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"Queria ter seios grandes, mas tirei o silicone após sofrer por dois anos"

Esther Sá, 26, colocou 450 ml de silicone, mas teve complicações após procedimento - Arquivo Pessoal
Esther Sá, 26, colocou 450 ml de silicone, mas teve complicações após procedimento Imagem: Arquivo Pessoal

Natália Eiras

Da Universa

31/12/2018 04h00

A publicitária Esther Sá, 26, de São Paulo (SP), achava que precisava colocar próteses de silicone nas mamas para se sentir "mais mulher". Em dezembro de 2015, ela realizou o desejo. Porém, os dois anos seguintes foram de muita dor por causa de uma complicação decorrente do procedimento. Ela não podia treinar, fazer crossfit, entrar na piscina, usar sutiã e, nem mesmo, tocar as mamas. A jovem conta a sua história para a Universa

"Coloquei o silicone por uma auto-obrigação. Sentia que meu corpo deveria ter se desenvolvido de certa maneira, como o das outras meninas, mas meus seios tinham o mesmo tamanho desde os meus treze anos. Sentia que algo me faltava, que eu era menos mulher e talvez até menos adulta também. 

Decidi colocar a prótese de uma hora para a outra. Fiz um empréstimo, paguei o procedimento e resolvi tudo numa tarde só, porque parecia o tempo todo que eu estava atrasada para algo que já devia ter feito. 

Em dezembro de 2015, coloquei uma prótese de silicone de 450 ml por cima do músculo, que era para a recuperação ser mais rápida. Eu sou muito ativa fisicamente e queria me recuperar para voltar aos treinos na academia. 

Deu tudo certo na cirurgia. Eu me recuperei rápido, mesmo. Mas, três meses depois, lá para março de 2016, eu estava em casa quando senti uma coisa escorrendo na minha camiseta. Eu fui olhar e a minha cicatriz do seio direito começou a abrir. Era muito sangue e muito pus. Fiquei muita assustada e fui para o pronto-socorro com a minha irmã. 

O médico do pronto-socorro e meu cirurgião falaram que tive um seroma, que era o meu corpo expulsando secreção na cicatrização. Disseram que eu não precisava me desesperar, que era algo normal. Então fiquei tranquila. 

Tomei o antibiótico até que parou de vazar secreção. Vivi a minha vida normal, fiz meus treinos. Porém, dali uns dois meses, a cicatriz começou a inchar novamente e rompeu. Tudo de novo. Um monte de pus, um monte de sangue. Fui no médico, mais antibiótico, mais dez dias de recuperação. Eu fiquei nessa rotina durante todo o ano de 2016. 

Eu só usava sutiã com uma gaze no lugar da cicatriz, evitava tops (tinha medo de vazamentos) e cancelava todos os encontros nas semanas em que a inflamação ficava séria. Por causa disso, eu parei de treinar. Só fazia exercícios para a perna, quando eu treinava. De tempos em tempos, eu tomava um ciclo de antibiótico. 

Até que, em agosto de 2017, eu falei para o médico que não conseguia mais viver assim. Falei que havia colocado o silicone para me sentir bem, mas não podia ir para a piscina, não podia treinar. Não podia deixar ninguém pegar nos meus seios, nem mesmo eu, porque doía. Tinha virado um foco de doença, eu não estava aproveitando nada da minha vida. 

O médico decidiu, então, refazer a cicatriz. Depois do procedimento, fiquei bem até setembro de 2018. Foi quando ela inchou de novo, vazou e eu percebi que não aguentava mais. Conforme todo esse tempo foi passando, a cicatriz foi ficando cada vez mais dolorida. Antes eu aguentava viver a vida, mas, depois, se tornou um grande incômodo. Ardia, eu sentia o meu peito todo queimar. Ele ficava quente como se estivesse com febre. Aparecia um hematoma roxo no meu peito, a secreção estava amarela. Foi um inferno. 

Aí fui em um médico que me operou e um cirurgião plástico do meu convênio, por já ser uma questão de saúde, não mais só de estética. 

Dessa vez, nem mesmo o médico que fez a mamoplastia quis continuar nesse ciclo com antibiótico. Ele percebeu que meu corpo não lidou bem com a prótese. Eu tive uma contratura capsular, que é quando você desenvolve um tecido cicatrizante em volta da prótese e ela fica dura. Então, além de estar vazando, estar queimando e doente, eu estava com o peito duro. Parecia que estava empedrado.

Eu disse que tudo bem, que eu tinha que tirar a prótese e seguir o baile. Eu obviamente fiquei muito chateada, porque eu tinha gasto uma dinheirama para colocar a prótese. E eu havia feito a mamoplastia porque eu tinha um puta problema de autoestima em relação aos meus seios, eles eram pequenos e me sentia péssima. Não foi uma decisão fácil de tomar. Ainda mais que o convênio decidiu não cobrir o procedimento e fiquei com uma nova dívida de R$ 9 mil. 

Porém, quando entrei no centro cirúrgico para tirar a prótese, eu estava calma, talvez conformada. Acordei energizada, sem dor, com fome! Todo dia de recuperação preciso me lembrar dos pontos para não sair dando piruetas por aí. É como se eu finalmente tivesse dado 'carga' no meu corpo, que antes operava com 10% de bateria e em modo avião."