Felipe Zmoginski

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Opinião

Carros elétricos, robôs e mais: como a economia chinesa já encosta nos EUA

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, anunciou em Davos, esta semana, que a economia de seu país cresceu 5,2% em 2023. O número é bem menor que a expansão de dois dígitos por ano, que o país registrava nos anos 2000, quando sua economia crescia em ritmo alucinante. Mesmo assim, os dados podem ser considerados um sucesso para a realidade atual. Para efeito de comparação, as perspectivas mais otimistas para o Brasil é de que nosso PIB tenha crescido 3% no ano recém-terminado.

Desde o início da pandemia, em 2019, a China enfrenta obstáculos extraordinários para crescer. Primeiro, os causados pela própria crise da covid. Depois, a obstinada ação americana em bloquear empresas chinesas e proibir a exportação de itens de alta tecnologia para o país. Apesar disso tudo, o crescimento chinês é mais do que o dobro da expansão do PIB americano, que deve fechar as contas de 2023 com crescimento de 2%.

O cálculo é relevante por demonstrar que a China continua reduzindo sua distância para o PIB americano e pode se tornar a maior economia do mundo na próxima década.

Maior exportadora de itens industrializados do mundo, a China conseguiu manter-se relevante em áreas estratégicas ou de alto valor agregado no último ano.

Por exemplo, em 2023, o país tornou-se o maior exportador mundial de carros, ultrapassando o Japão. O feito é gigantesco, dada a enorme confiabilidade dos carros japoneses e as desconfianças que pairavam sobre esta indústria na China.

Um sintoma desse movimento pôde ser visto na CES, maior feira de eletrônicos do mundo, que acontece todo início de ano, em Las Vegas. Dos três mil expositores do evento, um terço eram companhias chinesas. O número é surpreendente, pois imaginava-se uma retração das empresas de tecnologia da China para expor seus produtos nos Estados Unidos, dada a tensão crescente entre as duas nações.

Durante o evento, a Asus apresentou um notebook mais fino que o MacBook Air e a Lenovo exibiu um computador pessoal que roda Android e Windows, ao mesmo tempo.

Também as empresas de tecnologia digital da China, como aplicativos sociais e serviços de e-commerce, ganharam participação de mercado no mundo, em meio a um contexto de duríssima competição doméstica.

O grupo Alibaba, que vê sua liderança dentro da China cada vez mais ameaçada, cresceu seu volume de vendas por meio de marcas internacionais, como Lazada e AliExpress.

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Já apps como TikTok e Kwai tiveram novo ano positivo. O Kwai, pela primeira vez desde sua abertura de capital, anunciou que teve um ano de operação positiva, leia-se, lucros.

O detalhamento do PIB chinês de 2023 só deve ser conhecido em algumas semanas, mas os dados dos trimestres que já foram revelados mostram que cresceram as exportações de itens de alta tecnologia, como equipamentos para redes de telefonia, componentes para geração de energia verde, carros elétricos e, claro, eletrônicos e robôs.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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