'Código Branco' não inova, mas entrega experiência de 'Spy x Family'

Há basicamente duas formas de se adaptar uma série de anime para o cinema. Pegar um arco inédito da história e adaptar tal qual "Demon Slayer - Mugen Train: O Filme" ou "Jujutsu Kaisen 0". E há quem prefira uma aventura inédita e filler, sem interferência no cânone da trama. "Spy x Family Código: Branco", que estreia nesta quinta-feira (25), opta pelo segundo caminho.

Na trama, Anya Forger (dublada por Nina Carvalho, na versão brasileira) descobre que precisará fazer uma sobremesa na aula de culinária, e Loid Forger (Guilherme Marques) leva a família inteira para uma rápida viagem para aprender como é feito o prato favorito do diretor da escola.

A premissa simples que parece saída de um episódio cotidiano de "Spy x Family" ganha camadas de complexidade no decorrer do filme. A família se envolve em uma conspiração militar após Anya engolir por acidente um microfilme com informações confidenciais. Uma grande perseguição é conduzida por "caras maus", nas palavras da garotinha.

A família Forger se prepara para viajar em 'Spy x Family Código: Branco'
A família Forger se prepara para viajar em 'Spy x Family Código: Branco' Imagem: Divulgação/Shueisha/Wit Studio/CloverWorks/Sony Pictures/Crunchyroll

Não há nada de novo em "Código: Branco", apenas uma recorrência de experiências que o público já teve nas duas temporadas da série. É como se o roteirista tivesse feito uma lista no celular de tudo o que a história já havia proporcionado e incluir situações e marcar como feitas na lista.

Temos Anya e seus colegas de escola, Yor Forger (Maíra Paris) envenenada pelas fofocas das colegas de trabalho, o cão Bond (Victor Moreno) precisando defender sua dona, cena de romance entre Loid e sua esposa de mentirinha, delírios de Nightfall (Samira Fernandes), disfarces, tiros, momentos fofos. É uma repetição da série de TV, mas uma repetição feita com extrema competência, amor e carinho.

A animação, inclusive, não é muito diferente do que se vê na série de TV. O "trabalho em dupla" feito pelos estúdios Wit Studio e CloverWorks entrega cenas lindas e boas batalhas. Há até espaço para experimentação, como em uma cena hilária de Anya com os vilões na metade final do longa, feita com um traço bem diferente e com um humor com pitadas de surrealismo.

Loid compra batom para Yor em 'Spy x Family Código: Branco'
Loid compra batom para Yor em 'Spy x Family Código: Branco' Imagem: Divulgação/Shueisha/Wit Studio/CloverWorks/Sony Pictures/Crunchyroll
Continua após a publicidade

Ainda que compreensível para quem nunca teve contato com o anime —os primeiros minutos do filme até se dedicam a explicar a premissa da família falsa e da missão do espião Twilight. "Código: Branco é um deleite para quem assistiu à série e se encantou com aqueles personagens. A cada interação, mesmo que familiar ao público, é capaz de arrancar suspiros ou gargalhadas.

"Código: Branco" une harmonicamente todas as situações do anime original em um único longa-metragem. Quer dizer, a participação de Yuri Briar (Rodrigo Firmo) é um pouco deslocada da trama do filme, mas nada que destoe tanto. Todos os personagens da série ganharam algum momento para brilhar, até mesmo o cabeludo Franky (Thiago Keplmair) está envolvido em boas cenas de comédia.

Por ser um grande "filler", o filme estraga um pouco o senso de urgência quando Twilight é retirado da Operação Strix ou que uma desgraça irá acontecer. Ainda assim, o público fica para saber como os personagens derrotarão o militar Snidel (Luiz Antonio Lobue) sem revelarem seus segredos um para o outro.

"Spy x Family Código: Branco" é um filme-conforto para os fãs da série e serve como porta de entrada para quem nunca deu play em um episódio sequer do anime. E por mais que apresente situações já vistas, "Código: Branco" faz isso tão bem que o público aceita de bom grado essas reincidências e ainda pede por mais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

Só para assinantes