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O que já se sabe sobre possíveis causas do acidente que matou Kobe e mais 8

Local do acidente de Kobe Bryant

Do UOL, em São Paulo

27/01/2020 11h55

Resumo da notícia

  • NTSB é o órgão que investiga causas da tragédia aérea de ontem (26)
  • Normalmente, em casos assim, relatório preliminar é emitido em 10 dias
  • Era dia de "denso nevoeiro" e "pouca visibilidade" para voos na região
  • Piloto perdeu contato com controle de tráfego durante uma manobra
  • Além do clima, fatores humanos também serão investigados no caso
  • Kobe Bryant, 41, a filha Gianna, 13, e outras 7 pessoas foram vítimas

Enquanto o mundo do esporte se mobiliza para prestar condolências e homenagear Kobe Bryant, ídolo do basquete que morreu ontem (26), em acidente aéreo nos Estados Unidos, o Conselho Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) do país já iniciou a investigação para descobrir as causas da tragédia que ainda fez outras oito vítimas - uma delas Gianna Bryant, filha de 13 anos do ex-jogador.

- Saiba quem são as outras vítimas.

Uma equipe de investigadores já trabalha no caso. Normalmente, em situações semelhantes, um relatório preliminar é emitido dentro de dez dias após o acidente, uma espécie de resumo das informações coletadas. Segundo disse à imprensa americana Jennifer Homendy, do conselho do NTSB, há análise de histórico do piloto e da manutenção do helicóptero, além de registros do proprietário (o próprio Kobe) e do piloto (Ara Zobayan).

Uma conclusão definitiva sobre as razões de um acidente desta magnitude pode levar até um ano. Até o momento há apenas possibilidades.

"Denso nevoeiro" e "pouca visibilidade"

O helicóptero modelo Sikorsky S-76B fabricado em 1991, com capacidade para 16 passageiros, transportava nove pessoas entre as cidades de Orange e Newbury Park, no estado da Califórnia. Kobe Bryant iria acompanhar um jogo da filha Gianna, que sonhava em ser jogadora profissional de basquete. O voo partiu às 9h06 locais (14h06 no horário de Brasília) e a primeira chamada que relatou um acidente foi recebida às 9h47.

Helicóptero Kobe - Divulgação - Divulgação
Helicóptero Sikorsky S-76B transportava nove pessoas
Imagem: Divulgação

Em Calabasas, cidade da região metropolitana de Los Angeles, numa região montanhosa perto da rodovia Las Virgenes e da rua Willow Glen, o helicóptero colidiu com uma colina enquanto fazia uma curva à esquerda de cerca de 1.400 pés de altura (426,7 m) e explodiu em chamas formando um amplo campo de destroços. A Polícia precisou de uma hora para extinguir o incêndio resultante do acidente, que tinha cerca de 1.000 m² de extensão.

O clima é parte essencial da investigação. Ontem, a Polícia de Los Angeles disse que sua divisão de apoio aéreo não realizou voos por causa das condições climáticas. Josh Rubenstein, porta-voz do departamento policial, disse que o padrão mínimo da corporação não era atendido naquele dia, de 3 km de visibilidade e um teto de nuvens de 200 m. Era um dia de "denso nevoeiro" e "pouca visibilidade".

Mesmo com condições climáticas adversas existem regras de tráfego nos Estados Unidos que permitem voos em época de cerração a partir da obtenção de certa altura acima do obstáculo mais alto. Não são raros os voos que recebem esta autorização, que são as Regras Visuais Especiais de Voo (SVFR, na sigla em inglês).

Último contato informou subida

Áudios e dados de radar do helicóptero que transportava Kobe Bryant se tornaram públicos por meio do site "LiveATC.net", que acompanha o tráfego aéreo em tempo real. A plataforma, porém, possui apenas o áudio parcial da comunicação, que é revelador.

Momentos antes do acidente, um controlador de tráfego disse ao piloto que ele estava "em um nível baixo demais para seguir". Nesse caso, o nível baixo corresponde ao mínimo que pode pode ser captado pelo radar e pelas ondas de rádio diante de um terreno montanhoso. No contato, o piloto diz que tinha começado uma subida para ultrapassar uma camada de nuvens e assim obedecer ao SVFR. Na sequência, a baixa altura do voo impediu a propagação das ondas de rádio e houve perda de contato.

O contato com o helicóptero é transferido então ao Controle de Aproximação por Radar do Sul da Califórnia (SoCal TRACON ou SCT, na sigla em inglês), que pede informações: "Helicóptero, diga suas intenções". Não houve respostas.

Região do acidente - Jayne Kamin-Oncea/USA TODAY Sports - Jayne Kamin-Oncea/USA TODAY Sports
Região do acidente aéreo que matou Kobe Bryant e mais oito pessoas na Califórnia
Imagem: Jayne Kamin-Oncea/USA TODAY Sports

Fator humano investigado

O caso deve ser classificado inicialmente como Colisão com o Solo em Voo Controlado (CFIT, na sigla em inglês e português). Segundo a brasileira Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), é a definição do "acidente aeronáutico que ocorre quando uma aeronave, mesmo tendo seus equipamentos e sistemas funcionando bem e estando sob o controle de um piloto, colide com o solo, água ou obstáculo."

A entidade completa: "O principal fator contribuinte na colisão com o solo em voo controlado está associado a problemas relativos ao fator humano, podendo ser desde uma incorreta programação ou leitura dos sistemas, passando por um desconhecimento do terreno e seu relevo, até uma completa desorientação espacial."

O helicóptero em que estavam Kobe e Gianna Bryant, além de John, Keri e Alyssa Altobelli, Sarah e Payton Chester, Christina Mauser e o piloto Ara Zobayan já pertenceu ao estado de Illinois e era usado no transporte de autoridades antes de ser adquirido pelo astro do basquete por meio da empresa Island Express Holding Corp.

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