'Ganhava três vezes mais e mesmo assim vivi um relacionamento abusivo'
A comunicadora Manuela Xavier afirmou ter vivido um relacionamento abusivo sem saber - essa é uma das características desse tipo de violência. "Eu ganhava três vezes mais que ele, tinha independência financeira e mesmo assim eu vivi isso. Só entendi o que acontecia comigo depois que saí dessa armadilha. A violência nos distancia do prazer, nos priva de muitas coisas. Eu quero viver para além do abuso - sou muitas outras coisas que não aquela relação", contou à Adriana Negreiros, repórter especial do UOL, que mediou um painel sobre as Relações de Amor e Cuidado no Juntas Festival, nesse domingo último (10), no Parque Villa-Lobos, em São Paulo.
Ada Rodrigues também participou do debate Construção de Ambientes Seguros para Mulheres. Ela é psicóloga e contou sobre o trabalho da L'Oréal de conscientizar as mulheres sobre a toxicidade dos namoros e casamentos: os sinais nem sempre são claros, por isso é importante ter o treinamento para reconhecer as evidências e poder se libertar. Marília Moreira, do portal AzMina, reforça a importância da rede de apoio: "Com informação de qualidade, você consegue orientar a pessoa a não tomar determinados passos que não deveria tomar".
Adriana Negreiros lembrou que mulheres fortes também podem cair em ciladas como essa. "O relacionamento abusivo ainda está ligado ao machismo estrutural que trata as mulheres como objeto e não como pessoas, e nos coloca historicamente em competição umas com as outras. O que nós podemos fazer para nos proteger? A solidariedade feminina e o olhar das mulheres uma sobre as outras pode nos salvar. Juntas, como é o nome desse festival", afirmou a jornalista.
O protagonismo feminino faz diferença até na hora de mudar de casa
Este foi apenas um dos quatro painéis focados em empoderamento feminino e antirracismo. Para abrir o evento, a psicóloga Candice Pomi e a arquiteta Stephanie Ribeiro conversaram com Soraia Marioti, do Quinto Andar, sobre a Jornada do Morar.
Stephanie, apresentadora do Decora, na GNT, falou sobre decoração por meio do afeto e construção da feminilidade. No evento, ela lembrou sobre a tomada de decisão de mulheres de meia idade de sair de uma casa grande que tem mais passado do que futuro. "Quando a mulher toma o protagonismo de mudar de casa, se encontra. Escolhas coletivas são importantes, claro, mas a gente deveria entender precisa pensar mais em nós mesmas. Os homens estão fazendo isso há tempos", refletiu.
Candice concordou que falta protagonismo financeiro à mulher: a decoração é vista como futilidade, mas ter um ambiente confortável é qualidade de vida. "Crescemos achando que a vida é curta e a gente acaba tomando decisões muito equivocadas sobre decoração. A vida passa rápido, mas não é curta. Por que eu não vou ter a planta que quero no banheiro? Vou tomar muitos banhos lá ainda", diz a psicóloga.
"Temos direito de viver bem. Qualidade de vida é vista como mérito, mas a gente deve ter uma casa real, que não seja de cenário, que dê a possibilidade de descanso", finaliza Stephanie.
'Entre os homens, há os aliados e os que minam nossa autoconfiança'
Adriana Barbosa, da Feira Preta, Eduarda Vieira, que gerencia a área de comunicação, sustentabilidade e diversidade da L'Oréal, e a psicóloga Sarah Aline foram mediadas pela editora-chefe de Universa, Andressa Zanandrea, e conversaram sobre a emancipação dos sonhos. Eduarda é especializada em direitos humanos e uma das responsáveis pelo Power Talks, programa de mentoria profissional da L'Oréal para mulheres. "A ideia é unir o coletivo e fazer com que cada mulher manifeste sua grandeza", diz, antes de lembrar uma frase que norteia sua própria busca para realização de sonhos: relembre porque você começou.
Zanandrea afirmou que se emancipar passa também pela autoconfiança, que pode ser minada pela convivência com alguns homens. "Tem muitos que são aliados, mas há aqueles que impedem a nossa autoconfiança", disse a jornalista.
Sarah Aline, que falou muito sobre sua autodescoberta no último BBB, ressaltou a importância de se autoperdoar. "Autoconhecer me faz entender o que é seguro para mim. Como eu reajo diante disso? E é importante entender que o que o outro te dá é sobre ele e não sobre você", ela diz, lembrando a quantidade de vezes que deixou de fazer algo porque foi convencida de que não era capaz. "A sociedade só te lembra que você precisa sobreviver e esquece de dizer que é importante existir."
Adriana Barbosa citou uma frase de Mandela sobre deixar brilhar a nossa luz - e como isso fortalece algo dentro de nós. "Se ver como vítima impede que as pessoas vejam nossa força e se fortaleçam também. A força é coletiva. Emancipar sonhos é trazê-los para a consciência", disse.
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A jornalista Renata Simões recebeu as influencers Stace Hills e Emile Brito e cientista Lívia Rodrigues para falar sobre a Construção da Beleza através da Saúde com Diversidade & Inclusão. Emile Brito, uma mulher preta, baiana, lembrou que se deve construir a base de beleza a partir do que se é: "Sou o meu ponto de partida. Vou falar sobre meu sorriso, meu cabelo e entender que não são defeitos. É beleza. Nossa cultura preta não provém do racismo ou da violência: a gente é muito mais", ela diz.
Lívia Rodrigues contou sobre como as novas gerações já têm referências de mulheres pretas na ciência. "Em 2020, tínhamos muitos embates para descobrir outras cientistas negras. Hoje temos o perfil @pretasnaciência no Instagram e temos muita gente ali. Democratizar é trazer essas pessoas pretas como possíveis e isso melhora tudo. Eu não quero fazer sozinha, quero fazer com um montão de gente, trazer gente preta, PCD, pessoas trans na ciência", diz.
A influencer Stace Hills lembrou que encontrar gente na internet é importante para perceber como somos diversos, mas, por outro lado, há pressão estética demais.
"Muita gente dá palpite no meu visual, mas eu não vou deixar de ser eu", ela diz.
O Grupo L'Oréal é um dos patrocinadores do evento, que promove essa cobertura ao lado de Universa. As marcas do grupo, La Roche-Posay, Yves Saint Laurent Beauty e Kérastase assinaram os talks. Pra eles, a beleza move o mundo e tem a responsabilidade de trazer à tona temas importantes como o empoderamento feminino e a diversidade, a equidade e a inclusão.
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