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Como Shantal, ela vive gestação de repouso: "só levanto pra ir ao banheiro"

A influenciadora Shantal Verdelho entrou em trabalho de parto de forma prematura - Reprodução/Instagram
A influenciadora Shantal Verdelho entrou em trabalho de parto de forma prematura Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

De Universa, em São Paulo

19/06/2021 04h00

Nesta semana, a influenciadora Shantal Verdelho, que está grávida de seis meses do segundo filho, contou aos seguidores, no Instagram, que entrou em trabalho de parto de forma prematura. Ela informou que foi internada e recebeu cuidados para preservar a gestação, mas que teve alta para seguir com a gravidez em casa, em repouso absoluto, levantando da cama apenas para ir ao banheiro. "O processo não foi fácil", escreveu a influenciadora.

Apesar de ter um quadro de saúde diferente de Shantal, a designer Paula Carvalho, de São Paulo, também enfrenta uma gravidez que exige repouso total. Aos 36 anos, ela já passou por uma gravidez ectópica, um aborto espontâneo e, agora, está no sexto mês da terceira gestação, de alto risco por conta de um quadro de placenta prévia.

Em depoimento a Universa, ela fala sobre as angústias de viver uma gestação de risco — que ainda é segredo para a maior parte da família—, a sensação de dependência total de outras pessoas, por conta do repouso, e as expectativas de ser mãe: "Sempre foi meu maior sonho".

"Em 2019, tive uma gravidez tubária e, no ano seguinte, um aborto espontâneo com 10 semanas de gestação.

Hoje, estou no sexto mês da minha terceira gestação e estou de repouso total. Só posso levantar para ir ao banheiro. No máximo, posso pegar uma água, alguma coisa rápida. Sair, só para ir às consultas e exames médicos.

Nas primeiras 25 semanas, tive três sangramentos.

No primeiro, com 8 semanas, achei que estava abortando de novo. Foi desesperador e eu só chorava. Depois disso, comecei acompanhamento psicológico, porque reconheci que, depois das perdas anteriores, precisava de ajuda. Tenho muito medo pela minha saúde e pela saúde do meu bebê.

No segundo, com 23 semanas, estava mais tranquila. Fui para o hospital, fiz exames e o bebê estava bem. No terceiro, com 25 semanas, recebi a indicação de repouso total até o final da gestação.

A sensação de ter um bebê prematuro assusta muito. A terapia me ajuda bastante, mas ainda tenho medo dele não nascer.
Por conta das perdas anteriores, decidi parar de trabalhar para me dedicar a essa gestação -- mas não imaginei que mal poderia sair da cama.

Eu, que sou ligada no 220, acho muito difícil ficar sem fazer nada. O mais difícil para mim é depender de alguém para tudo. Eu amo cozinhar, por exemplo, e agora não posso. É horrível, me sinto inútil. Até banho tenho que tomar sentada, com a ajuda do meu marido. Outro dia, o sabonete caiu no chão e eu tive que chamá-lo para pegar para mim.

Outro fator que me frustrou bastante foi não poder sair para comprar nada do enxoval do meu primeiro filho. Eu queria ver as coisas, escolher, mas terei que fazer tudo pela internet. A decoração do quartinho ficará para depois que ele nascer, já que não posso fazer nada até lá.

Minha família e a família do meu marido não são de São Paulo. Minha mãe e minha sogra ainda não tomaram a segunda dose da vacina. Até lá, tenho muito medo de encontrar com elas. Então somos só nós dois [Paula e o marido] para tudo.

Quando soubemos que eu precisaria ficar de repouso, ele tirou dez dias de férias do trabalho para ficar comigo, mas precisa voltar na semana que vem. Terei que ficar sozinha em casa. Ele vai deixar a comida pronta, no micro-ondas, e eu levanto apenas para esquentar. Quando ele chegar, me ajuda a tomar banho.

Quando fico muito tempo sentada, sinto pressão na barriga, então prefiro ficar mais tempo deitada mesmo. Passo o tempo do jeito que dá, com TV, séries, redes sociais. No meu Instagram, só vejo coisas de bebê. A pandemia dificulta o repouso porque não posso receber visitas para me distrair, tenho muito medo do covid-19.

Também não consigo me dedicar a coisas que precisam de muita atenção por conta da ansiedade. Tem horas que não dá vontade de ver nada, pensar em nada, só de sair de casa.

Apesar disso, o foco é na minha saúde e na saúde dele. Minha expectativa é que eu fique bem até o final da gravidez e, com o repouso, não precise esperar o nascimento no hospital.

Ser mãe sempre foi o meu maior sonho. Esse bebê é um presente de Deus. Depois de duas perdas, ele me trouxe esperança novamente."

Placenta prévia: o que é?

A médica ginecologista Larissa Flosi explica que o repouso de Paula evita, principalmente, que a gestante tenha um novo sangramento, por conta da placenta prévia — o termo explica o quadro em que a placenta fica alocada não nas paredes do útero, mas no colo, ou seja, no meio do caminho entre o bebê e a saída do corpo.

"Existem vários graus de placenta prévia, mas este quadro gera risco de sangramento e, por isso, nós recomendamos repouso constante, especialmente no terceiro trimestre", diz.