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Disney+ monitora a adoção de canais lineares, mas sem 'planos imediatos'

Um dos grandes problemas do streaming é a dificuldade em encontrar algo para assistir. A solução para isso parece ser um velho conhecido: os canais lineares. Sucesso nas plataformas gratuitas, o formato começa a ser adotado nos serviços por assinatura. Segundo rumores, agora são Disney+ e Netflix que estão estudando essa possibilidade.

De acordo com o site The Information, a Disney estaria planejando incorporar esses canais com programação contínua para manter os usuários engajados por mais tempo. Eles poderão exibir, 24 horas por dia, séries e filmes da Marvel Studios, da franquia "Star Wars" e clássicos do estúdio, entre outros exemplos.

Em entrevista exclusiva a Splash para divulgar a nova fase do streaming, o escritório nacional da companhia negou a iniciativa no momento, mas deixou a possibilidade para o futuro. "Embora não tenhamos planos imediatos para a adoção desses modelos no Brasil, estamos sempre abertos a explorar e implementar novas formas de entrega de conteúdo que agreguem valor à experiência do usuário", afirmou Renato D'Angelo, gerente geral da Disney no Brasil.

Nossa prioridade é garantir uma experiência única. Continuamos monitorando de perto a evolução dessas tendências e estamos prontos para adaptar nossa estratégia conforme necessário para atender às expectativas do nosso público. Renato D'Angelo, gerente geral da Disney no Brasil

O que é Past

Esse formato linear tem um nome: Past, sigla para "Premium ad-supported streaming television" (ou "Televisão premium via streaming suportada por anúncios", em tradução livre). Trata-se de uma variação do Fast, que é "free", e já foi abordado nesta coluna.

Gerente geral da Disney no Brasil, Renato D'Angelo
Gerente geral da Disney no Brasil, Renato D'Angelo Imagem: Divulgação/Disney

O termo foi cunhado por Gavin Bridge, um especialista no assunto que se autointitula o "FastMaster". O batismo técnico é vMVPD, sigla em inglês para "distribuidora virtual de programação de vídeo multicanal".

Os canais Past são acessíveis apenas para assinantes. Funcionam como uma grade de TV paga, com emissoras que podem ser segmentadas por tema (como filmes do passado, séries dos anos 1990 etc.) ou por produto (no caso de um canal que exibe apenas um título ou franquia durante todo o dia).

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Nos Estados Unidos, Peacock, AMC+ e Paramount+ já adotaram o formato. No Brasil, o Globoplay mistura canais Fast e Past, incluindo GloboNews, SporTV e outros, acessíveis conforme o pacote assinado.

A funcionalidade tem algumas vantagens. Além de facilitar a escolha do que assistir (a curadoria é da plataforma), muitos espectadores deixam a TV como "som de fundo" enquanto olham o celular, cozinham ou conversam, o que aumenta a retenção dos usuários. Além disso, é mais fácil incorporar publicidade a esse tipo de transmissão, e os planos com anúncios passaram a ser um grande foco dos streamers.

De acordo com números divulgados pela Bloomberg, o linear funciona bem com conteúdo gratuito. A Tubi, uma plataforma Fast da Fox Corporation, já tem mais horas assistidas que Max, Peacock e Paramount+ nos EUA.

Agora, é curioso que o futuro do streaming seja algo chamado "Past", que, em inglês, também significa "passado".

Investimento em tecnologia

A incorporação de sinais lineares ao vídeo sob demanda requer o desenvolvimento de novas funcionalidades, o que implica em mais custos. Atualmente, a Disney já está investindo significativamente em marketing para relançar o Disney+, agora com o conteúdo anteriormente disponível no Star+.

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"A viabilidade desses modelos depende de diversos fatores, como infraestrutura tecnológica, parcerias estratégicas e, principalmente, o desejo do consumidor", contou Renato D'Angelo na entrevista a Splash.

Coincidência ou não, os canais ESPN já podem ser assistidos de forma linear desde a integração ao Disney+. Embora não haja uma grade de programação como na Pluto TV, é possível iniciar uma atração do canal esportivo e seguir para as subsequentes sem selecionar cada vídeo manualmente. Ou seja, como no Fast.

Netflix também pode ser Fast

De acordo com a Bloomberg, outro streamer que está de olho nos canais lineares é a Netflix. O jornalista Lucas Shaw afirma que a companhia está tendo alguns desafios com a nova oferta de anúncios e estaria analisando uma opção totalmente grátis.

Pluto TV: exemplo de serviço Fast, com centenas de canais com programação linear
Pluto TV: exemplo de serviço Fast, com centenas de canais com programação linear Imagem: Divulgação/Paramount

O objetivo é ampliar a base de espectadores que assistem a propagandas, aumentando o inventário de visualizações vendáveis e ganhando escala mais rapidamente.

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A intenção, de acordo com Shaw, é usar o modelo em mercados onde os canais abertos com publicidade têm grande penetração, como Alemanha e Japão. Ou até mesmo o Brasil, lar de emissoras como Globo, Record e SBT.

Recentemente, a companhia norte-americana testou um plano gratuito no Quênia, com acesso apenas pelo celular. Ela também disponibilizou alguns títulos de seu catálogo para serem assistidos gratuitamente no YouTube.

Não há mais detalhes sobre como esse novo plano funcionaria. No entanto, é plausível acreditar que o Fast seja uma das possibilidades consideradas devido à facilidade de incorporar anúncios e por manter a escolha do que e quando assistir apenas para os usuários pagantes.

Enquanto a Disney busca uma fórmula que tem "Past" no nome, sua principal concorrente quer "acelerar" a entrada de dinheiro dos anunciantes.

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