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"Mau-olhado" existe? Na dúvida, saiba como se proteger

Vibração, inveja, padrão emocional: decifre cada elemento associado ao "mau-olhado" - 123ducu/Getty Images/iStockphoto
Vibração, inveja, padrão emocional: decifre cada elemento associado ao "mau-olhado" Imagem: 123ducu/Getty Images/iStockphoto

Heloísa Noronha

Colaboração com Universa

14/07/2020 04h00

"Olho gordo" ou "Mau-olhado" é o nome com que popularmente são conhecidas as chamadas energias negativas transmitidas por alguém a outra pessoa, atrapalhando a realização de planos ou conquistas em algum nível. Quem supostamente é alvo de olho gordo pode sentir desde desânimo e cansaço até a impressão de que, por algum motivo oculto, a vida não evolui.

Sempre que a "vítima" parece próxima de concretizar algum desejo, algo dá errado: o carro quebra, a entrevista para um emprego muito desejado é um fiasco, nenhum relacionamento amoroso vinga, o dinheiro nunca sobra. Por mais que a pessoa batalhe, os obstáculos não cessam em seu caminho.

Mau-olhado é real? Como age e como se defender

Existem diversas teorias sobre o olho gordo que incluem, sim, as vibrações energéticas, cuja motivação tem a forma de inveja, despeito, rancor, raiva e outros sentimentos tidos como negativos. Essas vibrações podem atingir os chakras e, com isso, desequilibrar a pessoa.

Cristais, salmos, mantras e simpatias podem dar uma forcinha para combatê-las, mas é a força do pensamento o maior amuleto com o qual alguém pode contar. E, nesse sentido, é fundamental lutar contra a autossabotagem - porque, acredite, às vezes nós mesmos lançamos o tal olho gordo em nossas vidas.

Segundo a reprogramadora mental e palestrante Elainne Ourives, cada pessoa tem um campo eletromagnético ao redor - ou, como muita gente conhece, uma aura. "Essas auras podem se integrar e se fundir umas às outras se as frequências ou vibrações forem similares ou compatíveis", diz Elainne, especialista no trabalho com a Tabela Hawkins ou Escala das Emoções Humanas, teoria proposta pelo filósofo norte-americano David Hawkins (1913-2002).

Conforme a tabela, a escala vai de 20 hertz (vergonha) a 1000 hertz (plena consciência do eu, iluminação).

"Quem vibra abaixo de 100 hertz está mais propenso e aberto para trocar e receber energias de outras pessoas com o mesmo padrão energético e emocional negativo. Você é o que você vibra. Se mantém uma frequência equilibrada com emoções saudáveis e positivas, seu campo eletromagnético terá menos risco de captar, receber e absorver energias negativas ou frequências densas e inferiores de outras pessoas", fala Elainne, que também é autora do livro "DNA Milionário" (Editora Gente).

A importância dos chakras em harmonia

De acordo com a psicanalista integrativa Priscilla Tavollassi, que trabalha com uma abordagem metafísica da saúde, o equilíbrio ou não dos chakras — pontos de energia vital distribuídos ao longo da coluna — também é determinante para as vibrações energéticas.

"Temos mais de 80 mil chakras, portanto, nosso corpo é energia pura, tanto é que muitas vezes a gente leva choque, né? Porém, possuímos 7 chakras principais que se encontram no eixo vertical do nosso corpo e que levam a energia a se movimentar de modo circular. E, da mesma forma que recebemos, também emitimos energias por meio desses chakras. Quando os chakras estão em desarmonia, ou seja, mais enfraquecidos, seja por cansaço físico ou emocional, estamos suscetíveis a receber vibrações negativas dos chakras das outras pessoas que também vibram uma energia ruim", explica.

Para que essa influência não aconteça, Priscilla avisa que precisamos estar equilibrados fisicamente, mentalmente e sentimentalmente. "Uma das leis do universo é que 'semelhante atrai semelhante'. Então, se você estiver com a energia 'baixa' você atrairá alguém que também esteja", pontua.

