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Capitã dos Bombeiros coordena busca por vítimas em prédio que desabou em SP

A capitã Rafaela, do 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros - Carine Wallauer/UOL
A capitã Rafaela, do 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros Imagem: Carine Wallauer/UOL

Da Universa

05/05/2018 04h01

Enquanto a imprensa mostrava os destroços do que foi o edifício Wilton Paes de Almeida, que veio abaixo no incêndio gerado por um curto-circuito na última terça (1) no centro de São Paulo, a capitã Fernanda Rafaela Lourenço, 34 anos, do Corpo de Bombeiros, distribuía ordens e orientações.

Nesta quinta (5), ela foi um dos principais líderes da busca pelo corpo das vítimas e a retirada de entulho, comandando a operação durante a tarde e o início da noite. Prancheta e rádio nas mãos, Rafaela trabalhou em meio à fuligem, vigas de concreto e aço que brotavam dos escombros -- e em meio a uma porção de homens. Mais precisamente, 367 membros do Corpos de Bombeiros haviam passado por ali até aquela manhã, de acordo com a direção da instituição. Apenas cerca de 7 - entre tenentes e cabos - era mulheres. 

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Era um momento delicado. A capitã precisava coordenar a busca manual da equipe de bombeiros. Tremores eram capturados por um aparelho especializado da corporação; drones realizavam sobrevoo sobre a pilha de concretos, em busca de um corpo. A equipe de fotografia da Universa entrou numa área de subsolo do prédio ao lado, de onde os bombeiros acessavam a parte de baixo dos destroços. Àquela altura, já começavam a aparecer bonecas, penteadeiras e objetos pessoais dos moradores.

A capitã Rafaela  - Carine Wallauer/UOL - Carine Wallauer/UOL
A capitã Rafaela coordena as buscas
Imagem: Carine Wallauer/UOL

Em meio à operação, a reportagem perguntou onde estava a capitã para uma cabo da corporação, que apontou em direção à esquina o Largo do Paissandu com a avenida Rio Branco. “É ela, a capitã, ali!”. Rafaela se mantinha concentrada.

Quem é ela? 

Há 17 anos na corporação, Rafaela se tornou militar por influência do pai. É capitã no 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros, atuando no posto de bombeiros da Casa Verde, zona norte da capital.

Na página do Facebook do posto que comanda, tem o relato de um homem salvo pela experiência da capitã em outro incêndio. “Gostaria de agradecer a Capitão Rafaela e sua equipe no combate ao incêndio no galpão do Tremembé (...) Vocês salvaram a minha vida e a da minha esposa (...) Dívidas eternas de gratidão.”

Escavadeiras trabalham em parte dos escombros; trabalho manual é feito no topo da pilha de escombros. Ao fundo, igreja Luterana condenada - Carine Wallauer/UOL - Carine Wallauer/UOL
Escavadeiras trabalham em parte dos escombros; trabalho manual é feito no topo da pilha de escombros. Ao fundo, igreja Luterana condenada
Imagem: Carine Wallauer/UOL

Em outras fotos, aparece ao lado da apresentadora Luisa Mell para discutir resgate de animais em risco. Juntos com os demais integrantes da corporação, salvaram e adotaram um cachorro. “Vamos trabalhar juntos para salvar muitos animais!”, diz a mensagem.

O trabalho dela se destaca pela história recente das mulheres na corporação. Apesar de terem sido requisitadas desde 1932, quando supriram a ausência de homens na Revolução Constitucionalista de 1932, que "incendiou" o estado de São Paulo contra as tropas de Getúlio Vargas, a primeira turma oficial de bombeiras foi formada apenas em 1991. Pelo pouco tempo na instituição, elas são minoria. Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de Segurança Pública não soube informar o número de homens e mulheres que atuam no estado. 

Os esforços da equipe de Rafaela deram frutos nesta sexta-feira (4), quando encontraram o primeiro corpo de um dos ocupantes do edifício. A missão do Corpo de Bombeiros, segundo a corporação, deve durar outros quinze dias pelo menos.