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Invasão, ironias a Bolsonaro e beijo em Janja: como foi a festa de Lula

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

02/01/2023 07h00Atualizada em 02/01/2023 12h53

Com performances de mais de 150 artistas, o Festival do Futuro foi marcado por problemas técnicos durante os shows de Gaby Amarantos e do rapper Flávio Renegado. As artistas Duda Beat, Pabllo Vittar e Valesca Popuzuda subiram ao palco com mais de duas horas de atraso, após paralisação por volta das 22h, por cerca de 50 minutos, após apresentações de Maria Rita, Martinho Da Vila e Zélia Duncan.

Os shows começaram com público de 20 mil pessoas, 280 mil abaixo do esperado, segundo estimativa da segurança do evento. Depois, nos principais shows da noite, foi para a casa das 100 mil pessoas, de acordo com a mesma fonte. Os órgãos de segurança não divulgaram estimativas oficiais.

A assessoria de imprensa do festival afirmou que, ao todo, atingiu a meta de 300 mil pessoas. A organização considera todo o período do evento, que foi das 10h da manhã até o show de Valesca, que terminou já na madrugada de hoje e passou pela posse formal do presidente.

Na abertura, os artistas Drik Barbosa, Marissol Mwab, Ellen Oléria, Fioti, Gog, Rael, Rappin Hood e Salgadinho fizeram homenagens a Martin Luther King, Pelé e Chico Buarque.

Pabllo Vittar teve palco invadido por fã. A grande atração do evento foi surpreendida por uma pessoa durante a performance da música "Seu Crime". Após o ocorrido, Pabllo deu continuidade à apresentação com a música "Ameianoite", lançada em parceria com Gloria Groove.

"Eu tenho muito orgulho de ser uma das primeiras artistas a levantar a bandeira do Lula e falar 'Ele, não' em frente às câmeras sem medo de perder trabalho e publicidade. No mundo de digitais influencers, em que a publicidade e os bons modos preservam-se, eu estou aqui dizendo 'Lula'. Pelo povo, pelos porteiros, pelos professores, pelas pessoas que não têm voz. Pelos LGBTQIA+ que são mortos todos os dias, sem proteção pública", disse a cantora.

Cotado para assumir um posto no Ministério da Cultura, o poeta Antônio Marinho introduziu a fala de Lula no evento. Ao discursar para cerca de 100 mil pessoas, o petista agradeceu aos artistas que se apresentaram de graça no festival.

Com aceno a mulheres e cristãos, o petista lembrou ainda o tempo que esteve preso e em que foi considerado inelegível.

Tenho certeza que tem o dedo de Deus na caminha cabeça porque não é possível, sofrer o que eu sofri, passar pelo que eu passei, e estar aqui outra vez subindo a rampa do Palácio do planalto para consertar este país. Uma das nossas conquistas será a gente garantir que a mulher tenha o direito de ganhar o mesmo salário quando exercer a mesma fundação que o homem
Lula em discurso no Festival do Futuro

Beijão em Janja. Após sua fala, Lula e a esposa, Rosangela Silva, se beijaram. O gesto provocou gritos por parte do público. "Esse meu boy é demais", disse a primeira-dama em seguida.

As cutucadas em Bolsonaro. Num cover da canção Juízo Final, de Clara Nunes, o artista foi ovacionado ao alfinetar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): "É o juízo final, a história do bem e do mal. Quero ter olhos para ver, Bolsonaro desaparecer".

Nesse momento, a audiência do evento entoou gritos de "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c..." e "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula".

Quem também ironizou o ex-presidente foi Teresa Cristina. Ao cantar "Malandro", música de Jorge Aragão eternizada por Elza Soares, a cantora soltou um "olha o sigilo" e emendou com "cuidado, Jair". O presidente Lula determinou ontem que a CGU (Controladoria-Geral da União) reavalie, em até 30 dias, os decretos de sigilo de informações assinados por Bolsonaro.

Valesca Popozuda adaptou uma frase do seu hit "Beijinho no Ombro". A frase "rala, sua mandada", para a invejosa que Valesca enfrenta na música, foi para o masculino para se direcionar a Bolsonaro.

Tom político e religioso. Ao lado do grupo BaianaSystem, a nova ministra da Cultura, Margareth Menezes, exaltou a cultura negra e religiões de matrizes africanas. Essa foi a primeira aparição pública da artista após ser empossada.

Problemas técnicos e atrasos. A cantora Gaby Amarantos deixou o palco do festival por cerca de cinco minutos por causa de problemas técnicos. Acompanhada pelos artistas Aíla, Kâe Guajajara e Jaloo, a artista exaltou a região Norte e a comunidade LGBTQIA+.

O show dela terminou com homenagens aos artistas Elza Soares, Alcione, Jorge Ben Jor, Xuxa e Tim Maia.

A apresentação foi a segunda marcada por problemas técnicos. Mais cedo, o rapper Flávio Renegado havia interrompido a performance diversas vezes enquanto fazia um cover da música "A Carne", de Elza.

A cantora Duda Beat, que começaria a se apresentar à 1h, entrou no palco com quase duas horas de atraso. A artista se apresentou ao lado de Almerio, Doralyce, Luedji Luna e Zé Ibarra.

A demora fez com que Pabllo Vittar, e os convidados Lukinhas e Urias, subissem ao palco às 3h50, quase duas horas após o previsto.

O horário das performances levou crianças, adolescentes e pessoas que chegaram à capital federal em caravanas de outros Estados a irem embora mais cedo.

Falta de água e calor. O público que acompanhou o festival da posse na Esplanada dos Ministérios reclamou da falta de pontos de distribuição de água, agravada pela ausência de vendedores ambulantes no local dos shows e pelo clima abafado.

Com tempo de deslocamento de cerca de 20 minutos dos palcos principais até estandes com lanchonetes e banheiros, a estrutura do festival também foi alvo de queixas.