Qatar é caro? Brasileira viajou pelo país com menos de US$ 15 por dia
Riquíssimo em reservas de gás natural e com um PIB per capita que está entre os maiores do mundo, o Qatar tem fama de ser um destino caro para turistas.
No país da Copa, é fácil desembolsar centenas de reais em uma refeição ou milhares de reais em uma diária de hotel. Estamos falando de um país onde é servido um bife coberto por folhas de ouro que custa R$ 9 mil.
A brasileira Ana Vieira (@pelagalaxia), entretanto, conseguiu conhecer esta pequena e abastada nação do Golfo Pérsico gastando, em média, menos de US$ 15 (cerca de R$ 78) por dia.
Especialista em viagens mochileiras, Ana visitou o Qatar neste ano, antes da Copa, como parte de um grande roteiro pela Península Arábica.
Tenho uma relação muito próxima com o Oriente Médio. Já tinha viajado por lá antes da pandemia, mas faltava conhecer os países do Golfo.
"Visitei lugares como Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Kuwait, quase sempre viajando por terra. E estava muito curiosa para conhecer o país que iria sediar a Copa. O Qatar está se destacando muito no mundo do turismo nos últimos anos. Queria ir até lá para ver o que estava acontecendo", explicou.
Hospedagem: sofá
Com seu mochilão, Ana chegou sozinha a Doha em um voo proveniente do Kuwait e, ao desembarcar, começou de imediato seu percurso de baixo custo.
Ela havia reservado sua hospedagem na capital do Qatar através do Couchsurfing, site no qual pessoas se oferecem para receber, gratuitamente, turistas em suas casas.
Seu anfitrião em Doha foi um sudanês que vive na cidade, que a acolheu em sua residência sem cobrar nada e a tratou da melhor maneira possível.
"Ele e alguns amigos foram me pegar no aeroporto de carro e, de lá, fomos direto para uma praia, onde eles prepararam um churrasco de boas-vindas para mim. No mundo árabe, as pessoas prezam muito pela hospitalidade. E fui tratada de modo muito especial durante todo o tempo em que fiquei no Qatar".
Na companhia de seus novos amigos, Ana conseguiu viver uma profunda imersão no país do Golfo sem gastar quase nada.
Além de não ter despesas com hospedagem, ela se viu impedida de pagar qualquer refeição durante a viagem.
"Meu anfitrião e outras pessoas que conheci por lá me convidavam para almoçar, jantar ou tomar café e não me deixavam pagar nada. Eram restaurantes mais simples do que os frequentados pela grande parte dos turistas, mas que me davam experiências muito verdadeiras, pois são lugares aonde muitos dos moradores de Doha vão comer", explica.
Roteiro: de olho em atrações gratuitas
Ana passou seis dias no Qatar e, durante este tempo, gastou US$ 85.
Contribuiu para a economia o fato de que ela conseguiu conhecer, de maneira fácil, diversas atrações gratuitas do país.
O Qatar é um país muito pequeno. Você consegue percorrê-lo rapidamente de sul a norte e de leste a oeste.
"E meus amigos me levaram em road trips de carro por lá", conta.
A brasileira relata que, fora de Doha, visitou a histórica Al Jumail, vila de pescadores surgida no século 19 e que, após o boom do petróleo e gás natural no Qatar no século 20, foi abandonada por seus moradores, que se mudaram para Doha para tentar novas oportunidades de vida.
Hoje, é uma espécie de pequena cidade fantasma na costa do Golfo Pérsico.
Com entrada gratuita, a Biblioteca Nacional do Qatar, por sua vez, foi um dos lugares favoritos de Ana durante sua estadia na nação árabe.
"É um prédio belíssimo, de arquitetura moderna. E fica a cerca de 30 minutos do centro de Doha. Então, não há muitos turistas indo lá", conta. "E outro lugar fascinante onde não houve cobrança de ingresso é o Planetário Al Thuraya, com projeções bem legais sobre o sistema solar".
E, para ela, o simples fato de estar passeando na companhia de moradores do país já era um grande programa.
"Quando chego a um novo país, não me preocupo em visitar as atrações turísticas que são pagas. Não vou pagar para subir em um mirante para ver a cidade de cima ou para entrar em um parque de diversões. Busco fazer coisas baratas, sair com as pessoas locais e fazer o que elas fazem em seu dia a dia. Busco ter o mesmo tipo de diversão que as pessoas locais têm. Isso me ajuda a economizar e ter grandes experiências culturais".
Celular na mesa, mochila no chão
Ana conta que se sentiu totalmente segura durante sua viagem pelo país da Copa.
O Qatar é um dos lugares mais seguros do mundo, muito mais seguro do que capitais europeias como Paris, Madri ou Londres.
"Não me preocupava em deixar meu celular na mesa dos restaurantes. Você deixa sua mochila no chão, anda três metros para tirar uma foto e quase não há risco de alguém pegar. Há câmeras em todos os lugares", afirma ela.
Além disso, a brasileira não enfrentou problemas por ser uma mulher viajando sozinha.
Como mulher estrangeira no Qatar, só encontrei gentilezas e sorrisos. Todo mundo tentava me ajudar. Me senti muito bem-vinda.
Porém, Ana afirma que, para que a experiência de viagem seja exitosa, é importante conhecer e respeitar a cultura do país visitado.
"Ao chegar a um país como o Qatar, que tem uma cultura muito diferente da nossa, se comporte como um visitante. Entenda que você não está lá para mudar o mundo, não está lá para desrespeitar a cultura local. Você está lá para aprender e ter experiências marcantes. Os julgamentos você deixa para o momento em que voltar para casa. Para mim, foi muito fácil viajar pelo Qatar, pois estava aberta para conhecer não apenas o lugar, mas também as pessoas e sua cultura. Isso deixou tudo mais simples".
Ao término de sua estadia no país, a brasileira continuou com seu percurso mochileiro de baixo custo: foi de carona até a Arábia Saudita.
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