Capitã dos Bombeiros coordena busca por vítimas em prédio que desabou em SP

Enquanto a imprensa mostrava os destroços do que foi o edifício Wilton Paes de Almeida, que veio abaixo no incêndio gerado por um curto-circuito na última terça (1) no centro de São Paulo, a capitã Fernanda Rafaela Lourenço, 34 anos, do Corpo de Bombeiros, distribuía ordens e orientações.
Nesta quinta (5), ela foi um dos principais líderes da busca pelo corpo das vítimas e a retirada de entulho, comandando a operação durante a tarde e o início da noite. Prancheta e rádio nas mãos, Rafaela trabalhou em meio à fuligem, vigas de concreto e aço que brotavam dos escombros -- e em meio a uma porção de homens. Mais precisamente, 367 membros do Corpos de Bombeiros haviam passado por ali até aquela manhã, de acordo com a direção da instituição. Apenas cerca de 7 - entre tenentes e cabos - era mulheres.
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Era um momento delicado. A capitã precisava coordenar a busca manual da equipe de bombeiros. Tremores eram capturados por um aparelho especializado da corporação; drones realizavam sobrevoo sobre a pilha de concretos, em busca de um corpo. A equipe de fotografia da Universa entrou numa área de subsolo do prédio ao lado, de onde os bombeiros acessavam a parte de baixo dos destroços. Àquela altura, já começavam a aparecer bonecas, penteadeiras e objetos pessoais dos moradores.
Em meio à operação, a reportagem perguntou onde estava a capitã para uma cabo da corporação, que apontou em direção à esquina o Largo do Paissandu com a avenida Rio Branco. “É ela, a capitã, ali!”. Rafaela se mantinha concentrada.
Quem é ela?
Há 17 anos na corporação, Rafaela se tornou militar por influência do pai. É capitã no 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros, atuando no posto de bombeiros da Casa Verde, zona norte da capital.
Na página do Facebook do posto que comanda, tem o relato de um homem salvo pela experiência da capitã em outro incêndio. “Gostaria de agradecer a Capitão Rafaela e sua equipe no combate ao incêndio no galpão do Tremembé (...) Vocês salvaram a minha vida e a da minha esposa (...) Dívidas eternas de gratidão.”
Em outras fotos, aparece ao lado da apresentadora Luisa Mell para discutir resgate de animais em risco. Juntos com os demais integrantes da corporação, salvaram e adotaram um cachorro. “Vamos trabalhar juntos para salvar muitos animais!”, diz a mensagem.
O trabalho dela se destaca pela história recente das mulheres na corporação. Apesar de terem sido requisitadas desde 1932, quando supriram a ausência de homens na Revolução Constitucionalista de 1932, que "incendiou" o estado de São Paulo contra as tropas de Getúlio Vargas, a primeira turma oficial de bombeiras foi formada apenas em 1991. Pelo pouco tempo na instituição, elas são minoria. Até o fechamento desta reportagem, a Secretaria de Segurança Pública não soube informar o número de homens e mulheres que atuam no estado.
Os esforços da equipe de Rafaela deram frutos nesta sexta-feira (4), quando encontraram o primeiro corpo de um dos ocupantes do edifício. A missão do Corpo de Bombeiros, segundo a corporação, deve durar outros quinze dias pelo menos.
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