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"Atletas nos mostram que vale a pena ser brasileiro", diz Fernanda Takai

Bruno Calixto

Colaboração para Nossa

08/08/2021 04h00

Mistura do Brasil com o mundo, Fernanda Takai, convidada de "Brasil com Zeca" desta semana e curadora da temporada Japão de Nossa, passou por Amapá, Bahia e (chegou e ficou em) Minas Gerais.

Neta de japoneses, ela conta que prefere comida brasileira, mas que entre a culinária mineira e o sukiyaki do avô Takai fica com a segunda opção: "incomparável, mas gosto muito dos ramens de alto nível que andam por aí também".

Numa conversa com o amigo e anfitrião Zeca Camargo, Fernanda chama a atenção para uma expressão em japonês que acabou virando piada interna com o irmão Rafael.

"Quando fui ao Japão pela primeira vez (virada de 2005 para 2006), eu ouvia meu irmão falar 'sumimasen', que quer dizer por favor ou com licença, mas ficou uma brincadeira entre a gente 'chama o sumimasen para ajudar a gente, como se fosse uma pessoa."

Extremamente cortês, correto e educado. Uma qualidade irrefutável do povo japonês, diz ela, é receber bem.

Mesmo que seja um encontro fugaz, uma informação no meio da rua, existe uma excelência de parar, ouvir, entender a dúvida e te ajudar."

A qualidade dos equipamentos e a educação da plateia japonesa também deixaram boas impressões na cantora. "Não ficam puxando câmera o tempo todo, tem lugares que não tem nem essa possibilidade. A plateia fica sintonizada no que está ali. Eu sinto uma falta danada disso no Brasil."

Fernanda Takai - Bruno Senna - Bruno Senna
Fernanda Takai
Imagem: Bruno Senna

Açúcar com shoyu: é salgado ou doce?

Raramente, Fernanda Takai comia acelga, a não ser na casa do avô Takai (o do sukiyaki). "Era tanta acelga… E ele ainda cozinhava com banha, o que a gente não vê muito hoje em dia. Misturava açúcar com shoyu e não sabíamos se era doce ou salgado."

Os avós da cantora vieram ainda crianças para o Brasil, se conheceram na colônia. "Sou mestiça, bem misturada mesmo, japonesa de olho aberto", diz Fernanda. "Quando vim morar em BH havia poucos japoneses. Meu pai ia buscar a gente na escola, e muita gente perguntava: 'como é ter um pai japonês? Deve ser mais legal do que pai brasileiro né?'".

Planos de viagem

Apaixonada pelo Japão, Fernanda não fica somente em Tóquio na hora de indicar um roteiro e sugere começar por Okinawa e passar por Hokkaido, Japão de cabo a rabo, de acordo com a florada das cerejeiras.

E não é só na gastronomia e no turismo que o arquipélago está na mente da cantora. No seu último álbum, "Será que você vai acreditar", a artista adotou influências do Japão, como em "Love song", composta com a japonesa Maki Nomiya.

Esta canção especialmente foi feita há alguns anos para celebrar a amizade entre Brasil e Japão mesmo com fusos trocados, um pretexto para a gente se encontrar."

Fernanda Takai - Divulgação - Divulgação
Fernanda Takai
Imagem: Divulgação

Negacionismo e orgulho de ser do Brasil

O disco foi criado e gravado na pandemia com seu marido, John Ulhoa. "A gente começou antes e depois acelerou. Já tínhamos feito canções sobre este período negacionista que a gente vive, mesmo sem saber que estaríamos nesta pandemia. Este negacionismo no Brasil já existe há pelo menos quatro anos. Não foi de uma hora para outra".

Sobre os atletas brasileiros lá fora, Fernanda diz que eles estão recuperando "nosso valor" e o "vale a pena ser brasileiro". "Uma coisa que a arte nos deu, o respiro, o sorriso, a lágrima de alegria que cai", conclui a cantora, fã de Nara Leão, Rita Lee e Clara Nunes. "Uma escola universal."

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