Juca: Prazo de técnicos estrangeiros no Brasil tem a ver com o país de hoje
Eduardo Coudet ficou meses no comando do Internacional e deixou o clube no meio da temporada, Jorge Jesus deixou o Flamengo logo após renovar seu contrato para retornar ao Benfica e agora Jorge Sampaoli está próximo de se despedir do Atlético-MG. Com a passagem dos técnicos estrangeiros sendo pouco duradouras no futebol brasileiro, mesmo com o sucesso em campo no caso de parte deles.
No podcast Posse de Bola #101, Juca Kfouri analisa os motivos que levam os técnicos estrangeiros a não permanecerem por muito tempo no Brasil e afirma que o país hoje deixou de ser acolhedor como já foi em outros tempos.
"Eu acho que isso tem a ver também com a própria instabilidade do país, com as inseguranças de uma história recente brasileira. O Brasil não é hoje um país acolhedor, não é mais aquele. Eu vou te dar o exemplo inverso do São Paulo. José Poy chegou aqui para jogar no São Paulo e ficou a vida inteira até morrer, o Rojas chegou aqui para jogar no São Paulo e quis ficar aqui até o fim", diz Juca.
"Você tem o Fleitas Solich, ficou um tempão, o Filho Núñez ficou um tempão, era um outro Brasil, era um Brasil muito mais acolhedor do que este Brasil que nós temos hoje. Então eu acho que isso pesa", completa.
O jornalista afirma ainda que o fato de os treinadores estrangeiros não serem subservientes aos dirigentes, como ele considera que boa parte dos brasileiros são, é mais um fator que dificulta uma permanência mais longa deles no país.
"Pesa também eu acho a relação com a cartolagem, porque a cartolagem está acostumada a uma certa subserviência dos nossos treinadores, porque é raro você ter um João Saldanha, é raro você ter um Telê Santana, que bote o dedo na ferida. Você há de se lembrar do Telê Santana, técnico do São Paulo, brigava com o Eduardo Farah a semana inteira, brigava com a Federação Paulista, brigava com a escolha das bolas, ele dizia que a bola era escolhida porque dava propina para o dirigente, ele criava caso com tudo", diz Juca.
"O técnico estrangeiro tende a ter mais independência e o cartola brasileiro não gosta de trabalhar com gente independente, porque ele não é independente, ele é um dependente específico de uma estrutura reacionária e corrupta, como é a estrutura do nosso futebol", conclui.
Posse de Bola: Quando e onde ouvir?
A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas e sextas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter).
A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts. Você pode ouvir, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e Youtube --neste último, também em vídeo. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.
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