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Presidente do Flu discute com repórter da Globo após fala sobre racismo

Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, discutiu com o repórter Luiz Teixeira, do Grupo Globo - Montagem/UOL
Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, discutiu com o repórter Luiz Teixeira, do Grupo Globo Imagem: Montagem/UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/02/2022 12h13

Durante o Redação SporTV de hoje (07), os comentaristas debateram o caso de racismo contra o atacante Gabigol, do Flamengo, que aconteceu na partida contra o Fluminense pelo Carioca. O presidente do Flu, Mário Bittencourt, pediu para participar da atração e acusou Luiz Teixeira, jornalista da Globo, de ter sido preconceituoso ao comentar o tema.

"Acho que dificilmente se o presidente do Fluminense fosse negro essa nota tinha sido escrita, porque quem é negro não duvidaria de quem está denunciando", disse Luiz Teixeira antes da participação de Bittencourt.

O cartola se sentiu ofendido, dizendo que pessoas de sua família já foram alvo de racismo e que jamais compactuaria com isso.

"Dizer que a nota não teria sido dessa forma se o presidente fosse negro está colocando meu juízo de valor em pauta. Falar isso é tão discriminatória quanto o ato que aconteceu na partida de ontem. Estou indignado com o que eu ouvi, de querer rotular o clube. Nós éramos o único clube da Série A que tínhamos dois treinadores negros, Marcão e o Roger Machado", comentou Mário.

O presidente do Fluminense seguiu com a acusação de que Luiz estaria insinuando que o fato dele não ser negro influenciou na forma como a nota de repúdio do clube foi escrita. Já o jornalista reiterou que o dirigente é capaz de sentir a dor de outras pessoas, mas jamais passou por um episódio de racismo.

"Queria que você me explicasse o porque o fato de eu ser branco faria eu fazer uma nota diferente da que eu fiz ou não fiz", indagou Mário.

"Porque você não sente a dor do racismo", falou Luiz.

"Eu sinto sim, porque minha mulher é negra", disse Mário.

"Alguma vez, sozinho andando no shopping, você já foi perseguido ou tirado de algum lugar por ser negro? Então você não sente essa dor, você sente a dor das pessoas", completou Luiz.

"Querido amigo, a nossa nota foi feita de acordo com os fatos ocorridos ontem. Isso não tira o fato de eu achar que sua fala foi discriminatória com relação a mim", falou Mário.

"Claro, você tem o direito de achar o que quiser", finalizou Luiz.

Em seguida, o presidente do Fluminense explicou o processo que levou o clube a escrever sua nota.

"Nós tivemos acesso a uma publicação do (Antonio) Tabet em que ele fala que tinha a tinha tido a impressão de que o Gabigol teria sido ofendido. Depois disso, vimos o vídeo e achamos que o áudio é inconclusivo. A posição do Fluminense é que o áudio ainda é inconclusivo, solicitamos as câmeras para o Botafogo para ter acesso aos vídeos para darmos entrada em um inquérito. Vamos apurar e queremos que, se a ofensa for confirmada, fazer o máximo possível para punir o suposto autor da fala. Estamos analisando o vídeo desde cedo e temos dois possíveis torcedores que podem ser os autores", mencionou Bittencourt. E continuou:

"Nós temos apenas como tomar medidas administrativas, por isso, para que a lei seja cumprida, o Gabigol, caso tenha certeza do que ouviu, deve fazer uma denúncia na delegacia especializada", completou.

Confira a nota publicada pelo Fluminense:

Entenda o caso

Em um vídeo publicado da partida de ontem entre Flamengo e Fluminense, é possível ouvir a palavra "macaco" enquanto Gabigol se dirigia para o vestiário no intervalo do jogo.

Após o confronto, o jogador se manifestou nas suas redes sociais sobre o ato de racismo que sofreu.

"Até quando? Até quando isso vai acontecer sem punição? Jamais vou me calar, é inadmissível que passemos por isso! Orgulho da minha raça, orgulho da minha cor! #RacismoNão", escreveu Gabriel Barbosa em seu Twitter.