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Conheça os aroaces, pessoas que não têm ímpeto sexual nem afetivo

Cerca de 1% da população mundial é assexual - iStock
Cerca de 1% da população mundial é assexual Imagem: iStock

de Universa

22/06/2020 04h00

"Como eu não sinto a menor vontade de me relacionar amorosa ou sexualmente com ninguém, ao contrário das minhas amigas, comecei a me perguntar se tinha alguma coisa errada comigo. Pesquisei na internet, e me identifiquei com as pessoas que se dizem assexuadas e arromânticas." Em depoimento ao podcast Sexoterapia, a estudante Ana Kelly, 23, do Rio de Janeiro, contou como está sendo descobrir que o que ela achava ser um problema, na verdade faz parte de sua orientação sexual.

Estima-se que cerca de 1% da população mundial seja assexual (ou Ace como se denominam). Segundo a definição do Coletivo Abrace, "assexualidade é a ausência total, parcial, condicional ou circunstancial de atração sexual, toda identidade em que o sexo não é o referencial primário do desejo e da atração voltados para um relacionamento íntimo por outra pessoa". E como essa não é uma condição que traz sofrimento para o indivíduo, ele não tem vontade de transar, e vive muito bem com isso, não é considerada um transtorno. "Existem pessoas heterossexuais, homossexuais, bissexuais e assexuais", afirma a sexóloga Ana Canosa.

Ace, Aro, Aroace, Acearo

A especialista explica que o espectro assexual é bastante variado. Uma pessoa pode ser assexual, no sentido de não sentir atração sexual pelo outro, mas ter desejo esporadicamente e se masturbar, por exemplo. Outra possibilidade é ser assexual e romântico, ou seja, se relacionar afetivamente com outras pessoas, mas sem transar. "E há também os assexuais arromânticos, que são aqueles que não têm o ímpeto sexual nem o afetivo", conclui. É o caso de Ana Kelly, que se denomina assexual (Ace) e arromântica (Aro) ou Aroace/Acearo.

A estudante conta que já teve alguns relacionamentos, mas sempre foi apenas para mostrar para outros e para si própria que não havia nada de errado com ela. "A verdade é que tenho muita dificuldade para manter o elo romântico com alguém. Eu não sinto que tenho a opção de querer amar e estar com a pessoa. Eu simplesmente não consigo ser recíproca amorosa ou sexualmente", diz.

Preguiça x motor interior

É essa falta de motivação para o amor e para o sexo que difere uma pessoa assexual e arromântica daquela que simplesmente tem preguiça de transar ou de se relacionar. Velha conhecida, que nos faz procrastinar em diversas áreas da vida, a preguiça pode ser uma ameaça à nossa vida sexual, ser assexuado não. "Uma coisa é eu estar com preguiça de transar, mas eu tenho ou já tive desejo. No caso de um assexual, é uma coisa que inexiste dentro da pessoa como motor", conclui.

Ana Kely descobriu que se encaixava neste último grupo depois de seu último namoro, que, segundo ela, durou oito meses e foi muito sofrido para ambos os lados, porque não tinha paixão nem afeto da parte dela. Foi quando ela resolveu procurar ajuda psicológica. "Estar nesse processo de me descobrir isso é uma felicidade. Antes eu me sentia mal por ser diferente, e me maltratava muito por achar que deveria sentir o que todo mundo dizia sentir. Agora estou me aceitando", afirma.

Acompanhe o Sexoterapia

Preguiça é o tema do vigésimo segundo episódio do podcast Sexoterapia, que em sua terceira temporada vai falar do sexo e os sete pecados capitais. Nesse episódio, as apresentadoras Marina Bessa, editora chefe de Universa, e Ana Canosa, sexóloga, recebem a ginecologista Juliany Nascimento Silva, dona do perfil do Instagram @ginecologistasincera.

Sexoterapia está disponível no UOL, no Youtube de Universa e nas plataformas de podcasts, como Spotify, Apple Podcasts, no Castbox e Google Podcasts.