Lobão critica streaming: 'Jabá das plataformas é muito mais casca grossa'
Em entrevista ao programa No Tom, Zé Luiz e Bebé Salvego mostram por que Lobão, 67, é considerado um ícone do rock brasileiro, desafiando a indústria musical e inovando ao longo dos anos. Em um papo sobre o mundo da música digital, ele criticou as plataformas de streaming: "Se você tocar um milhão de vezes, você só ganha R$ 0,4 centavos".
Lobão, um dos nomes mais ativos e influentes da música brasileira, completou 50 anos de carreira. Ele celebra esse meio século com o show "50 Anos de Vida Bandida", apresentando-se em formato de power trio — ao lado de Guto Passos (baixo e vocal) e Armando Cardoso (bateria).
O cantor explicou por que as plataformas de streaming não ajudam no crescimento do artista. "No streaming não é melhor por vários motivos. Por exemplo, na época da gravadora a coisa mais legal que tinha é que eles cuidavam da carreira do artista. Por isso que no nosso consciente, o Roberto Carlos existe, o Tim Maia existe, eu existo."
Hoje em dia tem artistas que às vezes vendem 500 mil vezes mais do que a gente, mas aí morre de avião, tem milhões de seguidores e ninguém sabe quem é. Lobão
O compositor falou como funciona as plataformas para os artistas. "O jabá existe em tudo que é lugar. Agora o jabá nas plataformas é muito mais casca-grossa e o retorno [...] Se você tocar um milhão de vezes, você só ganha R$ 0,4 centavos."
Aí o cara tem não sei quantos milhões de seguidores e dizem que o Rock tá morto. Isso acontece com todos os tipos de música e o que é onipresente ainda é o sertanejo e o evangelho que eu acho que isso aí é uma questão muito mais política, econômica. Lobão
Lobão disse ainda acreditar ser difícil termos um artista duradouro no mercado. "É muito mais difícil você formar um mito duradouro porque é tudo muito efêmero. Os hits, por exemplo, as pessoas têm que fabricar hits de 15 em 15 dias e quando o cara faz um EP, parece que o cara fez um álbum triplo."
'Quebrei violão no meu pai'
O cantor e compositor lembrou de quando quebrou um violão na cabeça do seu pai e falou da origem da família. "Eu quebrei um violão em meu pai, na cabeça assim do meu pai e eu saí de casa. Mas isso foi bem depois. Eu já era veterano. Na verdade, a minha família é uma família de automobilistas."
Meu avô construiu o primeiro ferro de Fórmula 1. O Brasil ganhou um prêmio de 1936 da Auto Union que era nazista. Meu pai fez um carro que agora tá numa exposição de automóveis lá no Rio. Minha mãe ganhou o campeonato brasileiro de kart disfarçada de meu pai porque meu pai teve um excesso de asma, então todos eles eram do automobilismo e eu nunca me adaptei. Lobão
Lobão contou que o primeiro contato com a música foi no sítio do avô holândes. "Ele fez um boliche no sítio e o meu primo, com os amigos dele, foram montando uma bateria. Eu fiquei todo animado e comecei a tocar uma marchinha de Carnaval. Com 6 anos eu ganhei a primeira bateria."
'É um Frankenstein de muito mau gosto'
O compositor detonou o perfil dos cantores sertanejos do Brasil. "Você não precisa fazer uma coisa cafajeste, vagabunda, como o sexismo grotesco, onde a coisa assim, realmente é uma coisa muito de mau gosto. E ficou uma caricatura, o cara bota uma tatuagem, bota um topete, tipo ''sou do rock'."
Um som horroroso. É um Frankenstein de muito mau gosto. Lobão
Lobão acredita ter um interesse político por trás do sucesso do sertanejo no país. "E isso fatalmente tem algum interesse econômico e político por trás disso. Não é possível isso se sustentar por tanto tempo. É uma aberração, uma deformidade estética, uma deformidade comportamental."
No Tom
No novo programa de Toca, Zé Luiz e Bebé Salvego entrevistam artistas de diferentes vertentes num papo cheio de revelações, lembranças e muito amor pela música. Assista ao programa completo com Lobão:
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