Topo

MG: Bombeiros promovem 1ª mulher por ato de bravura em 109 anos de história

Cabo Annie Caroline Praça Arcanjo, 29, foi promovida por ato de bravura em MG - Divulgação/CBMMG
Cabo Annie Caroline Praça Arcanjo, 29, foi promovida por ato de bravura em MG Imagem: Divulgação/CBMMG

Juliana Siqueira

Colaboração para Universa, em Belo Horizonte (MG)

16/12/2020 15h32

Pela primeira vez em 109 anos da história do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), uma mulher foi promovida por ato de bravura.

A cabo Annie Caroline Praça Arcanjo, de 29 anos, foi elevada ao cargo de 3º sargento quando, na folga dela, salvou a vida de seis pessoas que ficaram ilhadas no terraço de uma casa, em Raposos (MG), no começo deste ano.

Entre os resgatados estavam, inclusive, um cadeirante e uma pessoa acamada.

O que inicialmente poderia ser uma tragédia teve início após fortes chuvas atingirem a região. A enchente tomou conta do lugar. Com a ajuda do pai, que é capitão da reserva, a cabo Annie, naquele momento, conforme relatou à Universa, só pensava em tirar as pessoas do local, por mais que, para isso, estivesse arriscando a própria vida. A situação era muito perigosa.

O objetivo foi cumprido. Utilizando um colchão inflável, ela conseguiu com que todos pudessem estar em segurança. A ação, por toda a complexidade, levou cerca de 40 minutos, entre idas e voltas até cada pessoa e um alto nível de água.

"O sentimento que fica é o de cumprir a missão, além do de amor ao próximo. Consegui dar um futuro diferente para aquelas pessoas que poderiam não estar mais entre nós", diz ela.

Esse sentimento de amor ao próximo e de vontade de auxiliar os outros, aliás, na visão da cabo Annie, é algo inerente ao próprio ser humano.

"Graças a Deus ainda existem muitas pessoas de bom coração, que sempre tentam ajudar o próximo. Nós não chegaríamos onde chegamos se isso não existisse", salienta.

Representatividade

De acordo com o CBMMG, a promoção por ato de bravura é bastante singular. Tanto é que, em um universo de aproximadamente seis mil integrantes da corporação, apenas cerca de dois militares por ano recebem esse reconhecimento.

"O maior reconhecimento que um militar pode receber em função de uma ação exitosa é a denominada 'promoção por ato de bravura'. É a forma suprema de aclamar o militar que, de maneira consciente e voluntária, com evidente risco à vida, tenha praticado ação cujo mérito transcenda em valor, audácia e coragem", diz o CBBMG.

Agora, foi a vez de uma mulher. Nesse cenário, a cabo Annie lembra das veteranas e pioneiras no exercício da profissão e destaca a satisfação por conseguir representá-las. "É incrível saber que as mulheres são capazes de tudo, que nada pode nos limitar. Fui abençoada por conseguir mostrar isso de uma forma bonita", afirma.

A militar, que ingressou aos 18 anos no CBBMG, destaca que essa escolha, motivada pelo exemplo do pai, hoje faz muito sentido. "Foi uma das melhores coisas que fiz na vida", finaliza.