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Para Roger Machado, decisão do STJD sobre o caso Celsinho é um 'retrocesso'

Roger Machado participou do Seleção SporTV desta sexta-feira (19) -  LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.
Roger Machado participou do Seleção SporTV desta sexta-feira (19) Imagem: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/11/2021 15h32

Um dos temas discutidos no Seleção SporTV de hoje foi a decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de devolver os pontos ao Brusque após o caso de racismo envolvendo o jogador Celsinho, do Londrina. O técnico Roger Machado participou do programa e classificou a decisão como "retrocesso".

"Eu percebo (a decisão) como um retrocesso. Se a gente quer eliminar essas pessoas dos estádios, nós precisamos de punições mais duras, que possam impedir que esses atos voltem a acontecer. Esse julgamento prega a não punição. Se os times vão ter que terminar o campeonato com uma calculadora na mão, que terminem, mas que isso não volte a acontecer", disse Roger.

O treinador também mencionou que sempre duvidou da posição dos clubes quando atos racistas acontecem dentro dos estádios de futebol.

"Eu sempre manifestei minha dúvida com relação ao engajamento dos clubes no que diz respeito à identificação e punição quando esses atos acontecem dentro do estádio pelo simples medo da punição esportiva", completou.

Além disso, Roger também falou sobre a falta de pessoas negras nos cargos importantes do futebol brasileiro, inclusive no comando de grandes times.

"O futebol chegou ao Brasil branco e pela elite. Por um período ele foi popular no campo, mas nem os estádios hoje são para o povo, porque o preço dos ingressos não permite. O futebol reflete a nossa sociedade e, às vezes, amplifica o que temos de ruim. Quando o jogador encerra sua carreira e tenta ascender é quando os filtros acontecem. Para mim, fica muito claro que existe um marcador de exclusão, e esse marcador é a cor da pele", completou.

Na manhã de hoje, o próprio Celsinho comentou sobre a decisão do STJD e disse que o Tribunal nunca vai entender o que ele sentiu na pele. "É um sentimento de indignação. Em nenhum momento nos passou pela cabeça que a decisão deles seria esta. É uma insatisfação, uma decepção."