Vinho combina com coxinha? Sim! Veja como harmonizar a bebida com petiscos

"Coxinha com Champagne? Ora, onde já se viu?" Essa foi a reação de muita gente quando Danilo Camargo cursava a escola de sommelieria e apareceu com a ideia. "Onde um vinho tão nobre pode casar com um petisco tão pop?" No Brasil, claro.

A sugestão, ele garante, não tem nada de estapafúrdia. "Se analisarmos tecnicamente os elementos da comida e dos vinhos, vamos chegar a muitas harmonizações que parecem estar fora do padrão, mas são perfeitas. Muita gente não ousa experimentar por preconceito", diz o sommelier.

Frango a passarinho também vai bem com espumantes. Uma porção de carne seca desfiada de dar água na boca pode harmonizar com um tinto espanhol suculento. Torresmo com um branco alemão bem fino, pastel de queijo com vinhos de uvas italianas ou francesas... a brincadeira não tem fim.

Nossos petiscos são muito ricos, têm gordura, textura, crocância misturada com maciez, tudo o que um sommelier ama harmonizar. Cerveja e caipirinha são ótimas para acompanhar essas comidas, mas isso todo mundo já sabe. Podemos ir além e pensar em coisas bem diferentes, diz Danilo, sócio do wine bar Notre Vin, em São Paulo.

As dicas a seguir - do punk ao light - foram pensadas para que o vinho leve vivacidade à comida e vice-versa. "Já que vamos sair para um bar ou restaurante, ou para um encontro na casa de amigos, por que não melhorar a experiência?"

Então, anota aí...

Frango à passarinho

Frango à passarinho
Frango à passarinho Imagem: Getty Images/iStockphoto

Supergorduroso, o frango à passarinho pede vinhos de alta acidez, que equilibrem tanta untuosidade. Quando essa acidez se une a borbulhas, melhor ainda. Aposte em espumantes mais secos, que têm pouco ou quase nenhum teor de açúcar (caso da categoria nature).

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Além de fazer uma boa parceria com a carne do frango, limpam o paladar e o apetite para a próxima mordida. Ou seja, tudo fica mais apetitoso. Pode carregar no alho tostadinho, que eles vão continuar harmonizando.

Danilo indica os brasileiros Vita Eterna Nature (R$ 150,10 na loja da vinícola) e Cave Amadeu Brut (R$ 95,30 na loja da vinícola Família Geisse).

Torresmo

Torresmo
Torresmo Imagem: Mariana Pekin/UOL

Para outro petisco bem ogro e gorducho, Danilo sugere vinhos com muito frescor e acidez. Rieslings alemães ou alsacianos têm essa pegada, além de um frutado marcante, que contrasta com o salgado do torresmo pururuca. Pfaffmann Riesling Seco (R$ 159 na Weinkeller) vem na garrafa de um litro e tem boa relação custo-benefício. Angove Low Riesling (R$ 76 na World Wine) vem da Austrália e também tem preço amigo.

Agora, se você quiser harmonizar seu torresmo com um rótulo mais luxuoso, a pedida pode ser Selbach-Oster Riesling Trocken (R$ 251,50 na Mistral).

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Pastel de queijo

Pastel de queijo
Pastel de queijo Imagem: Getty Images/iStockphoto

Aqui a gordura também é protagonista, mas divide a cena com a textura cremosa do queijo derretido e com a crocância da massa frita. Por isso, é legal harmonizar o pastelzinho com vinhos brancos que mantenham o frescor, mas tenham um pouco mais de corpo e notas frutadas tropicais.

As dicas são o brasileiro Solitude Trebbiano Toscano (R$ 97,90), da vinícola gaúcha Área 15, e o sul-africano Klein Constantia Sauvignon Blanc (R$ 186 na World Wine).

Coxinha de frango

Coxinha
Coxinha Imagem: iStock
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Coxinha com espumante é tudo. Se ela tiver requeijão no recheio, o vinho deve ser um pouco mais encorpado e ter boa textura. Os espumantes de Champagne são assim.

