MC Bin Laden cogita mudar nome em nova fase da carreira: 'Isso me incomoda'

Há oito anos, MC Bin Laden, 29, tornou-se conhecido pelo sucesso "Tá Tranquilo, Tá Favorável", acompanhado de uma dancinha viral muito antes de o TikTok explodir. A coreografia virou comemoração de Neymar no Barcelona, colaboração com Lucas Lucco e gerou até um processo contra a criadora do jogo "Fifa" que, segundo o músico, não pediu autorização para usar os movimentos popularizados por ele.

O artista vive uma nova fase após as parcerias internacionais, flertar com outros gêneros musicais e, agora, cogita até mudar seu nome artístico, sem deixar sua essência de lado. "Evoluí culturalmente com parcerias internacionais", diz MC Bin Laden, atração de hoje (2) no Primavera Sound.

"Gringos veem meu nome como sátira, como deboche. Eles nem perguntam", conta o MC. O artista afirma que a alcunha nunca foi problema entre artistas internacionais. Ele acredita, no entanto, que o nome foi um empecilho para tirar um visto para se apresentar nos Estados Unidos, em 2016.

Ele precisava ter feito um exame toxicológico, que não ficaria pronto a tempo de viajar. O músico virou notícia após ser barrado, mas ainda garante que não tinha nada a esconder e que segue longe das drogas: "O que eu mais uso é whey, creatina, muito frango e salada. Às vezes tomo uma brejinha, mas nada fora do comum".

O nome artístico, porém, tem aborrecido o músico, cujo nome verdadeiro é Jefferson Cristian Santos Lima. Ele ainda não sabe qual nome adotaria e pensa em aproveitar o lançamento de algum projeto para promover a mudança.

Isso me incomoda muito, porque quando a gente escolheu esse nome, eu era muito novo, não tinha noção de nada, achava que a vida era um arco-íris, não levava a vida tão a sério. Era largado para tudo, não ligava para nada. Depois que eu entendi o significado, eu quis trocar. Se o público aceitar, eu quero fazer essa troca. Seria importante para minha carreira, para [alinhar] com aquilo que penso, com aquilo que acredito. MC Bin Laden

MC Bin Laden se tornou um dos queridinhos da crítica especializada internacional nos últimos anos. Em 2017, o EP "É Grau" teve nota 7,7 da publicação americana Pitchfork — mais alta que a concedida ao álbum vencedor do Grammy naquele ano, "25", de Adele (7,3).

Queria que a gente fosse mais reconhecido aqui, que entendessem esse funk mais underground. Como não tem esse reconhecimento, dou preferência a esses trabalhos internacionais. A galera valoriza mais meu som. Na hora que a nota chegou, eu nem acreditei.

Neste ano, o funkeiro lançou sua primeira colaboração com a banda Gorillaz, liderada pelo britânico Damon Albarn, "Controllah". A faixa faz parte do álbum "Cracker Island", indicado ao Grammy de melhor álbum de música alternativa. Ele também lançou parcerias com o rapper espanhol C. Tangana, a americana Kelela e a banda de rock brasileira O Grilo, além de ter na manga canções com a britânica Charli XCX e com outros artistas internacionais — que ainda não pode revelar.

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Eu nunca imaginei fazer colaboração com artistas internacionais. Eu achava que eu ia só fazer aquele funk que ia estourar ali na quebrada, ali no bairro, ali na favela. [...] São coisas que eu não imaginava, não acreditava que poderiam acontecer e hoje estão acontecendo. MC Bin Laden

Ele enche Anitta de elogios ao falar de comparações com a funkeira, que também investiu em trabalhos no exterior. "Se um dia eu chegar perto de onde ela chegou, cantando nosso português, nosso funkzão, vou ficar muito feliz. Ela tá levando o funk pro mundo da forma dela, tá conseguindo também, então a gente tem que parabenizá-la por tudo que ela vem fazendo."

Bin Laden tem sido assediado após emagrecer: "É uma coisa inédita"

O funkeiro passou por uma grande mudança na aparência: perdeu 50 kg nos últimos anos. Ele conta que tem sido mais assediado por mulheres em shows e nas ruas desde que emagreceu. "Quando a pessoa é gorda, ouve mais piada do que cantada."

Quando eu emagreci, foi mais pela saúde. [...] Mas aí vieram as meninas me achando mais atraente, com mais elogios. Teve um show que fui fazer em Goiânia e as meninas gritaram: 'Bin Laden gostoso'. É uma coisa inédita. Recebo cantadas na academia, nos restaurantes, em vários lugares.

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As fãs até pediram para Bin Laden criar uma conta no OnlyFans, plataforma de conteúdo erótico, mas ele não topou. "Não, gente. [...] Deus me livre, tá amarrado. Não tenho coragem de fazer negócio", ri.

Os flertes só têm desagradado sua mãe e sua tia, conta. "Elas morrem de ciúme quando saem comigo, mano. Elas ficam boladas."

Show no Primavera Sound

No ano passado, Bin Laden sonhou em subir ao palco do Primavera Sound após assistir às apresentações de Charli XCX e Travis Scott no festival. "Só não imaginava que seria tão rápido."

Ele comemora o novo público que as colaborações trouxeram e que o festival ainda vai trazer. "É a realização de um sonho pisar naquele palco, saber que a gente alcançou um público totalmente diferente.[...] É uma galera que já conhecia a gente, mas veio conhecer mais o nosso trabalho pela música com o Gorillaz. Fico feliz de saber que eu estou num festival com grandes artistas, artistas internacionais, um dos maiores festivais do país."

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A apresentação, ao lado de MC Mari, terá funk, rock e um famoso remix. Além dos sucessos, MC Bin Laden cantará pela primeira vez a faixa "Malvadona", colaboração com O Grilo e DJ Mu540, e de "Shake It Bololo". A faixa é um remix que acumula 31 milhões de visualizações e mistura hits do funk com a música "Shake It Off", de Taylor Swift.

"Shake It Bololo" é uma das mais pedidas nos shows, segundo o MC. Nas redes sociais, viralizaram vídeos de espectadores cantando "Shake It Bololo" durante os shows da cantora no país. "A galera vai curtir essa parada nova que eu tô curtindo fazer. Vai ter também o funk verdadeiro, o funk de favela mesmo, 'mandelaço', pro pessoal mexer o ombrinho, balançar a raba à vontade, tomar seu drink e tirar sua onda."

Para o futuro, ele projeta um acústico especial de dez anos de carreira em um "estilo Charlie Brown Jr.", já que curtiu fazer as colaborações de rock. Ele também sonha com colaborações com grandes nomes do k-pop e do reggaeton, gêneros dos quais é fã: ele cita os grupos EXO, Stray Kids, Blackpink e BTS, além de Bad Bunny e Ozuna. No Brasil, cita a vontade de trabalhar com Anitta, Kevin O Chris e Matuê.

Apesar de mirar no exterior, garante que não quer mudar seu estilo para se encaixar no mercado internacional. "Em nenhuma participação que fiz pediram para cantar em espanhol ou inglês. Quem trabalha comigo já pediu, mas eu prefiro cantar meu português mesmo, meu estilo brasileiro e meu jeitão. [...] Eu acredito que um dia a gente vai conseguir chegar no mundo cantando nosso português."

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