Festa, namoro, trabalho: tem tudo isso na vida de quem tem síndrome de Down
Para muita gente, viver com limitações e ser taxada como incapaz de aprender, morar sozinho, namorar e trabalhar é o que marca a vida de pessoas com Síndrome de Down. Mas nada disso reflete a realidade quando oportunidades são dadas, afinal, não se trata de uma doença, e, sim, de uma condição genética (a trissomia do cromossomo 21).
Está ficando cada vez mais no passado o estereótipo da criança que brinca isolada em salas de aula especiais ou e do adulto que fica fechado em casa, vendo a vida passar e sem muita consciência do que acontece a sua volta. Eles têm Down e fazem muitas coisas: trabalham, viajam, vão para a balada, estudam e têm sonhos. No Brasil, são mais de 270 mil, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Neste 21 de março, Dia internacional da Síndrome de Down, com relevância internacional e direito até a evento na Organização das Nações Unidas (ONU), conheça um pouco da vida agitada --e tão normal como a de qualquer um-- de três pessoas com Down.
“Não gosto de ficar parada nem um minuto. Trabalho como repórter no Programa Especial, da TV Brasil. Acreditaram em mim quando me deram essa oportunidade há 12 anos e está provado que eu conquistei mais do que cinco minutos de fama. Faço aulas de diversos tipos de dança, capoeira, teatro, sou atleta de natação e dou palestras Brasil afora sobre Síndrome de Down. Não saio sozinha, infelizmente, porque moro no Rio de Janeiro: a violência não permite. Mas não sou de ficar em casa. Saio com meu noivo para balada, cinema, shows… Minha mãe leva, a dele busca. Em casa, lavo louça e sei passar roupa superbem, fico sozinha tranquilamente, adoro navegar na internet. Duas grandes paixões que tenho são samba e carnaval: desfilo pela Portela e sou madrinha de bateria da escola Embaixadores da Alegria. Como a jornalista da Globo Glória Maria, não gosto de falar minha idade, não quero ficar velha. Parei de contar quando tinha 30! Já sofri preconceito por ter Down quando criança, mas fingia que não estava vendo, me aproximava e interagia com as pessoas. Tenho orgulho em ter Síndrome de Down, não tem nada demais. Hoje não sou tratada de modo diferente, não. As pessoas me respeitam e até me pedem autógrafo.”
Fernanda Honorato, mora do Rio de Janeiro
“Ter Síndrome de Down não me torna uma pessoa incapaz. Posso ser eu mesma e ter uma vida normal: aprender coisas, namorar, fazer compras... Tudo depende das oportunidades. Moro em Miami, nos Estados Unidos, com meus pais. Já trabalhei em salão de beleza e em clínica de fisioterapia, no Brasil. Sou atriz, influenciadora digital e blogueira. Na adolescência, descobri que tinha o poder de influenciar pessoas, então, falo muito sobre minha vida e levanto bandeiras na internet. Tenho mais de mil seguidores no Facebook e mais de 14 mil no Instagram. Muitas mulheres que têm filhos com Down me escrevem, fazem perguntas. Já me apresentei como palestrante por três anos e, agora, em 2018, no Dia Internacional da Síndrome de Down, haverá uma exposição nos Estados Unidos com fotos minhas. Adoro viajar e já fiz intercâmbio para Portugal, sozinha. Apesar de não falar inglês --estou aprendendo-- não tenho medo de sair por aí, não dependo de ninguém e gosto de desafios. Não saber o idioma não é barreira nem para namorar: ele é norte-americano e não fala uma palavra em português ou espanhol e conversamos por meio de gestos e usando tradutores on-line. Passamos os fins de semana na casa dele quando a mãe viaja e nos viramos numa boa.”
Tathiana Piancastelli, 33 anos, mora em Miami, EUA
“Aqui no Pará, já carreguei a tocha paralímpica, em 2016, e gravei um filme, "O Sol do Meio Dia", em 2006, quando tinha só 11 anos, ao lado de atores famosos, como o Chico Diaz. Fiz o teste e ganhei o papel, disputando com outros dois meninos com Down. Gosto muito de fazer atividades diferentes, agora estou aprendendo Karatê, e de me dedicar a um grupo de teatro, o Cena Especial - Teatro Inclusivo, que reúne pessoas com e sem deficiência. Já fui protagonista de vários espetáculos, como O Pequeno Príncipe, e Narciso do texto de Paulo Leminski. Estar nos palcos certamente me deixou mais extrovertido. Hoje converso com mais facilidade até com quem não conheço. É claro que já sofri preconceito, as pessoas mexiam comigo, principalmente na escola. Mas fui aprendendo a reagir de uma maneira boa, conversando, sem brigar ou ficar nervoso. Atualmente, não estou namorando, mas estou à procura de alguém. Acho que sou, sim, uma pessoa independente. Faço as coisas que gosto. Só não saio sozinho porque minha mãe não tem coragem de deixar. Mas sei das coisas: quem ensina os caminhos quando ela está dirigindo sou eu.”
Gabriel Rolim, 23 anos, mora em Marituba, PA
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