O fundo do poço das mulheres é aos 40 anos? Estudos dizem que sim
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O processo de envelhecimento não é uma constante descida à infelicidade. Na verdade, começamos a vida com um alto grau de satisfação e, a partir dos 18 anos, nos tornamos gradualmente menos felizes, atingindo um ponto mais baixo em nossos 40 anos. É quando estamos rente ao chão na curva, que é em formato de U. Mas ao entrar na casa dos 50 anos, os níveis de satisfação decolam novamente e, aos 60, vem a plenitude.
Em 2017 uma análise foi feita por pesquisadores de economia sobre a satisfação com a vida. Eles consideraram sete grandes estudos, que somados entrevistaram 1,3 milhão de pessoas em 51 países e reiteraram esse padrão de felicidade, de uma década atrás.
A antropóloga Mirian Goldenberg, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e autora de “Por que os homens preferem as mulheres mais velhas?” (Editora Record) pesquisa a felicidade e a velhice há mais de dez anos e confirma esta curva entre as mulheres brasileiras.
“Aos 40 anos elas se sentem invisíveis, como num limbo social. Não são nem jovens, nem velhas e sentem como se deixassem de ser mulher”, diz. É porque ainda estão presas a um modelo feminino da juventude. A crise com o corpo é frequente, por uma questão cultural brasileira. “O corpo jovem, magro e sensual é um capital para elas”, fala Mirian.
Camilla Junqueira, 40, autora do perfil no Instagram @maedetres3, vive a crise atualmente. “Minhas maiores cobranças são com o meu corpo. Me comparo muito com o meu passado e isso me faz ter conflitos de autoestima. Me olhar no espelho e me ver completamente diferente de 10 anos atrás me causa certo desespero, meu corpo já não ‘segura’ mais minhas roupas como antes. Escondo algumas formas que conquistei agora aos 40 anos e que me incomodam muito, chego a comprar roupas três vezes maior do que o meu número, para me sentir mais confortável e mais magra. Eu seria mais feliz com meu cabelo, corpo e minha pele dos 30 anos”, diz.
Além de não se amar como antes e nem se conhecer, aos 40 sobra pouco tempo para viver a própria vida. “O meu cansaço físico é mais nítido, chego ao fim do dia esgotada por conta das tarefas relacionadas à casa, aos filhos e aos cachorros. Eu sofro para dizer ‘não’, algo que já nasceu comigo, mas se tornou ainda mais forte depois que virei mãe. Vivo lutando contra o tempo, precisaria de mais 24 horas para cada dia. Na maioria das vezes, acabo adiando um momento para mim. Até parei de usar relógio, para não enlouquecer ainda mais!”, diz Camilla.
A chegada aos 60 anos
A terceira idade, por sua vez, traz liberdade para ser feliz consigo mesmo. E, principalmente, confiança para recusar aquilo que não quer. A aposentada Maria Teresa Monegatto, 66, diz estar no auge de sua vida. “A maturidade é fantástica, porque você consegue dizer ‘não’ quando precisa, sem se abalar. Eu não mais falo “sim” para agradar alguém. O ‘não’ mais significativo da minha vida, foi o ‘não’ para a continuidade do meu casamento. Quando ficamos com uma pessoa por 36 anos, ficamos cômodas. Eu quero viver minha vida sozinha, com meus filhos e netos. Hoje eu tenho respostas feitas, falo o que penso”, diz.
E valoriza mais o corpo e a beleza do que no passado. “Não sei levantar da cama sem colocar batom, brincos, anéis e pulseiras. Me enfeito para mim mesma, gosto de ficar elegante. Não tenho o mesmo corpo que tinha há 20 anos, mas se as dores vierem e você aceita com tristeza, elas doem muito mais, você vive com limitações. É preciso aceitar sem estresse, sem revolta. Sou muito mais feliz agora, bem mais tranquila”, diz Maria Teresa.
E tem como ser feliz em todas as fases?
Mirian Goldenberg diz que sim. Para isso, ela defende que todas as mulheres trabalhem o “foda-se”. “Não é um palavrão, mas uma atitude interna”, diz ela. “É dizer um basta para tudo aquilo que nos faz sofrer e não é o nosso desejo. É algo que temos que reproduzir como um mantra: Vão me julgar por ir à praia de biquíni? Foda-se. Vão achar que sou uma coroa periguete porque meu marido é mais jovem? Foda-se”, diz.
Ser você mesma, sem se preocupar com o rótulo da idade, é a nova tendência. São as mulheres “ageless” (sem idade, ao pé da letra). “Nós nunca deixamos de ser as crianças que fomos, a vida é uma continuidade. Ou nós melhoramos ou nos pioramos. Não interessa a minha idade, eu vou tentar ser a melhor versão de mim mesma”, finaliza.
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