A massa de batata, o frango e o queijo cremoso casam muito bem com um vinho mais untuoso e com aromas de fermento, diz Danilo.

Drappier Carte D'Or Extra Brut (R$ 560 na World Wine) é sua sugestão. Para quem não pode com o preço do Champagne, tem espumante nacional encorpado também: Bodega Sossego Camp4ña Chardonnay Brut (R$ 108 na loja da vinícola). E coxinha sem queijo? Vai bem com espumantes mais secos ainda, da categoria nature. Prove com o brasileiro Miolo Cuvée Nature (R$ 84,90 na loja da vinícola).

Croquete ou bolinho de carne

Croquete de carne
Croquete de carne Imagem: Getty Images/iStockphoto

A crocância da casquinha, a textura macia da carne, o aroma e sabor dos temperos podem chamar um tinto leve e refrescante, sem passagem por madeira e com boa acidez, para tabelar com a gordura. Capella dos Campos Pinot Noir (R$ 84 na Vinhos e Vinhos) é um gaúcho bem fresquitcho e pode ser servido um pouco mais gelado do que a maioria dos tintos. Danilo também indica o espumante argentino Nat Charmat (R$ 180 na Boca a Boca Vinhos), 100% Pinot Noir.

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Filé mignon aperitivo com cebola

Filé mignon aperitivo com cebola
Filé mignon aperitivo com cebola Imagem: Getty Images

Danilo explica que o filé mignon não é uma carne muito gordurosa e, portanto, não pede um vinho de acidez nas alturas. Também não pode ser um tinto muito amadeirado.

Cherry Bomb (R$ 106,43 na Vino Verace) é um clarete, estilo de tinto mais leve, produzido pela gaúcha Garbo Enologia Criativa. É bem suculento e ótimo para dias quentes. O chileno La Causa Blend Gran Reserva (R$ 238,90 na Decanter) é elegante, pleno de fruta e frescor, feito com as uvas Cinsault, País e Garignan.

Linguiça acebolada

Linguiça acebolada
Linguiça acebolada Imagem: Getty Images/iStockphoto
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Essa combinação é bem gordurosa e a cebola ainda traz acidez. Para acertar, um rosé mais encorpado pode cair bem. Ou um tinto no meio termo: não muito fresco, tampouco muito amadeirado. Danilo diz que a região francesa do Rhône tem uma boa resposta para a nossa porção de linguicinha: Le Cabanon des Alexandrins Syrah (R$ 203,96 na Mistral).

Se preferir rosé, a dica do sommelier é O Anarquista (R$ 114,18 na Vino Verace), blend de Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc elaborado pela Garbo Enologia Criativa.

Carne seca desfiada

Carne seca desfiada com cebola e mandioca frita
Carne seca desfiada com cebola e mandioca frita Imagem: Getty Images

A carne seca é forte e salgada, pede vinhos tintos com estrutura, textura, picância e toques de especiarias, que não tenham excesso de madeira e também não sejam muito frescos, diz Danilo.

Um rótulo que reúne essas qualidades é Volandera (R$ 165 no Empório Sabor e Cia.), feito com uvas Garnacha na região espanhola de Navarra. Outra opção é o blend de Monastrell com Syrah contido em El Picoteo Tinto (R$ 108,90 na Vino Mundi), também espanhol, da região de Castilla-La Mancha.

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Bolinho de bacalhau

Bolinho de bacalhau
Bolinho de bacalhau Imagem: GGbrasa

Danilo explica que a fritura mais amada de Portugal pede um branco mais encorpado, para casar com a batata da massa. Porém, ainda precisamos de acidez alta, para fazer aquele match com a gordura. Se quiser fazer uma harmonização clássica, a uva Alvarinho é "gordinha" e tem a acidez desejada, especialmente se vem de um de seus terroirs mais propícios, Monção e Melgaço, norte de Portugal.

