente de Deus"

Apesar da angústia causada pela gravidade do caso, Enedina diz que é só alegria com Murilo —que já está mamando normalmente. "Ele é um presente que Deus me deu, uma experiência incrível para minha vida. Eu só tenho alegria e alegria", afirma.

Enedina não tem emprego e diz que vai se dedicar somente ao trio quando voltar. "Trabalhava em uma lanchonete, mas como engravidei, não tinha mais condições de seguir. Só meu marido trabalha hoje".

Ela conta ainda que, pela comoção do caso, já recebeu doações para ajudar a família.

"Todos em Maués estão ansiosos, todo mundo ligando, perguntando quando vamos voltar. A família está toda querendo ver. Mas a gente precisa de ajuda. Muitas pessoas ajudaram, doaram roupinha, fralda. Mas eles gastam bastante fralda porque são três e nasceram prematuros", explica.

Quem quiser ajudar, pode fazer uma doação pelo PIX da sobrinha de Enedina. O número é (92) 98427-1754, em nome de Thaís Laiane Rodrigues de Souza.