Andre Gabeh participou do primeiro "BBB", em 2002, e foi um dos três finalistas, perdendo o prêmio para Bambam. Ele e Vanessa Pascale, a vice-campeã daquela edição, foram os primeiros negros da história do reality da Globo.

Gabeh assiste atento ao "BBB 21", que bateu recorde de participantes negros.

O escritor procura torcer pelos participantes negros, mas conta que nesta edição só apoiava Lucas Penteado, que acabou desistindo do programa depois de uma intensa campanha de bullying e julgamento dentro do reality.

Mesmo com tantos negros no programa, ele vê que ainda há muito o que avançar.

Nego Di

O humorista, por exemplo, chegou a dizer que Gilberto não é negro: "O racismo só sofre quem é da nossa cor. O policial não te para porque tua mãe é negra", afirma.

Di ainda afirmou que Gilberto é "sujinho". André Gabeh observa: "Nego Di reproduz muitas práticas e comportamentos racistas".

E a Lumena?

"Ela é uma negra. Somos vários e não somos iguais. São vários movimentos, várias linhas, várias escolas. Lumena se apropria de causas coletivas para militar em causa própria. Ela não entendeu o que aprendeu e usa a sabedoria de muitos para sustentar um discurso egoísta e sem empatia".

Como combater o racismo?

"Sabendo que é uma guerra. Sabendo que racistas são inimigos que precisam ser combatidos. E também tentando valorizar a representatividade amorosa", afirma Gabeh.

Representatividade amorosa?

O ex-BBB escreveu um livro infantil, "Bizum e Barnabé Visitam Terra Mãe", sobre um protagonista negro que vai ao resgate de sua conexão com a ancestralidade, aprendendo a se amar.

"É importante que as crianças negras saibam que são seres importantes", diz.

Racismo

Andre afirma que nunca teve problema em se aceitar por ser negro —"eu fui ensinado a saber que sou ótimo e perfeito do jeito que sou" —, mas, em relação à sociedade, já se viu em situações difíceis e de discriminação.

E na vida adulta?

"Nunca foram frontalmente racistas comigo, mas tenho certeza de que muitas portas não se abriram para mim por causa da minha cor. O racismo é muito eficiente e está imiscuído nas ações cotidianas de muita gente. Somos vítimas dele de várias maneiras."

André conta que não se sentiu discriminado no "BBB". Mas, como homossexual, lembra que viveu situações complicadas.

"Minha sexualidade vira e mexe era colocada sob holofotes desconfortáveis. Ninguém da casa foi desrespeitoso, mas as visitas...", diz, referindo-se a convidados que estiveram na casa.