Anselmo Mendes Muros Antigos (R$ 271,90 na Decanter) é um belo rótulo de lá. Há também bons exemplares de Alvarinho na América do Sul, como o brasileiro Hermann Alvarinho Jovem (R$ 101,90 na Decanter) e o uruguaio Garzón Reserva Albariño (R$ 168 na World Wine).

Isca de peixe ou manjuba frita

Isca de peixe
Isca de peixe Imagem: Getty Images
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Esses clássicos das barraquinhas de praia e restaurantes à beira-mar merecem vinhos brancos com um toque salino, muitas vezes vindo da proximidade dos vinhedos com o oceano. Estamos, pois, em casa. Danilo sugere mais um Albariño - agora com grafia diferente porque vem da região espanhola de Rías Baixas.

Trata-se do elegantérrimo Sal Albariño (R$ 194 na Click no Vinho), da vinícola Iria Otero. Opção brasilierinha bacana é o Miolo Wild Trebbiano (R$ 74,90). Ele mostra bem como essa uva italiana se deu bem no terroir da Campanha Gaúcha.

Sardinha na brasa ou escabeche

Sardinhas na brasa
Sardinhas na brasa Imagem: Divulgação

De sabor marcante e com bastante gordura, a sardinha costuma ser amigona dos vinhos laranja. Eles são feitos uvas brancas só que, pelo fato de as cascas também serem maceradas e ficarem em contato com o líquido, ganham uma coloração âmbar. São mais intensos e complexos e podem vir com um toque terroso que vai casar especialmente bem com o peixe.

Danilo indica o brasileiro Vita Eterna Laranja (R$ 134,90 na loja da vinícola), feito com Chardonnay. E o chique laranja alemão de Bianka e Daniel Schmitt (R$ 355 na Glou Glou), da uva Müller-Thurgau.

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Bruschetta de tomate

Bruschetta de tomate
Bruschetta de tomate Imagem: Getty Images

Essa receita tem alma mediterrânea e geralmente vem com ervas perfumosas como manjericão ou alecrim. A aposta pode ser em rosés que tragam toques herbais e florais, além de leveza e frescor, que casam com a acidez do tomate.

Um deles é Madame Rosé (R$ 171,55 na loja da vinícola), feito com uva Grenache pela vinícola La Grande Belleza, no Rio Grande do Sul. Um espumante rosado com um pouco mais de corpo também cai bem. Experimente Camp4ña Brut Rosé (R$ 108 na loja da vinícola) da também gaúcha Bodega Sossego.

Burrata

Burrata, água de tomates e tomates coloridos
Burrata, água de tomates e tomates coloridos Imagem: Angelo Dal Bo
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Se a burrata vier acompanhado de tomatinhos cereja e rúcula, você tem uma mescla de untuosidade, frescor, acidez e leve amargor da folha. Um Chardonnay sem passagem madeira, com notas de frutas tropicais, abraça todos esses elementos.

Prove os brasileiros Adolfo Lona Chardonnay (R$ 76 na loja da vinícola) e Manus D'Italia Chardonnay (R$ 99 na DOC Vineria). Ou mude de uva com o italiano Valvirginio Vermentino Toscano (R$ 149 na DOC Vineria), frutado, com notas de pêssego.

Homus, babaganuch e coalhada seca

Homus
Homus Imagem: iStock

Há vinhos que abraçam as diferentes características do trio sírio-libanês tão querido - a textura do homus, o defumadinho do babaganuche e a acidez da coalhada. Danilo sugere algo bem fora da curva: um Chardonnay vindo do Peru, com média intensidade, boa acidez e notas de frutas tropicais.

É Intipalka Chardonnay (R$ 87,30 na Boutique do Vinho). Ainda da América do Sul, indica um bom amigo argentino para as pastinhas: Miguel Minni Sauvignon Blanc (R$ 138 na Boca a Boca Vinhos), que também traz aromas cítricos e tropicais.

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