2021 é o ano em que o prazer feminino virou assunto de novela finalmente

Cenas de sexo em novelas são comuns faz tempo. Todo mundo tem uma memória de estar na sala na infância no momento em que a coisa esquenta na tela — e dá-lhe pai tapando o olho da criança e mãe mudando de canal apressada. Nesse contexto, a mulher sempre apareceu nua, até mais que o homem, mas essa nudez sexualizada de certa forma servia ao prazer do homem.

Agora parece ter algo novo nas relações sexuais em novelas e séries: a mulher sente prazer, mesmo que sozinha, e está no protagonismo do sexo. A cena de "Em Lugar ao Sol" em que Rebeca (Andréa Beltrão) se masturba causou um burburinho há algumas semanas por isso. "Como é que é? Mulher de mais de 50 anos sente prazer agora? E isso é sexy?", questiona o público impressionado. Pois é. Sente, sim. E faz tempo.

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Rebeca finalmente transa com Felipe (Gabriel Leone) e em casa, sozinha, relembra a noite no chuveiro. O roteiro deixa claro que o prazer que ela sentiu ainda a deixa satisfeita horas depois.

A série "As Five", da Globoplay, já havia exibido cena de masturbação feminina — a exemplo de séries da Netflix, como "Sex Education", que tratam o assunto de maneira corriqueira.

Em "Verdades Secretas 2", a personagem de Paula Burlamaqui, Aline, começa a se pegar com o ex da filha, bem mais jovem. Ela o rejeita, mas ao sair correndo do local, grita de prazer sozinha — a cena sugere que ela estivesse tendo um orgasmo mesmo após se afastar do rapaz.

Mostrar cenas como essa na TV aberta ou streaming é importante: há homens que nem sabem identificar o orgasmo (ou ausência dele) nas relações com suas parceiras.

Muitas mulheres também enfrentam tabus em se tocar ou conhecer o corpo. Se identificar com uma personagem de novela de meia-idade que busca o próprio prazer pode ser muito positivo. Se Rebeca pode e quer se masturbar, por que outras mulheres não poderiam? Se Aline sente um prazer intenso que a faz gozar momentos depois de dar uns beijos em um cara, será que todo mundo pode fazer o mesmo?

A resposta é individual, mas a dúvida sobre o prazer já é benéfica. Perder o pudor de experimentar é o primeiro passo para uma vida sexual mais satisfatória e feliz. E isso todo mundo pode (e deve) buscar.

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