Saiba quem é Emma González, a voz dos estudantes contra as armas nos EUA
Você pode até não saber qual é a mensagem dela, mas com certeza viu seu rosto nos últimos dias: a estudante americana de origem cubana Emma González, de 18 anos, se tornou a principal voz do movimento antiarmamentista nos EUA.
No dia 14 de fevereiro, a escola em que Emma estuda — Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, no estado da Flórida — se tornou notícia depois que um ex-aluno entrou armado nas salas de aula e matou 17 jovens.
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Quatro dias depois, em um protesto em Fort Lauderdale, Emma fez um discurso pedindo o controle de armas que se tornou viral. Ela falou sobre o medo e a dor de quem viu os colegas morrerem e enfrentou de peito aberto a retórica pelo direito de ter uma arma do presidente Donald Trump.
"Isto não é uma questão de saúde mental", afirma ela em um trecho. "Ele não teria machucado tantos alunos se estivesse com uma faca. Se o presidente quiser vir até mim para dizer na minha cara que foi uma terrível tragédia, e como isso nunca deveria ter acontecido, e continuar a nos dizer que nada será feito a respeito, eu irei felizmente perguntá-lo quanto dinheiro ele recebeu da NRA [a Associação Nacional de Rifles, na sigla em inglês]".
"Se você não fizer nada para evitar que isso continue a acontecer, esse número de vítimas baleadas vai aumentar e o valor delas vai diminuir. E seremos todos sem valor para você", concluiu.
A vida de Emma antes da tragédia
A adolescente é filha de pai advogado e mãe professora de matemática. No último ano do ensino médio, ela se preparava, antes do tiroteio, para estudar ciência na faculdade. Emma é parte de um grupo de projetos de astronomia na escola, líder do time de corrida e ativista.
Ela é a atual presidente da aliança gay-hetero de seu colégio e membro ativo da comunidade LGBT ali, já que se identifica como bissexual, segundo o jornal americano "The Washington Post".
Emma também se tornou uma inspiração de estilo, autoestima e empoderamento em janeiro ao falar para o projeto "Humans of Stoneman Douglas", inspirado pelo "Humans of New York", sobre seu corte de cabelo "carequinha".
"Eu decidi cortar meu cabelo porque era um 'saco'. Eu passava calor o tempo todo, era muito inconveniente e pesado, me dava várias dores de cabeça. Era caro de manter e, quando chegasse a hora do baile de formatura, eu imaginei que seria mais barato não ter que me preocupar em arrumar o cabelo. Quanto mais meus pais diziam 'não', mais eu queria cortar. Na verdade, eu até fiz um PowerPoint para convencê-los de que eu deveria fazer. Achei que eu ficaria bem com este corte e fiquei. Deu certo", afirmou.
A repercussão do discurso
Sua manifestação emocionada sobre a facilidade com que as armas se espalham no território americano e provocam tragédias conquistou a atenção e os elogios de gente famosa como Demi Lovato e Reese Witherspoon.
A jornalista Suzanne Moore, do jornal britânico "The Guardian", escreveu sobre o poder e o impacto das palavras de Emma no artigo "Depois da Flórida, eu tinha perdido a esperança. Aí eu vi Emma González":
"González está traumatizada, mas está se organizando. Ela e muitos de seus colegas de turma estão desafiando diretamente as doações da NRA para Trump e seus aliados, e a decisão [dele] de descartar a regulamentação que tirava armas das mãos de pessoas com doenças mentais graves. Enquanto limpava suas lágrimas, pela primeira vez, vi uma verdadeira liderança nessa questão. Essas crianças estão lutando por suas vidas. Pensei que estava tudo acabado. Essa menina me dá esperança", apontou.
Ativistas pró-armas, no entanto, acusaram Emma e outros colegas que se posicionaram de maneira semelhante de serem "atores". Sobre a acusação, ela disse ao "BuzzFeed News":
"Foi muito engraçado pra nós. Ontem à noite, a gente começou a mostrar uns para os outros fotos de atores que deveríamos ser e não conseguimos parar de rir — foi legal, não ríamos tanto em, algo que parece, anos".
O que se pode esperar dela
Emma é uma das líderes do movimento #NeverAgain, que pede o controle das armas nos EUA. O que isso significa?
A pauta da organização não pede a retirada do direito ao armamento do cidadão americano comum, mas que o acesso seja limitado àqueles que possuem laudo psicológico e que seja dificultado o acesso da população geral às armas semi-automáticas.
O grupo se organizou após a tragédia de Parkland e deve ter sua maior manifestação de força durante a "Marcha Pelas Nossas Vidas", que cruzará as ruas de Washington no dia 24 de março. Até lá, resta observar o que mais Emma e os outros sobreviventes do assassinato em massa poderão mudar em uma das maiores potências bélicas do mundo.
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