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Como em 'Emily in Paris': dicas de relacionamento e sexo das francesas

Lily Collins é protagonista e produtora da série "Emily in Paris" - STEPHANIE BRANCHU/NETFLIX
Lily Collins é protagonista e produtora da série "Emily in Paris" Imagem: STEPHANIE BRANCHU/NETFLIX

Heloisa Noronha

Colaboração para Universa

28/11/2020 04h00

Apesar de absusar dos estereótipos (ok, alguns correspondem à realidade, ça va?), a série "Emily in Paris", recentemente renovada para uma segunda temporada pela Netflix, é uma oportunidade divertida para analisar alguns dos hábitos dos franceses e sua visão peculiar a respeito do amor e da sexualidade.

Além de algumas pistas já observadas na série com Lily Collins, compilamos algumas sugestões que as mulheres - sobretudo as parisienses - costumam colocar em prática em se tratando desses assuntos. Confira:

Nada de cena de ciúme: as francesas detestam vivenciar esse sentimento e, caso o experimentem, jamais dão piti com o par nem tentam resolver suas diferenças em público. Pelo contrário: se aproximam da suposta "rival" e até a transformam em amiga - possivelmente foi isso que Catherine (Charley Fouquet), esposa de Antoine Lambert (William Abadie), fez em relação a Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu), amante do marido. Elas também não suportam ser alvo de controle do parceiro - mas, em geral, os franceses não são possessivos nem grudentos.

Dormir brigados jamais: ficar de cara feia na cama tem até uma expressão própria: "l'auberge du cul tourné", ou seja, o "albergue da bunda virada". Mesmo que o par tenha pisado na bola, a francesa prefere usar a energia de forma criativa em vez de se emburrar. Para elas, uma boa e leve conversa e a troca de carinhos - sem DR, algo que detestam - é o melhor caminho para um entender o outro.

Independência financeira é primordial: uma mulher jamais deve depender financeiramente de um homem ou precisar permanecer numa relação sem amor ou tóxica por não ter meios de se sustentar sozinha.

Infidelidade à francesa: em um dos episódios, Mindy (Ashley Park) diz a Emily que ninguém aproveita Paris intensamente se não tiver pelo menos um caso amoroso indecente. De fato, os relacionamentos extraconjugais rolam à solta, com ou sem o conhecimento das terceiras partes envolvidas. Quando há algum tipo de questionamento ou suspeita, a solução é negar até a morte.

Dá para fazer um jantar romântico sem esforço: uma parisiense que se preza não gosta de nada muito produzido, fake, elaborado. Isso vale para as mais diversas áreas da vida. Num jantar a dois, por exemplo, tanto faz se a louça tem um rachadinho ou se as taças combinam. No final, o resultado sempre será charmoso. Porém, flores são seu ponto fraco: ela não se importará de gastar quantos euros forem necessário para colocar um arranjo bonito - de rosas, especialmente - na sala. Ou no quarto.

Paixão pela paixão: u mulher francesa vive constantemente apaixonada. Pelos homens, pelas amigas, pela vida, pelo trabalho, por um livro, por um projeto, por um propósito, por uma banda, por uma obra de arte, pela própria paixão. Talvez isso explique a beleza de sua pele.

Rejeição às regras: francesas não curtem regras ou "combinados" em uma relação amorosa nem gastam tempo ou colágeno pensando se o envolvimento vai durar ou não. Elas têm uma noção muito clara da brevidade das coisas, são realistas e gostam do imediatismo do prazer.

Lingerie tem suma importância: entretanto, sua finalidade não é deixar o parceiro babando de tesão, mas sim se empoderar da beleza do próprio corpo e se sentir segura, confiante, incrível. Pode apostar: por baixo da camiseta branca, da calça jeans e do blazer (o look básico da francesa nem um pouco "plouc"), há um conjunto de lingerie chiquérrimo e muito bem pensado. E da cor preta, óbvio.

Livros são sensuais: o intelecto tem grande poder de sedução para os franceses, em geral. Embora tenha sido mostrado de modo caricato na série, o tesão do professor de filosofia Thomas (Julien Floreancig) pelo combo mulheres + livros faz todo o sentido na vida real. O mesmo vale para as francesas - elas amam ler, de tudo um pouco, mas sobretudo os clássicos. Inclusive, a obra que Thomas sugere para Emily - "Delta de Vênus", publicado por Anais Nin em 1977 - é um título icônico da literatura erótica.

Ménage a trois não é o que parece... mas talvez seja: A expressão, na verdade, significa "moradia para três", mas é claro que foi usurpada para fins eróticos. Além do sexo a três, o triângulo amoroso é uma espécie de fetiche para os franceses, como prova um clássico do cinema: "Jules et Jim" (1962), de François Truffaut (1932-1984). É bem provável que esse filme tenha vindo à mente de Gabriel ao ver a selfie de Emily e Camille (Camille Razat) na cama cenográfica.

Sexy em qualquer idade: Por terem cultivado a beleza natural e a autoaceitação ao longo da vida, as francesas seguem sensuais na idade madura - o que dizer dos decotes e das fendas usadas por Sylvie em "Emily in Paris", provocantes na medida certa e nadinha vulgares? Elas não são fãs de procedimentos estéticos ou cirurgias plásticas e, quando o fazem, o resultado é praticamente imperceptível.

Feminismo é ponto sensível

Sim, é claro que existem movimentos feministas na França. No entanto, o deboche com que Sylvie fala do movimento #MeToo ao reprovar as opiniões de Emily a respeito de uma campanha de perfumes é, sim, verossímil num país que legou ao mundo as ideias de Simone de Beauvoir (1908-1986) em "O Segundo Sexo" (1949).

Em janeiro de 2018, a atriz Catherine Deneuve e outras personalidades francesas publicaram um manifesto no jornal "Le Monde" criticando o "excesso de puritanismo" da campanha contra assédio sexual #MeToo e defendendo o flerte, mesmo insistente ou deselegante. Na França, muitas mulheres não encaram os homens como opostos e aceitam suas contradições, manias e imperfeições. Tampouco rechaçam atos de cavalheirismo, mesmo que soem um pouco machistas - como o hábito de o homem servir para que a mulher nunca toque na garrafa, atitude de Timothée (Victor Meutelet) que surpreendeu Emily.

Para ler e saber mais:

"A Parisiense - O Guia de Estilo de Ines de La Fressange com Sophie Cachet" (Ed. Intrínseca), de Ines de La Fressange
"Como Ser uma Parisiense - Em Qualquer Lugar do Mundo" (Ed. Fontanar), de Andrey Diwan, Anne Berest, Caroline de Maigret e Sophie Mas
"O Guia das Curiosas" (Panda Books), de Marcelo Duarte e Inês de Castro
"O Que as Mulheres Francesas Sabem Sobre Amor, Sexo e Atração" (Academia de Inteligência), de Debra Ollivier
"Madame Charme - Lições de Estilo, Beleza e Comportamento que Aprendi em Paris" (Ed. Agir), de Jennifer L. Scott
"Vida Adulta À Francesa - O que a Vida e Paris me Ensinaram nos Últimos 40 Anos" (Ed. Fontanar), de Pamela Druckerman