A força do pensamento

Conforme o psicoterapeuta junguiano e astrólogo Thiago Guimarães, o simples ato de pensar em alguém também pode provocar uma conexão energética. "Quando eu penso em uma pessoa que me desperta o rancor ou mágoa, automaticamente eu me conecto com a energia negativa gerada por aquela situação que desencadeou o sentimento. Da mesma forma que, quando lembramos algo muito bom, nosso coração se enche de alegria e passamos, então, a vibrar na energia do amor e da felicidade", diz.

Meditação, manter pensamentos com frequências positivas, aperfeiçoar o silêncio interior, manter uma alimentação saudável, cuidar do sono, das emoções e de seus comportamentos são algumas das maneiras para alcançar o equilíbrio energético e emocional e afastar o "mau-olhado".

Autossabotagem é atrair energias negativas

Há um outro ponto de vista, sustentado com base na psicologia, que teoriza sobre um outro modo com que nós mesmo atraímos o olho gordo. Segundo o psicólogo Roberto Debski, especialista em medicina integrativa e facilitador em Constelação Sistêmica Familiar, atribuir acontecimentos ruins a energias de terceiros é um sinal de autossabotagem.

"Esse processo acontece quando não nos sentimos merecedores ou não temos a 'permissão' inconsciente para o sucesso ou felicidade. Vamos supor que em uma família nunca houve pessoas prósperas. Todos 'batalharam' arduamente pela sobrevivência. A pessoa que sabota a si mesma geralmente não se sente capacitada ou autorizada para ser melhor do que seus pais ou antepassados. Assim, ao conseguir sucesso ou prosperidade, desencadeia mecanismos inconscientes e comportamentos que a levarão a ter problemas e dificuldades", explica Roberto.

"Exemplos? Associando-se a gente duvidosa, fazendo investimentos arriscados, gastando dinheiro à toa, pondo tudo a perder. Assim, justifica suas crenças limitantes inconscientes, perpetuando o looping da autossabotagem e do insucesso".

Sua inveja bate mim e...como lidar com ela?

Para Thiago, é importante lembrar que todo mundo sente inveja. Trata-se de um sentimento natural do ser humano querer aquilo que é do outro.

"Quando a inveja acontece de uma forma saudável, o outro se transforma em uma inspiração para mim. Então, eu luto para conquistar aquilo que ele tem e me esforço para seguir o mesmo caminho. Porém, o olho gordo consiste na necessidade não só de ter o que é do outro, mas por um mal-estar porque ele tem e eu não tenho. Geralmente, a pessoa que lança esse tipo de energia ruim tem preguiça de correr atrás porque não acredita em si mesma. Então, prefere ficar parada, reclamando da vida e agourando as coisas alheias", diz.

Esteja atento a suas crenças

O nosso inconsciente é gigantesco e ali carregamos tudo aquilo que vivemos, incluindo um possível complexo de inferioridade. Quem traz consigo a crença inconsciente de que não é digno de felicidade vai acabar com tudo o que conquistou de forma inconsciente, ou seja, sem perceber que está fazendo isso. E pode ser, sim, que coloque a culpa disso no olho gordo - é mais fácil achar um culpado do que tomar consciência da própria responsabilidade e mudar de vida.

"O tempo todo precisamos cuidar e identificar os nossos sentimentos. Por exemplo, se eu percebo que me conectei a uma energia pesada de raiva, eu posso tentar identificar qual foi o gatilho que despertou isso em mim, respirar fundo e focar em outra coisa. No exato momento em que percebi o gatilho emocional que me conectou àquela energia, posso começar a me questionar: vale a pena eu me sentir assim? Faz sentido eu me sentir assim? Esse sentimento é meu ou do outro? Essas perguntas ajudam a tomar consciência daquilo que se sente", afirma Thiago.