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Sky busca renascimento e anuncia relançamento no streaming: 'Nos adaptamos'

A TV paga está morta, longa vida à TV paga! Ao menos é nisso em que as antigas operadoras estão se apegando para combater o streaming e a pirataria: "reempacotar" os velhos serviços de assinatura de canais, mas com uma nova roupagem e totalmente pela internet. Agora é a vez da Vrio, que relançará a DGO como Sky+ (lê-se "Sky Mais") a partir de 6 de dezembro.

Esta é nada menos que a terceira marca adotada pela plataforma, que chegou ao Brasil em novembro de 2020 como DirecTV Go. Trata-se de uma espécie de híbrido entre o antigo e o moderno: traz centenas de canais lineares, como a "TV a cabo", mas também conteúdo sob demanda. A transmissão é via web, como a Netflix, no modelo que o mercado chama de OTT (over-the-top, que contorna cabos e satélites de televisão). Ou, como se popularizou aqui, IPTV.

A vantagem é que essas operadoras podem se colocar na posição de agregadoras de conteúdo. Ou seja, por meio delas, o assinante pode garantir os outros streamings, como Disney+ e HBO Max, em uma única fatura. A Claro, com o Claro tv+, também explora o formato.

"A TV por assinatura se inovou e se adaptou à mudança de comportamento dos consumidores, que hoje é múltiplo e diverso, não assistem apenas a um gênero e querem flutuar entre o linear e o on demand, de uma forma prática, simples e acessível", compartilha Gustavo Fonseca, presidente da Sky, em entrevista exclusiva a esta coluna de Splash.

Em busca da identidade perdida

Chama a atenção a mudança de marca. Afinal, são três nomes diferentes em três anos de existência. Vale dizer que muita coisa mudou nesse período.

Quando chegou, ainda no auge da pandemia, o DirecTV Go apostou em um nome único em toda a América Latina - sendo que a DirecTV é forte no resto do continente, mas com menos aderência no Brasil. Foi, também, um momento no qual Netflix e concorrentes nadavam de braçada, crescendo em número de assinantes, audiência e relevância.

A troca para DGO ocorreu no final de 2022, após a Vrio ser vendida pela AT&T para o grupo argentino Werthein. Independente da mudança de controle, a então nova marca, vista de fora, poderia soar como uma busca de tentar ser algo novo na era da internet, sem tantos laços com o passado. Um ano depois, tudo mudou (novamente).

"A mudança de nome de DGO para Sky+ veio para facilitar o entendimento da proposta do produto, aproveitando a grande relevância da marca Sky", revela Fonseca. Ou seja: em uma era de pulverização de streamings e na qual esses serviços se mostraram alvos de críticas (inclusive com aumentos de preços), a Vrio percebeu que tinha, sim, um trunfo subutilizado em suas mãos.

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Tela do Sky+: união da televisão linear com o streaming sob demanda
Tela do Sky+: união da televisão linear com o streaming sob demanda Imagem: Divulgação/Vrio

"Os consumidores estão incomodados com a fragmentação de conteúdo e assinaturas, que, além de prejudicá-los, limita a inclusão e o acesso ao conteúdo e informação. Ficam perdidos, sem saber onde vai passar o jogo do time do coração ou onde a série preferida está disponível. A nossa plataforma é uma agregadora de conteúdo", afirma o executivo.

Com o movimento, a companhia pode unificar as suas linhas de produtos - além do OTT, o grupo ainda mantém o modelo via satélite e a internet por fibra. Agora, todos se chamam Sky.

O "velho" serviço, aquele das pequenas antenas, do tamanho de uma pizza, segue sendo visto em 3,52 milhões de lares de acordo com números da Anatel. "A Sky atua fortemente por meio da distribuição de conteúdo via satélite em regiões menos conectadas, onde a internet não chega ou não há infraestrutura de qualidade. Nestes locais, a TV por satélite é o único meio de acessar informação, cultura e entretenimento", diz Fonseca.

Vai pegar?

Plataformas como Netflix, Disney+, HBO Max e Paramount+ estão (ou anunciaram que irão) investir em planos com veiculação de publicidade. Já o formato da transmissão linear (aquele com uma grade de programação) se tornou o "novo velho" queridinho dos grupos de mídia, por meio de serviços como a Pluto TV e Samsung TV Plus. Para fechar, empresas como a Vrio, Claro e até Apple e Amazon se posicionam como agregadoras dessa miríade de conteúdos.

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Isso te lembra alguma coisa? O streaming, a cada dia, está se tornando mais parecido com a velha TV por assinatura. Como cantava Cazuza: "Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades".

"Os conteúdos lineares agradam muito os brasileiros e, por isso, estão fortes e se reinventando na forma de chegar até o consumidor, não só em meios tradicionais, mas por meio de plataformas online, onde estão em uma crescente", compartilha Gustavo Fonseca. "A TV por assinatura se inovou e se adaptou à mudança de comportamento dos consumidores, que hoje é múltiplo e diverso, não assistem apenas a um gênero e querem flutuar entre o linear e o on demand, de uma forma prática, simples e acessível.

Noventa por cento do consumo da nossa plataforma é de conteúdos lineares, sendo que o restante procura por títulos sob demanda.

Gustavo Fonseca, presidente da Sky: "Os conteúdos lineares agradam muito os brasileiros"
Gustavo Fonseca, presidente da Sky: "Os conteúdos lineares agradam muito os brasileiros" Imagem: Divulgação/Vrio

Questionada, a Vrio diz não informar o total de assinantes da DGO/Sky+. Não há, também, números consolidados sobre o mercado de OTT no Brasil. A Anatel, agência que regula o setor, informa apenas os dados relativos ao "serviço de acesso condicionado", que é o modelo via cabo e satélite. Hoje, são 10,97 milhões de assinantes - bem longe do auge, em 2015, quando esse mercado chegava a quase 20 milhões de lares.

"A adesão tem sido cada dia melhor, dentro das nossas expectativas, porém nosso objetivo para 2024 é dobrar o número de assinantes", afirma Fonseca - ao bom estilo não temos uma meta pública, mas vamos dobrá-a. "Acreditamos que eventos esportivos futuros, como Copa América, Olimpíadas, até mesmo os campeonatos nacionais de futebol cada vez mais disputados, devem alavancar ainda mais a procura pela Sky+."

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Porém, enquanto olhamos para a Netflix ou apps de vídeo como o TikTok, o real inimigo da Vrio é mesmo a pirataria. "Essa, sem dúvida, é a nossa maior concorrente. A comercialização de equipamentos sem restrição afeta o setor como um todo, gerando uma perda de R$ 12 bilhões ao ano. Além disso, de acordo com dados da ABTA [Associação Brasileira de Televisão por Assinatura], além da indústria ser impactada, como na arrecadação de impostos, em que a União e Estados deixaram de arrecadar R$ 6,9 bilhões nos últimos cinco anos no período de 2017 a 2021, por exemplo. A pirataria também impacta diretamente o consumidor, principalmente com o risco de vazamento de dados pessoais. Vale ficar em alerta, conteúdo pirata não é legal e não pode", explica o executivo.

Seja como for, a empresa segue "entusiasmada com o futuro", afirma Fonseca. "O compromisso da Vrio é evoluir o setor".

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