"Marido ateou fogo na mulher e a impediu de pedir socorro", diz delegada
Uma dona de casa está hospitalizada na cidade de Água Clara, no Mato Grosso do Sul, após ter tido as pernas queimadas. O suspeito, que confessou o crime, é o marido. Segundo a delegada de polícia responsável pelo caso, Karen Viana, a sul-mato-grossense de 37 anos era agredida semanalmente há seis anos pelo companheiro, que é trabalhador rural.
"Ele jogou um líquido nas pernas dela e, mesmo assim, ela foi se deitar e se cobriu com o edredom. Era gasolina, e o marido ateou fogo nela. O homem a impediu de pedir socorro. Por isso, a vítima demorou 15 horas para receber atendimento médico", explica a delegada. "Quando fui colher o depoimento, ela apresentava uma apatia de quem estava acostumada com as agressões, mas com muito medo de contar a verdade. Ela me perguntava, o tempo todo, onde ele estava e se ele ficaria sabendo do relato", conta à Universa.
Karen, posteriormente, descobriu que a mulher já havia registrado dois boletins de ocorrência contra o marido, na delegacia de Inocência, no Mato Grosso Sul, onde o casal morava. "Ainda não tive tempo de investigar por que essas denúncias foram arquivadas. Em depoimento, ela me contou que as agressões aconteciam sempre que ele ingeria bebida alcoólica, pelo menos uma vez por semana".
A delegada afirma que os boletins de ocorrência, abertos em 2017 e 2018, foram registrados após o trabalhador rural ter quebrado a mão da mulher e tê-la esfaqueado, respectivamente. "Ela não tem família aqui. Saiu de casa sem o apoio dos parentes para viver com ele em uma fazenda. Desde então, tem pouco contato com os familiares, por isso continuou morando com ele, mesmo após as denúncias", explica Karen.
Agressor teria obrigado vítima a mentir
A vítima foi hospitalizada no sábado (9). A princípio, tanto ela como o marido afirmaram aos médicos que ela teria sofrido um acidente doméstico com fogo. "Ela só veio para Água Clara porque o hospital daqui é melhor do que o de Inocência. Na segunda-feira (11), ele chegou ao hospital embriagado, falando alto, e foi impedido de entrar. Tentou invadir o local, fez um escândalo, e foi aí que fomos acionados", explica a delegada.
Um agente da Polícia Civil de Água Clara foi até o hospital para conter o homem, e, segundo Karen, conversar com a vítima. "Ela assumiu que havia sido ele quem ateou fogo em seu corpo. Então, tive de ir até lá para entender o que aconteceu. Ela disse que a briga começou por um motivo torpe [a mulher teria se irritado por que o marido havia dado um pedaço de carne para um vizinho]".
Na primeira versão do depoimento dado pelo suspeito, ele confessa ter agredido a mulher, mas diz que ela se queimou sozinha ao derrubar uma brasa de cigarro no edredom. Depois da versão dela, ele confessou o crime e que também a impediu de pedir socorro por 15 horas --e a fez mentir sob condição de levá-la ao hospital.
O suspeito, segundo a delegada, é alcoólatra. "Ele confessou que já usou drogas, mas disse que faz tempo que não usa. Era visível a abstinência: além de ele estar visivelmente baqueado por ressaca quando foi preso, tremia tanto que não conseguia assinar o mandado de prisão preventiva".
O marido ficará preso por tempo indeterminado, segundo Karen, que tem aval do Ministério Público para manter a prisão preventiva e a medida protetiva, que foi criada para proteger a vítima. "Ela disse que, assim que sair do hospital, volta para a casa da família", diz a delegada.
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