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Felipe Zmoginski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Conhece o Ernie Bot? Chineses investem R$ 1 bi para criar rival do ChatGPT

Big tech chinesa Baidu apresenta a inteligência artificial Ernie Bot à imprensa - Reprodução/ Youtube/ Baidu Inc.
Big tech chinesa Baidu apresenta a inteligência artificial Ernie Bot à imprensa Imagem: Reprodução/ Youtube/ Baidu Inc.

09/06/2023 04h00

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A disputa tech entre a China e Estados Unidos viveu um momento de desequilíbrio quando a Open AI apresentou ao mundo o ChatGPT e sua incrível acurácia na geração de respostas para perguntas em linguagem natural.

O feito parece ter tido um "efeito Sputnik" às avessas, em que os americanos fincaram uma bandeira, marcando claramente que estão um passo a frente dos rivais no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial (IA).

De fato, na China, não é um segredo que o país ainda corre atrás do Ocidente quando o tema é IA, porém não se esperava um "golpe duro" como foi a estreia do ChatGPT.

Grandes companhias chinesas têm soluções semelhantes, porém, ainda em estágio embrionário de testes.

Na última semana, porém, o Baidu —que é a corporação chinesa que mais investe no setor— anunciou um fundo bilionário para desenvolver, especificamente, aplicações de linguagem natural.

Chamado de Ernie Bot, a solução do Baidu para competir neste setor receberá investimentos equivalentes a R$ 1 bilhão ao longo dos próximos três anos, anunciou em evento público o fundador da empresa, Robin Li. A montanha de recursos não virá só do Baidu, mas de investidores privados de todo o país —e do mundo— que queiram apostar nesta tecnologia.

Vale notar que o bilionário aporte é só um pedaço dos esforços do Baidu em IA.

A empresa mantém outra montanha de recursos destinada ao aperfeiçoamento de seu projeto Apollo, tecnologia que transforma carros comuns em autônomos. Os táxis sem motorista do Baidu, aliás, já realizaram mais de 200 mil viagens por grandes cidades chinesas, como Pequim.

Embora sejam corporações privadas, com ações negociadas em bolsas americanas, as big Ttechs chinesas parecem jogar uma partida ensaiada com o governo de seu país, que têm como meta pública ser a economia líder em IA até 2030.

Enquanto o Baidu foca seus esforços em IA para o setor de carros autônomos e linguagem natural, outros grandes players como Alibaba e Tencent têm estratégias que não se confrontam entre si, mas são complementares.

O Alibaba, por exemplo, possui um exército de desenvolvedores de IA, mas seu foco está claramente centrado em como inovar no varejo e nas indústrias de logística e comércio internacional.

A Tencent, por sua vez, tem destacada atuação em aplicações de IA para a indústria de saúde (health techs) e entretenimento, como jogos eletrônicos.

Juntas, a tríade marcha sem sobrepor recursos para, ao final do processo, colocar seu país na liderança global de IA.

É um modelo interessante, mas não consensual.

Para muitos especialistas, o comportamento das big techs americanas seria mais capaz de gerar inovação criativa, já que várias delas competem em áreas similares, o que pode gerar um certo "desperdício" de recursos, porém, teria o benefício de criar uma competição intensa em que a busca de um player para superar outro seria capaz de criar melhores soluções.

É interessante observar que o ChatGPT —o caso mais brilhante de IA americana— é justamente fruto de uma colaboração entre empresas, ainda que liderada pela Microsoft.