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40 anos sem John Lennon: a música e a lenda continuam vivas

Foto da exposição "John Lennon em Nova York por Bob Gruen" - Arquivo pessoal
Foto da exposição "John Lennon em Nova York por Bob Gruen" Imagem: Arquivo pessoal

De Paris

05/12/2020 10h38

A vida de John Lennon terminou brutalmente há 40 anos, em Nova York, mas sua lenda continua viva, sua música continua a ser ouvida em todo o mundo e sua obra ainda é uma fonte de inspiração para outros artistas.

Talvez uma das maiores homenagens a Lennon tenha vindo das mãos de Bob Dylan, que em seu álbum "Tempest" (2012) lembra o músico assassinado em Nova Yorkm em 8 de dezembro de 1980, por um fã desequilibrado.

Uma das faixas do álbum, intitulada "Roll on John", é um tributo de sete minutos a Lennon e sua jornada musical. Desde então, as homenagens são inúmeras e muitas vezes vêm de artistas não muito próximos musicalmente a ele.

Por exemplo, Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath, grupo de heavy metal, que fez uma versão muito pessoal de "How?", incluída no álbum de Lennon "Imagine".

No videoclipe, o artista, vestido com um longo casaco de couro preto, atravessa as ruas de Nova York para levar um buquê de flores até a placa memorial de Lennon no Central Park.

No mundo musical existem duas escolas: aquelas que se recusam a entrar no jogo da suposta rivalidade entre Lennon e Paul McCartney, e aquelas que o fazem.

"É uma bobeira. John e Paul fizeram parte do melhor grupo do mundo, que mudou a cara da música e inspira até hoje com suas harmonias", disse à AFP Sharleen Spiteri, líder do grupo Texas.

John Lennon e Paul McCartney em show dos Beatles - Mike Mitchell/Omega Auctions - Mike Mitchell/Omega Auctions
John Lennon e Paul McCartney em show dos Beatles
Imagem: Mike Mitchell/Omega Auctions

Questionado

Além da música, Lennon também foi uma figura contraditória que não gera unanimidade. Muitos hoje questionam sua imagem como ícone não-conformista e a sinceridade de suas posições sobre igualdade de gênero ou capitalismo.

Como já aconteceu com figuras como Ernesto Che Guevara, a imagem de Lennon, com suas frases emblemáticas e seus óculos redondos, se multiplica nas camisetas usadas por pessoas de todo o mundo.

"John ficou para a história como o provocador da banda, por exemplo com o terrível escândalo da época, quando disse que os Beatles eram mais conhecidos do que Cristo. Mas ele não se politizou e só passou a visitar galerias de arte com Yoko Ono. No início, o mais apegado à cultura, quem passeava pelas exposições, era Paul", lembra Stan Cuesta, autor de "The Beatles".

John Lennon e Yoko Ono - Reprodução - Reprodução
John Lennon e Yoko Ono
Imagem: Reprodução

"Em Lennon existe um lado 'teddy boy' [movimento cultural jovem que surgiu em Londres nos anos 1950, com uma estética associada ao rock e à insatisfação social], mas ele é alguém que também teve um Rolls em uma época. Ele é uma pessoa muito complexa", garante Cuesta.

Eric Burdon, ex-líder do Animals, conta, por exemplo, no documentário "Rock'n'roll Animal" que a canção "I Am the Walrus" dos Beatles, nasceu de uma "orgia sexual" da qual ambos participaram em Londres.

Mas voltando à música, Stan Cuesta insiste que Lennon foi um "gênio natural da música, o mais intuitivo dos Beatles e o único capaz de compor um clássico como 'Strawberry Fields Forever'".